Culturas

Produção de café do Brasil neste ano pode cair a níveis próximos da seca de 2015, com perspectiva de atrasos na entrega de fertilizantes

A produção de café do Brasil neste ano pode cair a níveis próximos de 2015, quando as lavouras foram afetadas pela seca, disseram autoridades, sinalizando a perspectiva de fadiga das lavouras e escassez de fertilizantes.

A Conab, na sua primeira estimativa para a produção de café do Brasil neste ano, fixou a produção entre 43,7 milhões a 47,5 milhões de sacas de 60 kg – uma queda de pelo menos 3,9 milhões de sacas ante a colheita recorde do ano passado.

Levando em conta o volume mais baixo, o resultado seria somente cerca de 400 mil sacas acima da colheita em 2015, quando a produção bateu sua mínima em seis anos, em meio a uma seca que motivou um rally nos futuros do café arábica em New York com cotações em 200 centavos por libra-peso.

A previsão da Conab também está abaixo das expectativas de outros envolvidos de mercado, como a exportadora brasileira Terra Forte, que estimou a safra deste ano em 48,1 milhões de sacas.

No entanto, a Conab tem uma reputação de dados conservadores sobre a produção do país.

Oscilações na produção

A expectativa de um declínio na produção deste ano no Brasil reflete uma estimativa de queda do arábica de até 19,3%, com declínio de 20% ou mais para áreas de Minas Gerais, principal estado produtor da variedade.

A cultura arábica do Brasil, que é, de longe, a maior do mundo, normalmente mostra um padrão de produção alternada ano a ano – 2017 deve ter uma produção mais fraca após a safra recorde do ano passado de 43,4 milhões de sacas da variedade.

A Conab observou que as árvores no Sul de Minas Gerais, por exemplo, emergem depois de um ano “em que as lavouras que se encontravam em produção apresentaram carga muito alta e uma acentuada desfolha no pós colheita, com tendência, portanto, de queda em rendimento” neste ano.

Os produtores de Minas Gerais realizaram uma poda severa, ou “esqueletaram”, muitas lavouras que tinham sido particularmente prejudicadas pela safra do ano anterior ou por geadas de inverno – uma prática que provavelmente beneficiará a produção no próximo ano, em detrimento da produção no curto prazo.

A Companhia brasileira também destacou uma ameaça com a perspectiva de atrasos na entrega de fertilizantes, ligada à escassez de algumas matérias-primas, segundo comerciantes.

Perspectivas para o robusta

Para o robusta (conilon), no qual o Brasil só está atrás do Vietnã entre os produtores mundiais, a produção chegará a até 9,6 milhões de sacas neste ano, isso representa uma recuperação de até 21% em relação a 2016, quando grandes áreas de cultivo enfrentaram uma seca prolongada.

Ainda assim, esse seria o terceiro ano consecutivo de produção mais baixa da variedade no Brasil.

De 2007 até 2015, a produção de café robusta no país ficou acima de 10 milhões de sacas, antes se uma seca afetar várias áreas, incluindo o Espírito Santo, maior estado produtor da variedade.

Havia uma expectativa de que a produção do Espirito Santo, alavancada entre 4,61 milhões e 5,30 milhões de sacas, ficasse abaixo do resultado do ano passado de 5,04 milhões de sacas, recuando pelo terceiro ano consecutivo.

A Conab observou que, embora as plantações do Espirito Santo tenham recebido chuvas “mais intensas” este ano, impulsionando o florescimento e o início do desenvolvimento dos grãos, as perspectivas foram minadas com o retorno da “seca e má distribuição de chuvas por três anos consecutivos”.

Isso, ao estimular a queda dos chumbinhos, “prejudicou o desenvolvimento e vigor” das plantas, além de impedir que os produtores aplicassem fertilizantes que exigem que a umidade do solo seja eficaz.

Escassez de mudas

A seca prolongada também levou os produtores a realizar podas “drásticas”, ao mesmo tempo em que arrancou muitas árvores, levando a expectativas de queda na área de 9,5%, para 235,415 mil hectares de café robusta no Espírito Santo neste ano.

As tentativas de renovar as plantações estão sendo prejudicas por uma escassez de mudas para plantar.

“Os viveiristas, por conta da seca, não conseguiram produzir a quantidade normal de mudas para atender a demanda”, disse a Conab.

A demanda, por sua vez, “aumentou bastante” graças ao recente retorno das chuvas.

 

Notícias Agrícolas, 24/01/2017

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