Culturas

Chuvas excessivas causam perda de adubo e atrasam plantio do trigo no RS

As chuvas em excesso têm atrasado o plantio do trigo no Rio Grande do Sul e já preocupam os produtores rurais. Até o momento, a região das Missões cultivou apenas 3% da área prevista para essa temporada. A média para o período é de 15%, conforme dados reportados pela Emater/RS. Em maio, o acumulado de chuvas ultrapassa 250 mm, contra a média histórica de 114,3 mm. Diante desse cenário, sete cidades já decretaram situação de emergência no estado, segundo último levantamento da Defesa Civil do estado.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater/RS, Cláudio Dóro, os produtores rurais têm até o dia 30 de junho para finalizarem o cultivo do cereal dentro da janela ideal. “E as melhores produtividades e qualidade são registradas em áreas de plantio até 15 de junho. Então também teremos um curto período para semear dentro da melhor época”, completa.

Além disso, as previsões climáticas ainda indicam chuvas para os próximos dias no estado. Paralelamente, as lavouras já cultivadas também sofrem com as precipitações excessivas. Muitas plantações já apresentam perda de adubo por lixiviação e algumas áreas apresentam erosão. Consequentemente, as lavouras podem registrar uma queda no rendimento nesta safra.

E para setembro, os boletins meteorológicos indicam chuvas acima da média. Na visão do engenheiro agrônomo, essa condição climática favorece o aparecimento das doenças fúngicas nas lavouras, especialmente a giberela e o que também pode afetar o rendimento das plantações.

“Para essa temporada, a perspectiva é de um rendimento próximo de 42 sacas por hectare, abaixo do registrado no ano anterior. E, com essa produtividade dificilmente o produtor irá conseguir cobrir as suas contas e seus empréstimos junto aos agentes financeiros ou casas fornecedoras de insumos”, ressalta Dóro.

A área destinada ao cultivo do trigo também deverá ser menor nesta safra no estado e ficar próxima de 727,7 mil hectares. O número representa uma queda de 6,49% frente à área semeada no ciclo anterior. “O desestímulo do produtor rural em plantar o trigo no inverno é decorrente dos preços baixos”, completa o engenheiro agrônomo.

As cotações ainda não apresentaram modificações e a saca permanece entre R$ 29,00 a R$ 30,00 no estado. O preço mínimo fixado pelo Governo para o estado também recuou de R$ 38,65 a saca para R$ 37,26 a saca.

 

Culturas de inverno

 

Em meio ao recuo na área semeada com o trigo, Dóro destaca que outras culturas como a cevada, canola e aveia branca têm ganhado espaço. Na cevada, a área cultivada deve crescer 16,5% e somar 51,650 mil hectares. No caso da canola, o crescimento da área é previsto em 6,25%, com 52,5 mil hectares. Já na aveia branca, a área deve totalizar 230 mil hectares, com ganho de 1,5%.

“E assim como no caso do trigo, o clima também tem atrapalhado o andamento do plantio da cevada e da aveia branca. A canola já foi praticamente plantada, já que a janela ideal termina no dia 20 de maio no estado”, afirma Dóro.

 

Safra de verão

 

O atraso no plantio do trigo também pode afetar a semeadura da soja no estado gaúcho. “A janela ideal de semeadura da oleaginosa termina no dia 20 de novembro de maneira geral. Essa é a maior preocupação dos produtores, pois poderemos ter perdas na produtividade da principal cultura econômica do estado que é a soja”, finaliza o engenheiro agrônomo. 

 

Notícias agrícolas, 29/05/2017

 

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