Entrevistas

Entrevista: Diretor-Presidente do Codesp projeta crescimento de 11% para a importação de fertilizantes no Porto de Santos

José Alex de Oliva, Diretor-Presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), foi entrevistado pelo GlobalFert e falou sobre a queda da entrada de fertilizantes pelo Porto de Santos no ano de 2015.

José é doutorando na USP, mestre em Engenharia Oceânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ / COPPE) e é formado em Engenharia Civil e Engenharia de Transportes pela Universidade de Brasília – UnB. Já atuou como assessor do Ministro dos Transportes (2000/2002) e assumiu como Secretário de Transportes Aquaviários do Ministério dos Transportes (2003) e, posteriormente, como Secretário de Fomento para Ações de Transportes do Ministério dos Transportes. Além disso, foi superintendente de Navegação Interior na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) de 2006 a agosto de 2011. 

 

 

1. Foi divulgado recentemente que a movimentação do Porto de Santos cresceu 8% em 2015, puxada, principalmente, pelas exportações. A importação de fertilizantes, porém, registrou um decréscimo de 30% ante 2014. A que se deve esta brusca queda e quais as perspectivas para 2016?

As importações foram impactadas pela desvalorização do Real e a consequente alta do dólar, que saiu de um valor médio de R$ 2,65 em janeiro de 2015 até fechar o ano cotado a R$ 3,80, com oscilações nos últimos meses no qual alcançou R$ 4,00. No caso dos adubos e fertilizantes, não foi diferente. A importação total nacional decresceu 6,2% no ano passado e o Porto de Santos sentiu essa queda. Para 2016, a projeção é de crescimento de 11%, tendo em vista um cenário de expansão do comércio mundial de bens e serviços, um quadro menos desfavorável que em 2015.

2. O Porto de Santos é considerado o maior porto do Brasil, com uma vasta gama de diversidade. Além disso, ele movimenta cerca de 27% da economia brasileira e é um dos principais locais de entrada de fertilizantes. Qual é a participação dos fertilizantes na movimentação total no ano de 2015?

Considerando a movimentação total de mercadorias do Porto de Santos em 2015, que foi de 119,9 milhões de toneladas, a participação dos itens adubos e fertilizantes foi de 2,18% (2,4 milhões de toneladas).

3. O Porto de Paranaguá é o porto que mais recebe fertilizantes no Brasil. Existe uma diferença expressiva entre os custos portuários de Paranaguá e Santos na operação dos fertilizantes que justifique o maior percentual direcionado para o Porto de Paranaguá?

As tarifas portuárias não devem ser o único ponto considerado. Outros fatores, como a proximidade do mercado consumidor e prioridade do produto no desembarque, também influenciam as definições dos importadores. Os terminais de adubo e fertilizantes do Porto de Santos trabalham sem ociosidade de sua capacidade instalada.

4. O Porto de Santos possui planos de investimentos em infraestrutura para aumentar sua capacidade de descarregamento? 

O programa de arrendamentos de áreas portuárias do Governo Federal prevê o leilão de duas áreas em Santos, que podem triplicar a capacidade de movimentação de granéis minerais. Estas áreas estão incluídas na fase 2 do plano de arrendamentos. Há ainda a expectativa de investimentos privados de aproximadamente R$ 1,1 bilhão em área já operacional dentro do Porto de Santos. Com esta expansão, o terminal ganhará três novos piers  para ampliar o recebimento de matérias-primas para o setor de fertilizantes.

Importante destacar que, além da infraestrutura do Porto, estamos trabalhando na real integração porto – cidade/cidade – porto. É importante que o cidadão possa perceber o quanto que o Porto está integrado à cidade e o quanto que o Porto faz parte dessa cidade. Temos que atuar mãos dadas numa complexa interação com a comunidade nos aspectos social, esportivo, cultural, ambiental e econômico. Como exemplo, nos próximos anos Santos deve viver um ciclo de investimentos com os novos arrendamentos, o que vai alavancar novos negócios para o porto, para a cidade e toda a cadeia produtiva.

Equipe GlobalFert, 01/03/2016

 

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