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Diretor Presidente da Kalium, Ricardo Dequech, fala sobre a implantação do Projeto Glauconita no Brasil

MinaEm entrevista ao GlobalFert, Ricardo Dequech, Diretor Presidente da Kalium Mineração S/A falou sobre a implantação do Projeto Glauconita no Brasil que através de um processo inovador vai produzir sais de potássio e magnésio, óxido de ferro e óxido de alumínio.

Ricardo Dequech, Engenheiro de Minas formado pela Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (MG), sempre atuou no setor de mineração em empresas como a MBR – Mineração Brasileira Reunidas S/A, Itabirito da Itaminas Comércio de Minérios S/A, assim como,  Samarco Mineração S/A,  Cia. Vale do Rio Doce, Grupo Paranapanema S.A., Mineração Buritirama S/A e está na Kalium desde 2010.

 1.            A Kalium Mineração foi fundada em março de 2010 com a finalidade de aproveitar rochas potássicas (Glauconita) através de um processo inovador para a produção de sais de potássio e magnésio, óxido de ferro e óxido de alumínio. Como se desenvolveu esse processo? Quanto tempo e capital foram investidos? Como está sendo feita a passagem da escala piloto para escala industrial na produção?

 O processo de desenvolvimento se deu pelas seguintes fases: avaliação da reserva mineral, caracterização do minério, avaliação de rotas de processo, ensaios de Laboratórios, avaliação dos resultados, ensaios específicos e confirmação, planta piloto, de dados e parâmetros técnicos.

A planta piloto, localizada no município de São Tiago – MG foi construída para comprovação da tecnologia desenvolvida e a geração de quantidades maiores de soluções e produtos. Os materiais e os dados produzidos na planta piloto foram utilizados na determinação dos parâmetros técnicos dos processos de cristalização e decomposição térmica, através de acordos específicos com USP / UFMG / PUC-RJ. Ensaios em escala de laboratório e piloto realizados na Alemanha comprovaram a viabilidade do processo de ataque ácido / lixiviação aquosa para a produção dos sulfatos e óxidos a partir da Glauconita.

Com todos os dados obtidos nestas fases, deu-se início ao dimensionamento de sistemas e equipamentos para a planta industrial, com a contratação de pacotes de engenharia, com os próprios fabricantes, responsáveis pela construção / montagem / partida das diversas unidades que compõem a planta industrial.

A unidade industrial de Dores do Indaiá – MG, ora em construção, terá uma capacidade de alimentação de 60.000 tpa de Glauconita e produzirá Alumina (6.990 tpa), Sulfato de Potássio (7.580 tpa), Sulfato de Magnésio Hepta (9.900 tpa), Óxido de Ferro (3.825 tpa), Feldspato Potássico (31.800 tpa) e Ácido Sulfúrico (50.000 tpa).

Todo o processo de desenvolvimento, testes e ensaios em escalas de laboratório e piloto, engenharia, licenciamentos ambientais, construção e montagem de equipamentos e sistemas, levou cerca de seis anos para ser efetivado e demandou um investimento da ordem de R$ 55 milhões.

A planta industrial deverá entrar em operação até o final do ano de 2018.

Cabe notar que as reservas minerais da Kalium (cerca de 220 milhões de toneladas) permitem a implantação de projetos bem maiores que o atual, dependendo da conjuntura do mercado.

 2.            A principal demanda de Sulfato de Potássio está localizada no Sul do país para a produção de Tabaco e Uva e no Nordeste para a produção de frutas. Como a Kalium vai enfrentar os custos logísticos para o transporte do produto entre Dores do Indaia – MG e as regiões de demanda?

 Considerando que a maior parte do Sulfato de Potássio consumido no país é importada, a localização da produção em Dores do Indaiá – MG não deverá acarretar custos que reduzam a sua competitividade no mercado nacional. A localização da unidade industrial (bem central) facilitará toda a logística de recebimento de insumos e expedição de produtos, atendendo aos mercados de todas as regiões do Brasil.

 3.            O Sulfato de Magnésio, importante micronutriente, é comumente produzido a partir da reação do Ácido Sulfúrico com o mineral concentrado de magnésio. Qual é a visão da Kalium sobre o mercado deste micronutriente?

 A vantagem do Sulfato de Magnésio sobre outros aditivos de magnésio para o solo é sua alta solubilidade. É usado nas soluções destinadas ao cultivo por hidroponia muito difundida hoje em dia. Além disso, a demanda por Fertilizantes a base de Mg deverá continuar em crescimento pelos próximos anos. Existe hoje, entre os grandes agricultores, uma tendência de aplicação conjunta dos Sulfatos de Potássio e Magnésio.

 4.            Qual a logística de abastecimento de longo prazo para a produção do Ácido Sulfúrico que a Kalium prevê em relação ao Enxofre? A Kalium pretende vender no mercado excedentes de Ácido Sulfúrico?

 A produção de ácido sulfúrico na unidade da Kalium será feita através do reaproveitamento dos gases gerados (SO2 / SO3) na etapa de decomposição térmica dos sulfatos de Alumínio e Ferro. A necessidade total de Ácido será complementada com a queima de Enxofre que poderá ser adquirido no mercado nacional (Petrobras) ou importado em pequenas quantidades (a planta é pequena). Excedentes de produção de ácido, quando existirem, serão comercializados preferencialmente na região próxima à unidade.

 5.            Qual é a visão da Kalium para o mercado de Sulfato de Potássio no próximo ano?

 O potássio é um dos fertilizantes vitais para a agricultura. O Brasil importa 92% do que consome. O mercado brasileiro de potássio é estimado em US$ 4 bilhões ao ano, mas produz menos de 8% da demanda interna. O Brasil é o segundo maior importador mundial de potássio, atrás apenas da China. O consumo anual de sais de Potássio no Brasil encontra-se na faixa de 6 milhões de toneladas com previsão de crescimento para 9 milhões de toneladas. Algumas culturas como o abacaxi, o fumo e a batata não podem utilizar o cloreto devido à contaminação por cloro, sendo totalmente dependentes do uso do sulfato de potássio. Além disso, a demanda por potássio continuará a crescer impulsionada pela melhoria das dietas nos países em desenvolvimento e pelo aumento da produtividade.

Sobre a Kalium

A KM – Kalium Mineração SA é uma empresa, 100% nacional, de mineração e processamento químico, fundada em março de 2010, cuja principal e única atividade será o aproveitamento de suas grandes reservas minerais de rocha potássica (verdetes/glauconita) para a produção de sais de potássio, alumínio, magnésio e ferro.

A tecnologia inovadora desenvolvida por seus técnicos, mais o mercado de fertilizantes brasileiro, constituem os principais pilares de sustentação do empreendimento.

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