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Entrevista: Presidente da Fertilizantes Tocantins, José Eduardo Motta, fala do projeto de expansão dos negócios após a aquisição da empresa pela EuroChem

O presidente da Fertilizantes Tocantins, José Eduardo Motta, em entrevista para o GlobalFert, falou sobre a influência que a entrada da EuroChem trará para a empresa na oferta de produtos, expansão dos negócios para o restante do país e novos investimentos.

José Eduardo atua no setor de fertilizantes há 30 anos. Fundou a Fertilizantes Tocantins em 2003. CEO e sócio da empresa, mesmo após a venda do controle (50% + 1 ação) da companhia, continua à frente das operações e estratégias de crescimento pelos próximos anos.

1. No início do mês, foi anunciada a aquisição do controle da Fertilizantes Tocantins para a russa EuroChem. Quais devem ser os resultados desta aquisição para os negócios da empresa? E para o mercado brasileiro?

Ainda estamos aguardando o aval do CADE nas próximas semanas, para que possamos concluir esta operação. No entanto, ao concluirmos, com certeza trará para a empresa novas oportunidades de crescimento e expansão para outras regiões do Brasil. 

Para o mercado brasileiro a entrada de mais um grande player global, que ainda estava fora de nosso mercado, certamente trará mais competitividade e opções ao agricultor.

A EuroChem é uma empresa integrada na produção de N e P2O5 e em 2018/19 entrará em operação na Rússia um dos maiores projetos de produção de (MOP) Cloreto de Potássio do mundo na atualidade, isto com certeza trará mais opções ao mercado na oferta deste produto.

2. A Fertilizantes Tocantins recentemente fechou um contrato de “barter” com a Algar Agro como opção de financiamento da safra devido às dificuldades de crédito e o cenário político do Brasil. Como a empresa avalia o mercado atualmente? Quais as perspectivas em longo prazo?

A agricultura brasileira é hoje um dos setores que ainda gera divisas ao Brasil e se mantem à margem de toda recessão por que passa o país nos últimos anos. As entregas de fertilizantes em 2016 mostram isto. Com o acumulado até junho superando um crescimento de dois dígitos se comparado com 2015, no longo prazo a grande demanda e o crescimento nas áreas de fronteira onde nossa presença é forte devem se consolidar. 

Também temos um consumo crescente por alimentos em países como China e Índia, o que certamente dará suporte para que o agronegócio brasileiro se consolide em pouco tempo como líder global. No longo prazo, o Brasil assumirá um papel de destaque no abastecimento mundial de alimentos e grãos, e todo este cenário precisa ser suportado por fertilizantes de alta qualidade para que possamos melhorar nossa produtividade, dado que precisamos explorar com mais eficiências nossas áreas de cultivo. A parceria com a Algar reforça nosso compromisso de viabilizar ferramentas para que o agricultor possa ter seus fertilizantes para produzir. Nossa relação com Algar é antiga e com a atual diretoria conseguimos viabilizar esta proposta de financiar via “barter” os produtores da região do MAPITO.

3. Além dos fertilizantes NPK,  a Fertilizantes Tocantins também trabalha com fertilizantes especiais. Quais são os diferenciais desses produtos? Qual é a influência do mercado de fertilizantes N, P e K nos fertilizantes especiais? 

Com a entrada da EuroChem iremos fortalecer e aumentar a oferta de fertilizantes da “Linha Forte” (que é nossa marca de produtos especiais) e fertilizantes especiais de alta qualidade. 

Uma das novidades que traremos fruto desta parceria, serão os fertilizantes de alta qualidade produzidos pela EuroChem em suas fábricas na Europa e que ainda não eram distribuídos em larga escala no mercado Brasileiro.

Isto será um grande ganho para o agricultor brasileiro, pois teremos produtos diferenciados que contribuíram para melhoria na produtividade e no aumento da produção de uma maneira sustentável.

4. A Fertilizantes Tocantins tem forte presença no Norte, Nordeste e Centro Oeste do país. Há planos de expandir os negócios para mais estados e regiões?

Sem dúvida para todo Brasil. Já tínhamos um plano de expansão em curso, no entanto precisávamos de um parceiro forte para nos dar o suporte necessário à implementação do projeto.  Era necessário não apenas de reforço de capital, mais também de suporte no fornecimento, dado que o Brasil passa por um processo de consolidação com grandes players globais e integrados, se fortalecendo na distribuição de fertilizantes. Todo esse cenário foi determinante na decisão de vender o controle e assim viabilizar todo projeto de expansão da Fertilizantes Tocantins nos próximos anos.

5. Em 2015, a Fertilizantes Tocantins anunciou investimentos para a construção de sua fábrica em Barcarena. O que a nova fábrica impactou na produção da empresa?

Iniciamos a operação de Barcarena-PA em setembro do ano passado quando praticamente o mercado já estava quase todo abastecido, portanto em 2015 a contribuição desta nova unidade foi pequena. Para 2016 estamos a todo vapor com esta nova unidade que é sem dúvida, uma das maiores e mais modernas fábricas de fertilizantes do Brasil. 

Atendemos uma região que até então era carente e vem em franca expansão na produção de soja, aproveitando as pastagens hoje degradadas, sem a necessidade de qualquer desmatamento de nossas florestas.

Estamos satisfeitos com a entrada em operação desta unidade, e agora com a chegada da EuroChem poderemos também fortalecer nossa atuação, atendendo a todos estados da região norte partindo do porto de Vila do Conde, em Barcarena.

Sobre a Fertilizantes Tocantins

A Fertilizantes Tocantins tem hoje quatro unidades. Matriz em Porto Nacional (TO) e filiais em Querência (MT), São Luís (MA) e Barcarena (PA). Além de um escritório comercial no Luís Eduardo Magalhães na Bahia. Conta com uma capacidade de produção de dois milhões de toneladas, em 2015 produziu 740 mil toneladas. Atua em toda região Norte, Nordeste e Centro-Oeste e dispõem da maior capacidade de mistura e distribuição destas regiões. 

 

Equipe GlobalFert, 15/07/2016

 

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