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Com redução na adubação nitrogenada e péssimas condições meteorológicas, Conab confirma menor área de trigo em dez anos

As perspectivas de manutenção dos baixos preços do trigo, pressionados pelo aumento das exportações do cereal, levaram os produtores a reduzir ainda mais a intenção de plantio. O levantamento de safra divulgado nesta quinta-feira pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a área cultivada em 1,830 milhão de hectares, o menor dos últimos dez anos.

A Conab reduziu em 95 mil hectares, ou 4,9% sua projeção de área de trigo, em relação ao levantamento divulgado em julho, quando eram previstos 1,992 milhão de hectares. A maior desistência no plantio do trigo ocorreu no Paraná, onde a previsão de plantio de 977,8 mil hectares retraiu 113 mil hectares (11,6%) para 864,8 mil hectares. Para São Paulo houve aumento de 19 mil hectares, para 90,9 mil hectares de área.

Em relação à safra passada, a estimativa atual mostra uma retração de 288 mil hectares, ou menos 13,6% na área cultivada. No Paraná a retração foi de 20,4% ou 222 mil hectares e no Rio Grande do Sul de 10% ou 78 mil hectares (para 699 mil hectares).

A estimativa da Conab é de produção de 5,196 mil toneladas de trigo, volume 22,8% (1,530 milhão de toneladas) inferior ao recorde de 6,726 milhão de toneladas colhidas na safra passada. Em relação ao último levantamento, a Conab reduziu a produção em 6,8% (381 mil toneladas).

Vale lembrar que no acumulado de janeiro a julho deste ano as importações de trigo pelos moinhos brasileiros cresceram 6,6% em relação ao mesmo período do ano passado e somaram 3,591 milhões de toneladas, que correspondem a 69% da safra de trigo projetada pela Conab.

Os técnicos da Conab comentam que o levantamento “confirma a postura do produtor em não apostar na cultura do trigo, transferindo as possibilidades de cultivo para outras culturas de inverno”. Segundo eles, no Paraná a maior preocupação diz respeito ao clima, pois as geadas ocorridas em julho atingiram as lavouras de plantio mais adiantado, que estavam em estádio de floração, frutificação (fases críticas para a falta de chuva) e parte das áreas em desenvolvimento vegetativo.

Eles observam que os números sobre as perdas pela geada ainda não são conclusivos, pois é necessário mais tempo para uma resposta no campo. “Também tem sido muito visível o efeito da estiagem, onde as lavouras estão pouco desenvolvidas. Há relatos sobre a incidência de oídio, fato que tem ocorrido devido à combinação de clima seco e baixas temperaturas, aumentando assim, o número de aplicações de fungicida”, diz o estudo da Conab.

Na avaliação dos técnicos, no Rio Grande do Sul as condições meteorológicas observadas desde a semeadura não devem proporcionar produtividades semelhantes às verificadas na safra passada, visto à dificuldade enfrentadas pelos produtores pelo excesso de chuvas no plantio e posterior estiagem no período de estabelecimento da cultura, reduzindo o crescimento das plantas e impedindo a adubação nitrogenada de cobertura.

Os levantamentos de campo mostra que no noroeste gaúcho o estande de plantas é desuniforme, com pouco perfilhamento e baixa umidade do solo, fator que compromete as lavouras. Já em outras regiões, caso chova em breve e com auxílio da adubação nitrogenada, ainda é possível reverter perdas iniciais, dizem os técnicos.

Os técnicos comentam que outro aspecto que deve levar a redução da produtividade do trigo é a baixa tecnologia empregada na implantação da cultura, influenciado pelo baixos preços recebidos, que até o momento seguem pouco atrativo. Com isso, os produtores gaúchos reduziram investimento, principalmente em adubação.

 

Revista Globo Rural, 10/08/2017

 

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