Crescimento do Mercado de bioinsumos no Brasil

Em entrevista à Outlook GlobalFert 2025, Solon C. Araújo, Consultor da Associação Nacional de Promoção e Inovação da Indústria de Biológicos – ANPII Bio, ressaltou o crescimento expressivo do uso de bioinsumos na agricultura mundial, com destaque para o Brasil como líder e modelo no setor.
O uso de bioinsumos na agricultura está em alta nos últimos anos no mundo todo, com enfoque especial no Brasil. Mas isto nem sempre foi assim.
Talvez o primeiro produto desta linha em uso no Brasil, tenha sido o Bacillus thuringiensis, para controle de lagartas. Na década de 60 do século passado começaram a ser produzidos os inoculantes, produtos contendo bactérias do grupo dos rizóbios, com espécies destinadas a diversas culturas, tendo tomado vulto pelo seu elevado teor de nitrogênio do ar incorporado às plantas. Estes inoculantes, usados por praticamente 100% dos plantadores de soja, foram um dos poucos produtos biológicos utilizados na cultura.
Atualmente, os produtos biológicos, hoje chamados de bioinsumos, tomam um vulto enorme, passando por uma grande diversificação: A linha de inoculantes deixou de ser apenas para a fixação do nitrogênio, entrando também na linha de disponibilização de nutrientes para as plantas e as bactérias promotoras de crescimento. Inicia-se, já com produtos no mercado, bioinsumos com efeitos na proteção de plantas contra stress abióticos.
Os inoculantes para a fixação biológica do nitrogênio – FBN, são hoje utilizados anualmente em 86% dos plantadores de soja no Brasil, mas na prática, podemos dizer que 100% da soja no país é abastecida de N pela FBN. O uso de fertilizantes nitrogenados na cultura já se mostrou totalmente desnecessário, salvo condições muito especiais. Com a crescente área de soja no país, que hoje é de cerca de 46 milhões de área cultivada, ainda vai crescer muito.
Os inoculantes contendo a bactéria Azospirillum, são bastante novos no mercado. O primeiro foi lançado em 2009, mas seu crescimento já demonstra linha em plena ascensão. De pouco mais de 2 milhões em 2012, já está na faixa de 50.000.000 de doses, sendo usado por 43% dos plantadores de milho e 29% na coinoculação.
Pela velocidade com a qual os bioinsumos estão correndo a nível mundial, e sendo o Brasil líder e modelo para este setor, as perspectivas de mercado são as mais promissoras, havendo perspectivas de crescimento tanto interna, como externamente.
Mas além do dois inoculantes mencionados acima, Bradyrhizobium para soja e Azospirillum para um sem número de culturas, muitos outros microrganismos já estão compondo diversos tipos de inoculante com variadas funções, seja na nutrição, tornando nutrientes em forma não absorvível pelas plantas em forma de compostos que são absorvidos. Esta solubilização de nutrientes, como exemplo fósforo, potássio e vários micronutrientes, é um dos papéis primordiais de um grande número de microrganismos do solo.
Mas outras funções, algumas delas múltiplas, são levadas a efeito por diversas espécies de seres microscópicos que fazem a produção de auxinas e outros hormônios, influindo positivamente no enraizamento e maior crescimento das plantas. Pseudomonas, Bacillus de diversas espécies, alguns fungos e o próprio Azospirillum, que além de fixar nitrogênio, ainda produz auxinas e auxilia na solubilização do fósforo, bem como os chamados organismos multifuncionais, podem proteger as plantas contra stress hídrico moderado e baixar em até 4 graus C a temperatura das plantas.
“Estes microrganismos, salvo o Bradyrhizobium e o Azospirillum, estão em seu início de carreira. Mas o mercado, como sempre, apresenta lentidão no entendimento de novos produtos. Depois de chegar a um patamar de utilização, esta multiplica-se mais rapidamente. E temos certeza que isto acontecerá também com estes novos inoculantes, ampliando a oportunidade para as empresas do ramo e para os agricultores que contarão com novas e mais eficientes ferramentas para aumento da produtividade, da rentabilidade e dos cuidados com o ambiente”, concluiu Solon.
GlobalFert, 29/09/2025.



