Entrevistas

Entrevista exclusiva com Manuel Palma, sócio da Amazon Agrosciences

Confira a entrevista exclusiva com o sócio da Amazon Agrosciences, Manuel Francisco Palma, contando sobre as inovações da empresa no ano passado e perspectivas para 2024.

Lucas Curti: Olá, pessoal, sejam bem-vindos a mais um conteúdo exclusivo GlobalFert. Eu sou Lucas Curti, analista do GlobalFert e hoje eu tenho a honra de estar aqui na presença de Manuel Francisco Palma. Hoje, diretor industrial da Amazon Agrosciences. Manuel, é uma honra ter você aqui conosco. Obrigado pela oportunidade de batermos esse papo aqui.

Manuel Palma: Eu que agradeço, Lucas. Obrigado pelo convite de estar aqui com vocês.

Lucas Curti: Bom, eu queria deixar aberto no início da nossa entrevista para você se apresentar e falar qual é o seu papel na Amazon Agrosciences. Como foi essa caminhada até esse momento atual? Quero que você fique à vontade para se apresentar!

Manuel Palma: Muito bem! Bom, eu sou Manuel Francisco Palma. Eu sou sócio da Amazon Agrosciences e hoje ocupo papel aqui dentro da empresa. Hoje atuo também como diretor industrial da Amazon Agrosciences, que está localizada na cidade de São Carlos. Costumo dizer que a cidade São Carlos é capital da tecnologia, porque é uma das cidades que mais têm doutores por metro quadrado, então nós estamos em um polo de tecnológico muito forte, não é? No setor do agronegócio, a Amazon Agrosciences nasceu com uma indústria no final de 2013, com o foco principal de entender a dor do para produtor no campo para levar soluções de respeito para o para produtor. Soluções nutritivas e soluções que auxiliam o para produtor a para produzir mais.

Lucas Curti: Que legal! Como você já deu uma boa palinha, para começar, eu queria saber, quais são as principais soluções que a Amazon Agrosciences oferece diretamente para seus clientes e quais são as principais culturas que a Amazon atende?

Manuel Palma: Perfeito, Lucas! Nós somos fabricantes de fertilizantes minerais. Entre esses fertilizantes minerais, somos umas das poucas indústrias no Brasil a fabricar nitratos líquidos. Então, nós temos a expertise vinda de uma multinacional. Meu pai trouxe esse conhecimento há alguns anos e hoje, nós fabricamos os nitratos líquidos e fabricamos outras formulações a base de sulfatos. Também temos formulações organominerais e inclusive, nós temos alguns biofertilizantes. Em breve, nós vamos lançar alguns biodefensivos. Então, somos umas das primeiras biofábricas a serem instaladas e autorizadas pelo MAPA.
Lucas Curti: Que legal, bacana. E a gente sabe que hoje em dia a demanda por novas tecnologias é muito grande. Então, como você comentou, expandindo esses limites, estão indo para a parte de biodefensivos, de diversos tipos de fertilizante, não é? A Amazon Agrosciences, vem sendo uma das grandes empresas no ramo, com grande representatividade. Como a empresa pretende inovar, olhando no setor de fertilizantes mesmo nos próximos anos.

Manuel Palma: Bom, perfeito, Lucas! Nós temos um trabalho muito forte dentro do nosso centro de pesquisa próprio. Nós temos investido fortemente em torno de 5% do nosso faturamento ao ano em pesquisa, além de adquirir novos equipamentos para o laboratório. Assim, nós desenvolvemos, fertilizantes líquidos, sempre pesquisando aqueles elementos, aquelas moléculas mais sustentáveis e que sejam mais eficazes.

Então, a ideia é a gente se adaptar às necessidades do agricultor. Porque a gente sabe que existe um gap entre a inovação e o que o mercado realmente exige hoje. Então nós estamos preparados para o futuro. Nós brincamos, falamos que temos algumas fórmulas que já estão lá na frente, mas o mercado hoje não exige esses para produtos, então nós sabemos a realidade.

