Culturas

Inovações não atingiram todos os produtores

Equipamentos hoje usados em maior escala, que aumentam a produção, exigem alto custo para a instalação

Embora o aumento da produção cearense de coco, nos últimos anos, tenha sido acompanhado pela adoção de novas tecnologias e métodos produtivos, a modernização da cadeia não chegou de forma igual para os produtores, entre os quais os de pequeno porte arcam com uma série de obstáculos que freiam parte da atividade no Estado.

Segundo aponta o geógrafo Leandro Cavalcante, equipamentos hoje usados em maior escala no Ceará, como os microaspersores, que aumentam consideravelmente a produção, exigem alto custo para a instalação e, durante o funcionamento, demandam consumo significativo de água e, principalmente, de energia, “elevando os custos para a manutenção do coqueiral e provocando um endividamento dos produtores” que dispõem de poucos recursos.

“Enquanto que uma gigantesca parcela de pequenos produtores não tem acesso a nenhum tipo de equipamento agrícola, uma minoria de grandes produtores chega a ter mais de 30 máquinas em uma única fazenda”, compara.

Além do maquinário, ressalta, a aquisição de fertilizantes também é um desafio para diversos produtores, enquanto outros, de maior porte, podem aumentar a produtividade através da fertirrigação, na qual cada coqueiro recebe uma quantidade pré-determinada de fertilizantes diluídos junto com a água e aplicada pelos microaspersores.

Conforme Cavalcante, outro grande entrave para os pequenos produtores é a assistência técnica deficiente no Estado. “Os grandes produtores que podem pagar até chegam a contratar profissionais especializados, porém os pequenos produtores sofrem com pragas, com a perda dos coqueiros devido a problemas fitossanitários e pedológicos”, ilustra. Para o geógrafo, o poder público deveria oferecer mais apoio técnico e elaborar políticas públicas voltadas aos pequenos produtores, através, por exemplo, de financiamentos ligados ao setor.

Assistência técnica

Para o engenheiro agrônomo do setor de agricultura irrigada da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Ceará (Ematerce), Erivan Marreiros, é “impossível” atender todos os produtores do Ceará, já que não existe um quadro suficiente na empresa para isso. “Trabalhamos com o objetivo de atender 30% dos produtores, pois não temos efetivo para fazermos mais que isso”, afirma. Segundo ele, a Ematerce desenvolve trabalhos conjuntos com ONGs para tentar amenizar um pouco mais a situação.

Por sua vez, o técnico da Diretoria de Agronegócio da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece) Sérgio Baima reconhece a que assistência técnica oferecida pelo Estado aos produtores de coco “poderia ser muito melhor”, mas afirma que os pequenos produtores têm condição de se manter no mercado. (JM) 

Diário do Nordeste, 10/11/2013

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