Culturas

Adubação intensiva contribui para o sucesso do cultivo do trigo no Centro-Oeste

Com o cultivo consagrado e concentrado na região Sul, agora o trigo se ampara na pesquisa para conquistar áreas de cultivo no Centro-Oeste brasileiro. Nas últimas cinco safras, a triticultura cresceu 33% em área e 76% em volume de produção na região.

As boas produtividades e os benefícios que o cultivo gera para o solo, como a formação de palhada, geram bons resultados para quem está na vanguarda. É o caso do produtor Alan Cenci, que planta 100 hectares com trigo na Fazenda Baixada do Jardim, situada nas imediações de Brasília (DF). “Além de ser uma opção rentável, o trigo se encaixa muito bem na rotação de culturas, favorecendo a safra de verão”, afirma o produtor.

Recomendações técnicas

Para que o cereal do pão ganhe ainda mais terreno nos estados do Centro-Oeste, a pesquisa surge como a principal alavanca. Há pesquisas conduzidas por agentes privados em parceria com a Embrapa que já definiram alguns parâmetros mínimos de cultivo.

Entre as principais recomendações estão a adubação intensiva em fósforo e potássio, plantio com uma densidade entre 270 e 450 sementes por metro quadrado, espaçamento entre linhas de 17 centímetros e profundidade do plantio entre 2 e 5 centímetros.

Melhoramento genético

No aspecto do melhoramento genético existem duas prioridades. A primeira é que o setor busca viabilizar o crescimento do cultivo de sequeiro, oferecendo plantas com tolerância à seca e maior flexibilidade no plantio. Outro foco é otimizar o desempenho das áreas com irrigação. “Nas áreas irrigadas é interessante oferecer variedades mais produtivas e com ciclo precoce, pois isso otimiza o uso do pivô”, afirma Deodato Matias Júnior, agrônomo e supervisor comercial da Biotrigo. A empresa se destaca como uma das líderes nas pesquisas sobre o cultivo do trigo nas novas fronteiras.

Manejo do brusone

Mas, para que todos esses objetivos sejam atingidos, um grande rival precisa ser vencido: o brusone. Como há maior umidade em virtude do cultivo irrigado, no Centro Oeste, a doença fúngica se torna ainda mais nociva do que na região Sul do Brasil. Por essa razão, a lavoura no cerrado exige aplicações frequentes de fungicidas para controlar a doença, contribuindo para os altos custos de produção. “Não existe imunidade ao brusone, apenas níveis de resistência. O desafio é oferecer isso sem prejudicar o rendimento e a qualidade final do trigo”, diz Júnior.

Disputa com o milho

Mais do que viabilidade técnica, o trigo tem como maior desafio a concorrência com o milho segunda safra (safrinha). As duas culturas seguem um calendário de cultivo similar, mas fatores como a tradição, custos de produção e maior rentabilidade ainda colocam o milho em vantagem.

Desde o ciclo 2011/2012 o milho segunda safra responde pela maior parte da oferta nacional. Para a segunda safra de milho 2016/2017, são esperadas mais de 58 milhões de toneladas, de acordo com estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Deste total, 67% (39 milhões de toneladas) serão produzidas nos quatro estados do Centro-Oeste. “O milho safrinha tem uma produtividade muito superior a do trigo e, por isso, ele acaba sendo mais lucrativo. Leva tempo, mas o trigo pode reverter esse cenário”, diz o consultor da Trigo e Farinhas, Luiz Carlos Pacheco. A busca por esse equilíbrio conta com o endosso dos produtores. “O plantio de trigo já faz parte da minha estratégia de manejo, então vou continuar plantando durante muito tempo”, diz o agricultor Alan Cenci.

 

SF Agro, 19/06/2017

 

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