Culturas

Além do NPK: estudos revelam eficiência de nutrientes esquecidos em fertilizantes

O Brasil é o quarto consumidor mundial de fertilizantes com formulações NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). Esses adubos minerais contêm os macronutrientes que as plantas mais necessitam para um crescimento saudável. Contudo, especialistas mostram a eficiência do uso de cálcio, magnésio, enxofre, silício e outros micronutrientes em lavouras, no 16º Congresso Mundial de Fertilizante, que acontece no Rio de Janeiro. Para os pesquisadores da Embrapa, o uso desses minerais naturais em fertilizantes poderia incrementar a produtividade brasileira.

Para Ismail Cakmak, professor da Universidade de Sabanci, na Turquia, o cálcio é fundamental para estabilizar paredes celulares, e assim fortalecer e nutrir as plantas. Com a deficiência desse nutriente, os patógenos podem atravessar facilmente as paredes celulares das plantas, deixando-as muito mais suscetíveis a doenças e pragas. O cálcio nas plantações também contribui para o desenvolvimento de mecanismos de adaptação a situações de estresse e altas temperaturas como as que o planeta vem enfrentando. “A suplementação de cálcio no solo é importante para deixar as plantações livres de pragas e mitigar os efeitos do estresse ambiental”, afirma o especialista. Já o magnésio é responsável por transportar carboidratos, sacaroses e outros nutrientes pelo interior das plantas. Por essa razão, a aplicação adequada de magnésio promove melhor nutrição das plantas e fortalecimento dos tecidos celulares, contribuindo para o aumento da produtividade e do número de sementes. A agressão provocada por altas temperaturas também podem ser mitigadas com a suplementação de magnésio. “O Brasil ainda negligencia o uso do magnésio, mas é um elemento fundamental para complementar a fertilização de certas culturas como o milho, pois influencia diretamente na formação dos grãos”, afirma Paulo César Teixeira, pesquisador da Embrapa Solos.

“Sem enxofre, não há vida”, afirmou o professor Godofredo Vitti, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo. Em sua palestra sobre a dinâmica da oxidação sulfúrica dos fertilizantes em solos tropicais, ele mostrou resultados que apontam alta produtividade com o uso de enxofre em plantações. Segundo pesquisas apresentadas, a produção de café no Cerrado pode aumentar até 82% com uso de fertilizantes a base de enxofre. Outros fatores como solo, clima e manejo também influenciam a produção, mas a aplicação de enxofre contribui para o aumento da área foliar e resistência a fatores abióticos adversos. “Em solos de Cerrado, a aplicação de enxofre tem apresentado uma resposta significativa, mas ainda é uma prática pouco considerada no Brasil. Com a pressão internacional para remoção de enxofre em combustíveis fósseis, tende a aumentar a oferta desse componente no mercado. A agricultura representa um destino natural para esse nutriente”, aponta Vinícius Benites, pesquisador da Embrapa Solos e líder da Rede FertBrasil.

O professor Lawrence Datnoff, da Universidade do Estado da Lousiana, nos Estados Unidos, apresentou os benefícios do uso do silício na fertilização. Um dos elementos mais abundantes do mundo, ainda é pouco utilizado na suplementação de nutrientes em plantações. Vários países do mundo como Japão Coréia e Estados Unidos vêm atestando a eficácia do uso do silício como nutriente benéfico. “O silício tem sido muito importante para a fertilização do arroz, pois afeta diretamente no tamanho do grão. Também minimiza a infecção da planta e o crescimento de patógenos, com um resultado melhor que os fungicidas tradicionais”, ressalta.

Embrapa Agroindústria de Alimentos, 23/10/2014 

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