Nós focamos em acompanhar as dificuldades do para produtor, por exemplo. Hoje nós temos aqui internamente o laboratório de qualidade e o laboratório de P&D. Assim, nós analisamos todas as matérias primas e validamos elas junto com o P&D. Então, antes de chegar a uma matéria prima aqui na indústria, ela tem que passar por um crivo de análise crítico e minucioso de cada elemento, de cada molécula e composição.

Também temos esse laboratório de qualidade. Ele é encarregado de validar o para produto final, ou seja, todo o para produto que sai da indústria, não pode sair se não atingir os teores que estão lá no registro, no MAPA. Então nós temos essa consciência, essa preocupação de levar para produtos de qualidade para o para o campo, para o agricultor e bom, dentro desse laboratório também de P&D.

Nós estamos com algumas pesquisas. Temos uma equipe muito forte de pesquisadores, temos doutores em química, doutores bioquímicos, temos biólogos também. Então, temos um time bem engajado aqui, que sempre está pesquisando inovação. Nós temos dentro do laboratório alguns equipamentos, como espectrofotômetro de chama, espectrofotômetro UV-Vis, mufla, câmara climática, temos o reator de síntese, tudo in vitro, bem interessante. Você é do setor, não é, Lucas?

Lucas Curti: Sim.

Manuel Palma: Então você conhece, você conhece melhor do que eu… Então aqui, a ideia é sempre estar em constante evolução, sempre pesquisando inovação. Sabemos que sozinho Lucas, nós podemos ir até um lugar, não é? Mas temos que trazer a pesquisa e aqui no Brasil se faz boa pesquisa. Trazer essa pesquisa também para a indústria e é por isso que a Amazon Agrosciences tem pesquisa com alguns centros, como a Embrapa.

A gente tem pesquisas em andamento no IAC junto com a Fapesp. Aqui eu vou destacar a CiaCamp, que é uma startup parceira nossa desde 2018. Junto com o IAC nós levamos inovação para o campo. Uns trabalhos bem interessantes, então a gente tem essa ciência, não é? Consciência de buscar parcerias aqui mesmo com a USP, UFSCar em São Carlos. A Embrapa é muito forte, então nós trazemos essas pesquisas, fazemos essas parcerias com eles para sempre buscar a inovação para produtos mais sustentáveis para o campo.

Lucas Curti: É muito legal ver essa preocupação com a inovação e com a tecnologia atrelada ao dia a dia da produção. Dentro da classe de fertilizantes, a Amazon traz diversas tecnologias para também a aplicação para seus clientes, não é? E aí queria saber quais são essas tecnologias e como elas contribuem para se ter maior produtividade dentro do campo.

Manuel Palma: Perfeito é bom, o tempo é curto, então vou focar na parceria que nós temos com IAC. O IAC tem uma pesquisa de mais de 20 anos, em cima de uma molécula patenteada pelo próprio Instituto Agronômico de Campinas, que é o NAC (N-acetil-cisteína). Essa molécula vem mostrando bons resultados nas principais dores da agricultura e aqui eu vou citar 2 dores.

Uma primeira dor que é conhecia por todos na citricultura se chama HLB ou greening. O greening, é um para problema que está trazendo muitas dores de cabeça para os citricultores. Então, o que que essa molécula faz? Ela tem mostrado eficácia no manejo do greening. Ela é capaz de quebrar o excesso da calose das plantas e assim deixar fluir o floema, ou seja, a planta começa a respirar, absorver os nutrientes e, com isso, a planta fica mais forte. Ela não se defende mais, gerando mais calose. Ela fica mais forte, ela segura mais o fruto no pé que no final é isso que interessa, não é? A gente poder levar mais produtividade para o citricultor. Então, é uma molécula que vem se mostrando muito boa e vem aumentando a produtividade dos citricultores ao longo dos anos, no caso do da citricultura.

É no caso do milho, por exemplo, nós temos uma grande dor, que é o enfezamento. Nesse caso, temos outro produto que contém a mesma molécula, só que com outra formulação, pois vamos deixar claro que a molécula NAC sozinha não faz milagre. Então tem todo um estudo científico para que essa molécula possa agir dentro da planta.

