Culturas

Mesmo com venda recorde de fertilizantes, falta de chuva em 2017 afetou produção de café

Segundo o site Canal Rural, desde o começo do ano, os níveis baixos de chuva nas regiões cafeeiras deram indícios de que a safra não sairia como o esperado. O clima não colaborou principalmente com o conilon. O Espírito Santo, principal estado produtor do grão, vem há anos sofrendo prejuízos na produção.

O presidente do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Nelson Carvalhaes, o conilon é consumido em 40% do mundo. “Quando acontece um problema como esse [referindo-se aos entraves na produção], o reflexo vem nos preços internacionais e internos. Agora, o Brasil é um grande consumidor, é o segundo no mundo e utiliza também nos seus blends”, diz.

Buscando alternativas, as indústrias pediram permissão do governo para importar conilon. No entanto, o deputado federal Carlos Melles (DEM-MG), que preside a Frente Parlamentar Mista do Café (FPMC), alerta quem fizer isso corre o risco do café não entrar no Brasil. “Fica barrado no porto, legalmente, até apresentar todos os laudos de sanidade. Você pode estar importando uma doença e um café de qualidade muito inferior ao que nós temos aqui. Isso é um dumping”, afirma. Ele completa oferecendo outra solução: “é só colocar mais café arábica no blend, que é muito superior, e temos um problema resolvido. Criou-se um problema sem precisar, é o tal do pelo em ovo”, diz.

O pedido da indústria foi atendido em Maio, quando o governo autorizou a importação do café verde e do solúvel produzidos no Vietnã, até o início da colheita no Brasil. Ficou definido que as empresas de café solúvel não deveriam importar volumes superiores a 500 mil sacas, o que representa menos de 5% da produção brasileira. 

A medida não atrapalhou os produtores de arábica, que correspondeu a 90% do total do estoque privado de café da safra anterior. De acordo com o técnico em cafeicultura da fazenda Tozan, José Donizete da Silva, a falta de conilon ajudou nas cotações da variedade, “principalmente no preço dos cafés baixos. Conseguimos ter um valorzinho um pouco melhor, deu pra equilibrar as contas”, conta. 

Mesmo para o produtor de arábica, as vendas de café da safra 2017/2018 seguiram em atraso durante o ano. De acordo com a consultoria Safras & Mercado, em outubro, a comercialização do grão chegou a 53%. No mesmo período do ano passado, os negócios estavam em 56%.

O presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Paulino, ameniza e explica que essa movimentação é normal no setor, já que o café tem bienalidade. “O ano que vem terá uma safra maior que 2017. Nós tivemos uns problemas climáticos em que os grãos foram muito pequenos e com isso a produção foi inferior aquilo que se esperava”. 

Tamanho e qualidade do grão foram os desafios da produção neste ano. César Gomes, gerente de classificação da Cooxupé, diz que “a cada dez amostragens, seis estão com índice abaixo de 30% da peneira, que é o tradicional”.

Gomes afirma que em anos anteriores, quando acontecia uma safra menor, o tamanho dos grãos ajudavam a equilibrar. Este ano, isso não ocorreu e o volume de exportações de 2017 caiu 10% em relação a 2016. 

Segundo o gerente de divisão comercial da Cooxupé, Mário Panhotta, os embarques foram influenciados pelo volume colhido esse ano e pela volatilidade do dólar. “Porém, contra uma cotação da Bolsa de Nova York caindo, dificultou o processo, as margens para os comerciantes no ato de exportação, então o mercado no geral foi bastante mais retraído do que no ano passado”. 

Com a produção menor, o cafeicultor nunca investiu tanto para tentar virar o jogo. Além de tecnologia, a venda de fertilizantes bateu recorde. Entre os associados da maior cooperativa de cafeicultores do país foram 300 mil toneladas de fertilizantes comprados só neste ano.

 

Canal Rural, 28/12/2017

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