Novas Tecnologias

Seminário de Mecanização e Produção de Cana apresentou rumos para uma boa relação da lavoura com a máquina

O maior evento do mundo sobre mecanização canavieira. Assim é considerado o Seminário de Mecanização e Produção de Cana, realizado pelo Grupo IDEA já há 21 anos. 

O tema mecanização canavieira é de grande interesse dos profissionais do setor, não é para menos, a operação de Corte, Transbordo e Transporte (CTT), representa 35% do custo de produção de uma tonelada de cana, segundo informação passada por Dib Nunes Jr, presidente do Grupo IDEA, na abertura do 21º Seminário de Mecanização e Produção de Cana-de-Açúcar, realizado nos dias 27 e 28 de março em Ribeirão Preto, SP.

A mecanização na lavoura canavieira ainda é recente, está evoluindo para propiciar resultados com qualidade, mas talvez não na velocidade que muitos desejam, principalmente na área de plantio, tanto que há unidades sucroenergéticas e produtores que estão retornando ao plantio manual. Um retrocesso na visão de muitos, para outros, uma necessidade, até se encontrar alternativas mais viáveis.

Apresentar soluções e casos de sucesso para a melhoria da mecanização canavieira é o objetivo do Seminário e foi o que encontrou os mais de 600 participantes desta 21ª edição, que contou com 22 palestras com grandes especialistas na área. 

Se os dados sobre perdas visíveis e invisíveis registrados pela mecanização dos canaviais preocupam, o 21º Seminário de Mecanização e Produção de Cana-de-Açúcar mostrou que é possível fazer melhor. Trouxe exemplos como o da Agrícola Rio Claro, de Lençóis Paulista, SP, que plantando com máquina, utiliza 10,6 toneladas de cana-muda por hectare, bem diferente da média do setor que é de 20 toneladas. Para isso, une adaptações em equipamentos, agricultura de precisão, treinamento e conscientização da equipe.

Foco nas pessoas também é parte importante da gestão de manutenção realizada pela Raízen, maior grupo sucroenergético do mundo, que tem como objetivo que a máquina pare, apenas quando eles querem que parem, ou seja, na hora da manutenção programada. A proposta é reduzir ao máximo, ou até eliminar as manutenções corretivas e ter somente a preditiva. Até o momento, a gestão já reduziu 5% o custo com colhedoras. 

Mais um ponto positivo apresentado no 21º Seminário de Mecanização e Produção de Cana foi o desenvolvimento de tecnologias para o aperfeiçoamento da mecanização canavieira, como novas concepções de pneus para reduzir a compactação do solo, pulverizadores com alto desempenho, a aplicabilidade da agricultura de precisão em todos o processo canavieiro, softwares otimizando a gestão da colheita, novos equipamentos para melhorar o plantio e cultivo.

O 21º Seminário de Mecanização e Produção também trouxe exemplo de quem faz diferente, como os norte-americanos que colhem e plantam cana inteira, em canteiros e não em sulcos, e com espaçamento de 1,73/1,83 metros. O processo não provoca danos nas gemas e resulta na brotação de 26 a 35 canas por metro linear.

Novas oportunidade de ganho para o setor também foram destaque no 21º Seminário de Mecanização e Produção de Cana, que retomou o tema sobre a utilização do palhiço da cana – formado por folhas secas, pontas, pedaços de ponteiros, de colmos e touceiras. Com alto poder energético, o palhiço também é matéria-prima e bem utilizado pode aumentar a rentabilidade do setor.

O mesmo acontece com a produção de grãos em rotação com a cana. No 21º Seminário de Mecanização e Produção de Cana foi possível conhecer exemplos práticos de quem já tem resultados positivos com essa prática, não só agronômicos, mas também econômicos. No entanto, para isso, é necessário ver como um negócio, realizando estudo de probabilidade, adotando as melhores práticas, o cultivo adequado, o uso de agricultura de precisão, com foco na plantabilidade e na alta produtividade. As soluções para isso, também foram apresentadas no 21º Seminário.

Durante o Seminário houve a premiação das unidades Campeãs de Produtividade na safra 2018/19, um prêmio realizado pelo Grupo IDEA e pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), que tem como fórmula a quantidade de tonelada de cana por hectare (TCH), a quantidade de açúcar por tonelada de cana (TAH) e a longevidade do canavial. A avaliação é por regiões do Centro-Sul do Brasil e do estado de São Paulo, chegando aos campeões regionais e ao campeão geral, que na safra 2018/19 foi a Bevap, de João Pinheiro, Minas Gerais, que alcançou o índice IDEA de 238 pontos, com TCH de 95,9 t/ha, ATR de 136 kg/t, TAH de 13 t/ha, idade média do canavial de 4,6 cortes.

Discutir os problemas, mas principalmente apresentar soluções é o que move o Seminário de Mecanização e Produção de Cana realizado pelo Grupo IDEA. Que venha 2020.

ideaonline 03/04/2019

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