Então, no caso do enfezamento do milho, essa molécula age quebrando o aglomeramento de açúcares causados pelo enfezamento. E quando você quebra esse aglomeramento de açúcares, ele libera o fluxo da seiva. Então a planta, no caso do milho, consegue respirar, se desenvolver e produzir mais, que é o que mais nos interessa. Temos assim, resultados fantásticos com o milho, por exemplo.

No caso da soja, o mesmo para produto, tem um fator importante, de modo que ele ativa as enzimas para combater os estresses abióticos e bióticos. No caso dos estresses oxidativos, falando de fatores hídricos, por exemplo, nós temos resultados importantíssimos, porque está comprovado que o NAC ativa algumas enzimas antioxidantes dentro da soja e de outras culturas, que são enzimas precursoras de outras enzimas antioxidantes. Aqui estamos falando da glutationa, que é a precursora ou é o substrato que vai ativar as outras enzimas dentro da planta.

Então nós temos resultados bem interessantes com o uso do NAC. Aqui cabe destacar Lucas, que nós temos um problema de mercado com o NAC, visto que ele é patente do IAC para o uso agrícola e, infelizmente, tem algumas indústrias do setor que tem utilizado essa molécula para colocarem no mercado. Então, nós somos cientes de que essa molécula é patenteada. Nós temos um trabalho sério em cima disso, então alertamos o produtor, que quer fazer um trabalho bom no seu campo, que quer trabalhar com seriedade, que quer ter bons resultados em campo, que procure a Amazon Agrosciences para que possa entender um pouco melhor sobre esses para produtos e, ao mesmo tempo, trazer melhores resultados para sua lavoura.

Lucas Curti: Perfeito! Acho que já foi bem colocado Manuel, que tem que ter essa ponte entre as informações de manejo para os agricultores, porque são eles que vão tratar, e vão ser a ponta da cadeia na hora da comercialização, do plantio e da aplicação do fertilizante. Então, eu queria saber, como que a Amazon Agrosciences vem trabalhando para que seja possível trazer essas informações para a ponta da cadeia?

Manuel Palma: Realmente, a gente sabe que um dos maiores desafios entre o setor agro, indústria e pesquisa é a comunicação com o produtor. A gente sabe que essa comunicação tem que ser bem trabalhada e este é um desafio. Então, hoje nós trabalhamos pelo menos em três frentes. Nós trabalhamos com consultores técnicos de vendas, que são aqueles consultores do nosso time. A gente tem dentro da Amazon Agrosciences, uma universidade na qual a gente tem pesquisadores de renome participando dessa universidade. E temos consultores também que dão aulas e que fazem uma visita para o nosso time. Essas aulas ficam gravadas também e a gente disponibiliza essas aulas, por exemplo, para alguém que está entrando no nosso time. Então, essa universidade Amazon, ele prepara nossa equipe comercial que está hoje em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e no sul da Bahia, no Paraná. Então essa comunicação sobre os produtos, sobre a dosagem correta, sobre o manejo correto, tem que ser bem-feita.

A segunda estratégia que nós utilizamos também está em instituições de pesquisas. Falamos de instituições como a fundação ABC, por exemplo. No Mato Grosso nós temos alguns trabalhos sendo feitos, também temos outras instituições de pesquisa em Goiás, no Paraná, em Minas Gerais, em Pernambuco e em São Paulo. Então, hoje temos mais de 20 trabalhos com essas instituições e com equipes de consultores de campo também, que são os médicos da lavoura, digamos assim. Então nossa preocupação é levar tecnologia para eles estudarem essa tecnologia em campo e assim eles recomendarem para nós. Como por exemplo, com o que observam em campo. Por exemplo, essa aqui é a melhor dosagem. Então, nós nunca vamos nos atrever a falar que achamos algo. Então, nós sabemos que tem uma base científica, uma base estudada para isso, então nós vamos com essa frente também. Mais de 20 trabalhos com consultores e instituições de pesquisa.

E a outra frente Lucas, a terceira, é a comunicação digital. Nós somos muito fortes nas estratégias, por exemplo, com Instagram, Facebook, LinkedIn, e-mail marketing, rádio. Publicamos alguns cases de sucesso e levamos a informação técnica para o campo nas redes sociais. Aqui já fica o convite para todos vocês participarem das redes sociais da Amazon Agrosciences.

