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Entrevista GlobalFert – Roberto Rodrigues fala sobre finanças dentro do Agronegócio

Roberto Rodrigues fala sobre finanças dentro do Agronegócio, os impactos da pandemia no mercado brasileiro, vantagens do Brasil frente a outros países produtores e a participação da pesquisa dentro no Agro.

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Roberto: Eu que agradeço, muito obrigado pelo convite, fico muito honrado.

Globalfert: Nós vimos em diversos outros setores uma diminuição na atividade econômica devido à pandemia, com essa queda, qual setor você acha que foi mais impactado e quais medidas deveriam ter sido tomadas para amenizar esses impactos?

Roberto: Eu acredito que o setor mais impactado foi o comércio, principalmente o varejo, que depende de ter lojas físicas, esse realmente tem sido penalizado mais fortemente, mas o contrário disso se tratando do comércio e do varejo, a gente percebe uma grande ascensão do e-commerce, compras virtuais, empresas que estão relacionadas a este tipo de atividade comercial, acabou que estão crescendo bastante, os apoios, empresas de comunicação, marketing digital e tudo isso tem contribuído para amenizar os impactos da pandemia no setor do comércio de modo geral.

Eu acho que esse foi o setor mais foi penalizado, porém, há setores como o de alimentação e alguns outros de serviços, que estão amplamente mais procurados do que antes, então realmente há um impacto, isso é indiscutível, a conta já está chegando e vai continuar chegando, mas realmente o setor do país que mais sentiu foi o comércio, as demais eu acredito que já está “dando um jeito” contornando a situação apesar das grandes dificuldades, acredito também que quem trabalha no segmento informal e depende amplamente da circulação de pessoas, estão sendo bastante penalizados.

Globalfert: Quais as principais vantagens do Brasil frente a outros grandes produtores de alimentos?

Roberto: Segundo a FAO que é um órgão totalmente voltado para as questões de acompanhamento de alimentação no planeta, que cuida para que haja essa saúde alimentar. Tem dado revelações importantes de que desde o início da pandemia em que o Brasil é o principal ator de produção de alimentos, não só pelo que já é, mas sobre tudo o que ele é capaz de ser, quando você verifica os demais países que produzem alimentos como grãos, carnes em outras localidades do planeta, se verifica que eles possuem uma certa limitação, boa parte deles já praticamente esgotaram suas áreas possíveis de ser explorar a produção, chamadas áreas produtivas, enquanto que o Brasil ocupa certa 8 a 9% das áreas produtivas do país e com isso já o maior destaque mundial na produção de grãos e proteínas animais e de outros diversos artefatos ligados à questão alimentar.

Agora, o Brasil ainda tem mais um grande espaço para avançar nesse sentido, das áreas que são possíveis de produzir no Brasil, nos temos mais de 40% ainda para eventualmente abrir como áreas para produzir mais alimentos, mais grãos enfim. Entretanto, um dado interessante de comentar são as tecnologias que são empregadas no campo, empregadas na produção.

A agropecuária brasileira, tem tornado o agronegócio cada vez mais produtivo, com a eficiência cada vez maior, sem a necessidade de abertura de novas áreas e o que é mais importante, preservando, por mais que se diga infelizmente ao contrário, dito por outros países e tal, essa comunicação é indevida, é equivocada, o produtor rural é de fato o maior preservador das questões naturais e ambientais, então assim, o Brasil é o maior produtor de alimentos em diversas formas de alimentos que são necessárias ao consumo humano e animal e ainda tem uma grande possibilidade para avançar tendo em vista que exploramos muito pouco nossas áreas produtivas.

Globalfert: Qual você acredita ser a maior prioridade para os produtores nesse momento?

Roberto: Acho que a prioridade do produtor hoje é produzir mais e melhor, com qualidade, no menor espaço de tempo. O Brasil tem esse destaque favorável que consegue produzir duas e em alguns lugares até três safras anuais, coisa que não é possível em outros países porque o Brasil é um país tropical, de clima tropical, então a maior prioridade dos produtores é produzir mais e melhor em um espaço menor de tempo e utilizando o mesmo espaço para o plantio, sem abrir novas áreas e tudo isso sem menosprezar a questão ambiental, sustentabilidade, qualidade do alimento, as questões sociais, o não trabalho escravo, então o desafio é grande.

Mas esse desafio o Brasil tem dado conta, então essa é a maior prioridade dos produtores no Brasil, agora, uma das coisas que também desafiam muito e precisaria ser amplamente discutido e melhor averiguado, é o fato de que os produtores rurais convivem com um problema relacionado as questões financeiras, como se não bastassem os problemas dentro do setor do agronegócio, como os riscos endêmicos, riscos endógenos, com o problema de clima e pragas, tudo são coisas que acometem o setor e é uma prioridade que os produtores precisam ter, sempre trabalhar se antevendo aos problemas de eventuais riscos e isso só se faz através do uso de tecnologias e do apoio de diversos outros tipos de empresas e estudos que são desenvolvidos no país e, muito bem desenvolvidos, diga-se de passagem.

Agora há um problema que consequentemente tem dados sinais nos últimos anos que é o endividamento dos produtores rurais, o endividamento tem aumentado bastante, isso porque existe um problema de gestão de dentro das propriedades rurais que precisam ser trabalhados, mas, por outro lado existe o fato de que boa parte das transações realizadas no agronegócios, relacionadas à venda de insumos, tudo que o produtor precisa para produzir bem, ele precisa adquirir de fornecedores e boa parte desses insumos são vinculados ao dólar, ao câmbio, essa alta do dólar fez com que o endividamento dos produtores rurais se elevassem bastante. Também os recursos que os produtores rurais acabam tendo que tomar, o acesso ao crédito que eles precisam ter para fomentar as atividades, geralmente vem de instituições financeiras como banco e cooperativas de crédito, ou às vezes a própria indústria financia essa operação, também, boa parte dessas operações, são vinculadas ao dólar e isso na minha opinião, tem sido um problema porque o endividamento tem aumentado bastante e os produtores rurais têm tido dificuldade em lidar com essa situação, em gerenciar tudo isso, de fato essa seria, na minha opinião, entre todas as prioridades, a maior.

Nós temos tecnologias no campo, muita tecnologia, tecnologia das indústrias, tecnologias nas agroindústrias que produzem os insumos e fornecem aos produtores, também diversos outros grupos empresariais que estão sempre apoiando as atividades comerciais do agronegócio, então a gente percebe que há sim o desenvolvimento de novos produtos, de ponta, e o Brasil é líder nisso, através de trabalhos de pesquisas bem feitas por órgãos privados e públicos como o caso da Embrapa e das universidades, então temos muita tecnologia.

Tem todo um aparato apoiando as atividades no agronegócio, sobretudo os produtores rurais, isso é fato, isso é muito positivo, mas quando você olha para a questão financeira tanto pelo lado da gestão do produtor rural que precisa melhorar, como pelo fato do que ele fica exposto, ao tipo de transação com as indústrias, bancos, traders e o mercado, na minha opinião e tenho visto isso de forma prática, infelizmente o mercado tem dado sinais de preocupação, é preciso melhorar essa gestão financeira e o método pelo qual as operações são proferidas para o agronegócio, tanto para transações financeiras tanto para as operações de compras, eles têm espaço para melhorar, isso é fato e essa seria uma prioridade a ser verificada dentro do setor.

Globalfert: Falando agora sobre a gestão de propriedades rurais e empresas do setor, qual você avalia ser o maior desafio desses atores e como os estudos, pesquisas acadêmicas e profissionais poderiam colaborar com a melhoria das práticas organizacionais?

 

Roberto: Eu faço até um benchmark, um paralelo com a questão da Embrapa. No início, cerca de 15 a 20 anos, a Embrapa se tornou um grande ator no desenvolvimento de pesquisas agronômicas, hoje, temos uma semente de maior qualidade de diferentes culturas que oferecem diferentes resistências a pragas, climas, maior adaptabilidade, com maior potencial de produção e isso se deve às pesquisas que foram realizadas pelos órgãos, pelas universidades, pelos estudantes, envolvendo sempre o produtor rural, envolvendo as indústrias; houve um pacto lá atrás, tanto com os organismos de pesquisas, com os produtores rurais e com as empresas que estão envoltas no setor do agronegócio, tanto as indústrias como as empresas de distribuição. Todos estão envolvidos e permitiram que o Brasil saltasse rumo a produtos de qualidade, com maior produtividade, com o menor tempo, com ampla resistência a pragas, e ficou provado que a pesquisa tem contribuído e ajudou muito nesse aspecto.

 

A gestão dentro das propriedades rurais ainda é precária e, não somente dentro da propriedade, mas também se observa em revendas um problema latente em relação a gestão. Parte delas tem dificuldade em lidar com finanças, controladoria, gestão, controle, precificação, e isso em um dado momento pode ser um grande diferencial entre permanecer no mercado ou não. Então a gestão nas propriedades é sim um desafio para o setor, mas o problema dentro das indústrias e revendas não é diferente. Mas dentro das propriedades, uma das formas de contribuir para que seja melhorado, é, sem dúvida, os gestores dessas propriedades procurarem o apoio através de estudos e pesquisas acadêmicos e profissionais. Boa parte das universidades no Brasil, que tem um trabalho com foco no agronegócio já estão desenvolvendo belíssimos trabalhos de pesquisas relacionados à gestão financeira, à controladoria, à questão comportamental, à complience, à governança. Existem diversos estudos desenvolvidos por pesquisadores focados nas boas práticas organizacionais, sobretudo para o setor do agronegócio, então, eu penso sim que um dos meios seria as universidades entrarem no meio das propriedades rurais e produtores entrarem na universidade através de parcerias. Para mim, esse é o segredo para que possamos avançar no ramo.

Globalfert: Com certeza, nada como o conhecimento, e agora para finalizar conta para gente de que maneira a RR Consulting pode ajudar esses produtores?

Roberto: A RR Life Consulting é uma empresa pequena que possui uma capilaridade interessante, atua em todos os segmentos do agronegócio, com a inclinação focada na gestão financeira, controladoria através da customização de operações financeiras junto aos fundos de investimentos de primeira linha, bancos de investimentos e alguns Family offices, então qual poderia ser a contribuição ou auxílio da RR Life para os produtores principalmente, mas também para as empresas? Exatamente aproximando esses produtores ou essas empresas de oportunidades, entrada de recursos financeiros para fomentar as atividades, para compra de máquinas, custeios, investimentos em capitais de giro, investimentos em infraestrutura para melhorar a gestão do passivo financeiro, então a RR Life tem hoje dentro do seu arcabouço de soluções uma grande vantagem, de maneira transparente e rápida, aproximar recursos financeiros de melhor qualidade de maneira customizada, trazendo para o produtor e empresas, recursos mais baratos através de fundos de investimentos de primeira linha, bancos de investimentos, Family offices e algumas plataformas financeiras ligadas aos bancos, mas dedicadas ao agronegócio, então através dessa aproximação a RR Life tem conseguindo desenvolver mais de R$ 5 bilhões em operações customizadas para o setor, foram mais de 3 milhões de hectares beneficiados para diversos produtores rurais com a aproximação de recursos viabilizados pela RR Life. Por se tratar uma empresa pequena, mas que possui uma capilaridade em todo território nacional, eu diria que o número de 6 bilhões de ativos já administrados, é um número considerável e neste momento a RR Life está finalizando uma parceria com dois fundos e investimentos e um banco de investimentos onde vão ser desenvolvidas duas operações, uma de 350 milhões e outra de 450 milhões com o foco exclusivo ao produtor rural, revendas e industrial de menor porte, então é uma operação que permite democratizar o acesso ao crédito, mas um acesso ao crédito de qualidade, que seria mais difícil em meios convencionais, pois geralmente fundos de investimentos ou Family offices só atuam junto do setor com operações muito elevadas, de 30, 40, 50 milhões de reais e o nosso trabalho da RR Life tem permitido a gente acessar esses mesmos organismos com qualidade, mas com operações menores, 2, 3, 4 milhões, até mais ou até menos ou até mais, de certo modo o trabalho da RR Life nesse momento é democratizar o crédito e cumprir com uma função social, pois ele permite o acesso de maneira profissional mais rápida por produtores, revendas e industrias a acessarem recursos com qualidade através de fundos e bancos de investimentos, então essa seria a maior contribuição da RR Life para o agronegócio, e por fim o trabalho da RR Life também provem ajudar a melhorar a qualidade do endividamento desses produtores e dessas empresas, se o produtor tem um endividamento inadequado, muito a curto prazo, com taxas de juros muito elevados a RR Life constrói uma solução de maneira administrativa para que eles possam melhorar a qualidade da gestão desse passivo e até mesmo levantar recursos através de fundos de investimentos de primeira linha e liquidando o endividamento que se apresenta em má qualidade, possibilitando a renovação em prazos maiores, em prazos melhores, com juros menores e melhores, essa é a nossa contribuição para o Agronegócio.

Globalfert: Você teria alguma mensagem para deixar?

Roberto: Tenho sim, acho que como mensagem a gente precisa se organizar, fazer com que os produtores rurais e empresas se organizem e se preparem porque as oportunidades existem e são inúmeras essas possibilidades, eu faço questão de comentar que esses atores se profissionalizem, que eles invistam na melhoria da gestão, da profissionalização e qualificação pois quem está mais preparado com certeza vai alcançar maiores e melhores fontes de recursos e olhar pra dentro e criticar seus resultados, de maneira saudável, e com isso melhorar cada vez mais seus resultados.

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