Então nós nos preocupamos em levar essa comunicação de maneira clara e transparente, mas que seja simples. Isso para que o para produtor consiga enxergar na ponta os benefícios e aplicar na sua lavoura.

Lucas Curti: Legal, que bacana Manuel! Por fim, eu queria saber de você, em nome da Amazon Agrosciences, de maneira geral, quais são as perspectivas que vocês têm hoje para o mercado de fertilizantes ao longo dos próximos anos? A gente vem de um cenário em que cada ano é uma caixinha de surpresas, não é? Então, a gente vem de pandemia, de guerra entre Rússia e Ucrânia, agora mais esse conflito entre Israel e Hamas. Então, assim, cada ano vem sendo uma novidade. Então, saber de você essas perspectivas para os próximos anos envolvendo o mercado de fertilizantes.

Manuel Palma: Realmente o ano de 2023 vem sendo um desafio para todos, mas acredito que 2024 vai ser melhor. Em 2025, nós temos um projeto de triplicar nosso faturamento referente a este ano. Esse ano já não temos o que reclamar, visto que nossas metas estão sendo atingidas. Então, nós temos uma perspectiva muito boa para os próximos anos e até 2027 pretendemos triplicar o faturamento de 2025. Também pensamos e pretendemos consolidar nossas parcerias nos principais estados produtores do Brasil, porque a gente sabe que temos muito para crescer aqui dentro do Brasil também.

E até 2027, nós pretendemos já estar consolidados em mercados como Estados Unidos e Paraguai, que são mercados que a gente já atua hoje, mas até lá estaremos consolidados, levando essas tecnologias de pesquisa do Brasil para o exterior também. Também essa é uma missão da Amazon Agrosciences, levar o nome da pesquisa brasileira para fora.

Então, até 2027, nós pretendemos estar consolidados especificamente nesses 2 mercados, Estados Unidos e Paraguai. Além disso, continuar crescendo em países como Bolívia, abrir mercado em países como o Peru, países que vem crescendo na agricultura. A Colômbia também, o próprio Chile. Então nós acreditamos que essa colaboração entre a indústria, instituições de pesquisa e os agricultores é fundamental para a gente alcançar o futuro sustentável do agronegócio.

Lucas Curti: Legal. Bom, perfeito Manuel! Eu quero em nome de toda a equipe do GlobalFert agradecer imensamente a você e a Amazon Agrosciences por ter disponibilizado esse tempo para falar com a gente. Então, muito obrigado pela sua presença, e eu quero deixar aqui aberto para você deixar suas últimas palavras para quem está nos ouvindo e quem está nos assistindo. O espaço é todo seu!

Manuel Palma: Eu que agradeço Lucas, pelo convite de vocês. É uma honra ser parceiro de vocês. Gostaria de parabenizá-los pelo bom trabalho que vocês vêm fazendo no setor do agro, especificamente para fertilizantes especiais, que é um setor que vem crescendo muito.

As palavras que eu tenho que dizer para o agricultor, para as indústrias, para os parceiros, que estão nesse mercado do agronegócio, é que continuem apostando e acreditando na nossa pesquisa brasileira. Às vezes a gente dá muito valor para pesquisa que vem lá de fora, mas aqui no Brasil tem excelentes pesquisadores, pesquisas que estão mudando o cenário da agricultura aqui no Brasil e consequentemente no mundo. Então, vamos olhar com mais carinho para o que nós temos aqui dentro de casa, tem várias startups aqui na nossa região, em São Carlos, Ribeirão Preto, Piracicaba, que é um polo muito forte. Então, vamos continuar dando essa oportunidade para os nossos jovens, os pesquisadores, para a gente desenvolver junto um país mais próspero e um agronegócio mais sustentável.

Lucas Curti: Que assim seja, Manuel! Muito obrigado, mais uma vez! E obrigado a você, que acompanhou esta entrevista até aqui. Um forte abraço e tchau, tchau!

GlobalFert, 09/01/2024.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo