Entrevistas

GlobalFert entrevista Rovensa Next, contando sobre inovações e perspectivas da empresa

Confira a entrevista exclusiva com Luis Carlos Cavalcanti, engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal do Ceará e hoje, diretor geral da Rovensa Next, falando sobre inovações e expectativas para o setor.

GlobalFert: Olá, pessoal, sejam bem-vindos a mais um conteúdo exclusivo GlobalFert. Eu sou o Lucas Curti, analista do GlobalFert, e hoje eu tenho a honra de estar na presença do senhor Luis Carlos Cavalcanti, que possui graduação em engenharia Agronômica pela Universidade Federal do Ceará, já atuou como diretor geral da Oro Agri e hoje é diretor geral da Rovensa Next. Senhor Luis, é uma honra ter sua presença aqui conosco.

Luis Carlos Cavalcante: O prazer é meu.

GlobalFert: Bom senhor Luis, para iniciar o nosso bate-papo, quando falamos de nutrição vegetal em si, nós vemos um cenário hoje muito favorável para a parte de inovações ao produtor ou para quem quer que seja, poder aumentar sua produtividade. Quero saber do senhor, como que a Rovensa contribui para esse cenário de inovações?

Luis Carlos Cavalcante: Bom, antes de mais nada, agradeço a oportunidade de poder falar com os produtores e as pessoas envolvidas no agronegócio brasileiro. Porque é fantástico, né? Eu estou nesse mercado aí a 42 anos e cada ano é diferente e melhor. Isso é que é bacana, mais competitivo, com mais oportunidades, e uma delas é exatamente essa que você acabou de mencionar. Inovação, é parte nossa rotina, como empresa, vou falar no plural porque Rovensa Next é o resultado da fusão de 10 empresas no mundo. Aqui no Brasil são 2, uma delas era Oro Agri, que como você mencionou, fiquei 15 anos lá, e da TradeCorp, que é sucessora de uma empresa muito tradicional chamada Microquímica, que já está bastante tempo aqui no Brasil também. Nós temos uma estrutura voltada não só para acessar o mercado de uma forma eficiente, mas atendendo exatamente a esse ponto que você levantou que é trazer inovação. Isso faz parte do nosso DNA. Nós temos uma política de desenvolver novos produtos, novas formulações, voltadas para qualidade e facilitar a vida do produtor rural, mas também trazer novas soluções. Existem muitos problemas hoje que não existem soluções reais, existem paliativos. Usando, por exemplo, o Greening dos citros, que é um problema que mudou a Geografia da citricultura no mundo. O Brasil mesmo, está sendo atingido de uma forma muito direta. Hoje no Brasil, o parque citrícola, em termos de área plantada, é metade do que tinha o que nós tínhamos 10 anos atrás em função dessa enfermidade.

E essa enfermidade que dizimou pomares na Flórida e outras regiões dos Estados Unidos. É um problema muito sério e nós temos uma solução para isso. Está em processo de acompanhamento de avaliação, mas nós queremos lançar muito em breve. É um produto inovador, não só no sentido de causar ser uma solução real para o problema, mas também pelo baixíssimo impacto ambiental. São, para você ter ideia e nossos ouvintes aí terem uma ideia do que nós estamos falando, a junção de 2 extratos naturais. 2 produtos derivados de plantas que possuem uma propriedade muito interessante de recuperação de plantas com sintomas de Greening, no caso de citros.

E temos outras coisas muito interessantes. Nós temos hoje um inseticida, acaricida e fungicida, tudo num só pacote. Ele não deixa resíduo nos produtos, você pode aplicar no tomate, na alface, na couve, seja lá o que for, e fica sem resíduos. E sabe o que é o mais bacana, Lucas?

GlobalFert: Hã?

Luis Carlos Cavalcante: Não faz nada em abelhas!

GlobalFert: Olha só!

Luis Carlos Cavalcante: Abelhas e polinizadores! Nós colocamos na dieta das abelhas, elas ingeriram o produto e não fez nada, tá? Mas é isso que o produtor quer, é isso que o nosso agronegócio precisa, de soluções que não tenham um problema colateral. Não adianta você resolver um problema causando outro. E essa é a nossa preocupação. Somos muito voltados para isso. Nós investimos muito nessa empresa hoje. Esqueci de falar, perdão aí aos meus chefes. Todas as empresas se juntaram e formaram conglomerado chamado Rovensa Next, nós estamos presentes em mais de 80 países, só no Brasil são 2 fábricas e um laboratório de produtos biológicos. Então nós estamos vindo com muita fome, mas também com muita coisa para oferecer em termos de inovações, novos produtos, novos serviços. Hoje em dia a gente se preocupa até com o treinamento de pilotos de aviação agrícola, Nós cuidamos disso. A questão de promover uma interação muito visual com os produtores que visitam as nossas áreas nos eventos que participamos. É aquela história, ver para crer, né? Então a gente acredita muito disso. Então as nossas ações são muito interativas, são muito visuais e o sucesso nosso. Nós crescemos em uma taxa muito alta, bem acima do mercado nos últimos anos. Somos líderes no Brasil no segmento de tecnologia de aplicação em adjuvantes, óleos e surfactantes. Isso é resultado de todo esse investimento e essa dedicação dos nossos profissionais.

GlobalFert: Que legal, que bacana ouvir dessa preocupação, né? E dessa busca incessante pelo pela inovação. E o senhor bem trouxe, que recentemente houve essa fusão da Tradecorp e da Oro Agri passando para o grupo Rovensa, né? Eu gostaria que o senhor comentasse o que motivou essa união e o que a gente pode esperar ainda mais dessa união, desse conglomerado que se tem hoje?

Luis Carlos Cavalcante: Isso não aconteceu por acaso, não é? É lógico que quando você fala de de empresas, tem sempre o lado empresarial, objetivos empresariais e o lado comercial. Nós somos muito felizes de juntar várias coisas ao mesmo tempo. Não só a junção de empresas, não é? A Rovensa já tinha exploração de algas na Irlanda, já tem uma estrutura muito boa na Europa de biofertilizantes, de bioestimulantes. Todos estes nós estamos trazendo para cá, e tem também a questão de biológicos. A Tradecorp já era muito forte na área de inoculantes, né? Inclusive até fazendo B2B, fornecendo produtos para outras empresas. É um segmento forte do nosso negócio, não é? Mas a Rovensa criou a Rovensa Next, justamente voltada para produtos bio racionais, e o objetivo é em 2025 nós sermos líderes mundiais nesse segmento. E a incorporação da Oro Agri veio justamente nesse sentido, pois são produtos sustentáveis, com esse discurso que eu citei agora pouco. Então foi um casamento perfeito, né? A Oro Agri se encaixava perfeitamente dentro desses objetivos da Rovensa, dentro do braço Rovensa Next.


GlobalFert: Legal, bacana! E hoje, se a gente juntar, por exemplo, Tradecorp e Rovensa, a gente tem mais de 70 anos de know how no mercado e muita coisa já vivida, né? E hoje não só olhando a parte empresarial, mas a parte mundial, a cada ano que passa, como o senhor bem comentou no início, o agro é uma loucura ano após ano. Então a gente veio de estar começando uma pandemia, depois 3 anos de pandemia e começa uma guerra entre Rússia e Ucrânia. Agora a gente está vivendo uma guerra entre Israel e Palestina com o Hamas. Então, a cada ano que passa, é um desafio novo e uma incerteza nova que a gente traz. E eu queria saber, na opinião do senhor hoje, desafios e oportunidades que a Rovensa Next mais encontra no setor.

Luis Carlos Cavalcante: Primeiro, de produtos bio racionais, como eu te falei, produtos que tenham efetividade, sejam eficazes, sejam percebidos pelos usuários e pelos produtores como soluções reais, e isso já existe no nosso portfólio. Mas também a questão de produtos biológicos, é uma realidade, né? É o segmento que mais cresce no mundo e aqui no Brasil, então, é algo absurdo. Como tudo no Brasil é grande, né? Não só geograficamente, mas qualquer coisinha aqui do Brasil, representaria muita coisa lá fora, né? Então, nas reuniões a gente até fica curioso assim, que qualquer coisa que a gente faz aqui representa uma Itália. Olha isso aqui representa a Itália. Isso aqui representa todas as vendas da Itália, por exemplo, isso aqui representa a Inglaterra. Então, olha capacidade de influência que tem o nosso negócio, né? Então, é a pungência do Brasil é isso, tudo é oportunidade. Existem muitas oportunidades e tem muitos players. Logicamente, a concorrência vem na mesma proporção, mas é um desafio, é um desafio constante. A gente gosta muito disso, porque é a concorrência que nos faz ter uma postura de superação constante, buscar novas soluções, ter uma abordagem diferenciada, mais profissional, mais eficiente e é isso que nos move. O Brasil é fantástico. Eu estou nesse mercado há 42 anos e nunca vi 2 anos iguais, né? Então isso que você falou de pandemia, de guerras, de conflitos, esse tipo de desafio todo ano tem um nome, tem um motivo né? Eu nunca tive um ano tranquilo que a gente fala: “Puxa vida, a coisa está tão tranquila, tudo tão calmo”. O dia que isso acontecer, eu vou ficar muito desconfiado, tem alguma coisa errada, não é? Pode ter certeza de que vai ser motivo de grande preocupação da minha parte.

GlobalFert: Mas é tão preocupante quanto a própria preocupação, não é?

Luis Carlos Cavalcante: O que que eu não estou sabendo, não é? Será que eu não estou interpretando direito os sinais? Alguma coisa assim, não é?

GlobalFert: Perfeito! E aí, eu sei que o senhor já bem comentou dessa parte de inovações sobre a parte de biológicos, né? Mas assim, queria saber do senhor para os próximos, com a gente vindo de ano após ano com uma dificuldade nova, não é? Mas assim, de agora para esse finalzinho de 2023 e início de 2024, quais as expectativas dessas tendências do mercado de nutrição vegetal? Como você está enxergando isso neste finalzinho de 2023 e início de 2024?

Luis Carlos Cavalcante: A gente começou no ano passado com um período muito desafiador, onde o preço das commodities caiu de uma forma geral, tirando algumas exceções. O produtor, até por uma questão política também, ficou muito preocupado, visto que existia um clima de incerteza muito grande e é normal, né? Como qualquer atividade humana, quem toma decisões fica um pouco mais conservador e analisa melhor a situação antes de tomar uma decisão. Logicamente, o agro passou por isso e nós tivemos discrepâncias em preços de alguns produtos, até em decorrência do fornecimento de matéria-prima. Durante a pandemia, as matéria-prima, até as embalagens, ficaram sem parâmetros. Parece que tudo ficou sem referência, né? Então era muito difícil. Em alguns setores, foram tomadas decisões de estocar e depois os preços caíram, em outros optaram por permanecerem a parte de tomar decisões e depois tiveram que comprar mais caro. Então, tem todo o tipo de história que você possa imaginar, né? Mas então, você teve muita discrepância, isso afetou muito o sistema de distribuição. O próprio sistema de distribuição do Brasil está passando por um processo de transformação muito grande em razão da entrada de fundos de investimento, de aquisições, de uma seleção natural que existe quando você tem uma crise, né? Aqueles menos preparados ou menos estabelecidos na relação com os clientes, sofrem um pouco mais e às vezes até desaparecem. Mas, a gente tem que estar preparado para isso, né? Eu diria que o nosso grande sucesso e vai continuar sendo o nosso pilar de sustentação de acesso ao mercado é a distribuição, que tem nos ajudado bastante. Eu mesmo sou um fanático da distribuição, sem distribuição, você não consegue nada e os parceiros sabe sabem do que eu estou falando. Então, o Brasil está passando por muita transformação e distribuição talvez seja a principal. Distribuição de insumo de uma forma geral. Por outro lado, sempre tem oportunidades, né? Porque é como eu falei, um ano nunca é igual ao outro. Então, você tem sempre que estar se renovando, né? Não é nem inovando, é renovando, porque as condições são diferentes, não são as mesmas e nunca foram, de modo que não dá para aprender muito.

Tem até uma coisa que eu falo quando eu entrevisto alguém, sabe, Lucas? Eu pergunto e a pessoa fala que tem 15 anos de experiência. Não, você não tem 15 anos. Por exemplo, eu comecei a trabalhar em 2000, em 2015, eu tenho 15 anos. Não, você não tem. Você tem 15 vezes um ano, o que é totalmente diferente. Se você estiver tomando decisões com o que você viu há cinco ou seis anos atrás, você está fazendo tudo errado, né?

Luis Carlos Cavalcante: Então, cada ano é diferente, como já falei. Isso é ótimo e as oportunidades também são novas e a cada ano aparece oportunidade. Você quer ver um exemplo? A questão dos biológicos, né? Que agora é a grande onda do mercado. Então, nós vamos surfar essa onda também, mas vamos criar uma onda própria, né? Paralela a essa que todo mundo está, onde todas as empresas estão investindo em biológicos, em novas cepas, em novos microrganismos, nós também estamos! Como eu falei, nós temos o laboratório mundial da Rovensa Next, que fica aqui no Brasil, né? Essa área tem a pungência do mercado brasileiro e justifica nisso. Mas nós estamos indo em produtos que potencializam esses microrganismos. Então são produtos que aplicados juntamente com os microrganismos biológicos, eles passam a funcionar melhor, eles têm mais longevidade e são mais eficientes. O tempo de colonização dos insetos é muito mais rápido, né? Temos os casos da Beauveria, da Isaria, que respondem muito bem a esses produtos, os testes indicam isso. A realidade do campo mostra isso que a gente trouxe nas nossas áreas e também, para microrganismos aplicados no solo, os próprios inoculantes, né? Então eles trabalham melhor com esses produtos. Nós temos uma expectativa, muito boa e muito positiva em relação a isso, em função dos resultados que nós temos obtido ao longo do ano em todas as regiões geográficas do Brasil.

GlobalFert: Sim, perfeito! É isso Sr Luis Carlos, o importante é não ficar parado, não é? Inovação vem atrelado a isso e soma nesse período de dificuldade, onde a gente pode almejar e aproveitar essas oportunidades que vão aparecendo, né?

Luis Carlos Cavalcante: Esse é o segredo, né? Transformar tudo em desafio, né?

GlobalFert: Exato!

Luis Carlos Cavalcante: Não existem obstáculos, existem desafios. A gente tem que mostrar do que que a gente é feito, né? A gente usa muito essa frase. Superar e transformar isso numa oportunidade.

GlobalFert: Perfeito! Bom Seu Luís, eu quero em nome de toda equipe do GlobalFert, agradecer imensamente o senhor ter aceitado o nosso convite, a presença do senhor aqui e ter agregado ainda mais para o que foi esse nosso anuário com esse nosso incrível bate-papo! Eu quero deixar aberto para o senhor deixar sua mensagem e te agradecer imensamente mais uma vez pela oportunidade de conversar com o senhor.

Luis Carlos Cavalcante: Nós que agradecemos essa oportunidade! Deu para a ver que eu gosto muito de conversar, não é? Mas além de ser gostoso, a gente está sempre aprendendo com essa troca de informações. É por isso que a gente gosta tanto de ir para o campo. Eu gosto tanto de conversar com os nossos clientes. Quantas ideias surgiram em função desses bate-papos, que é uma necessidade que às vezes, lá no escritório, a gente não consegue detectar, né? Então, eu acredito muito que boa parte do nosso sucesso são essas conversas que a gente tem com os nossos clientes.

E estou aqui para desejar uma safra maravilhosa! Os preços parecem que começaram a reagir, né? Então, isso dá um ânimo, uma injeção de entusiasmo. O milho está reagindo, a soja está reagindo, o açúcar, está indo muito bem, não é? Está certo que é em função de alguns problemas em outros países, mas está valendo tudo, não é? Faz parte do jogo, fazer o quê, não é? Mas o produtor tem que aproveitar essas oportunidades e investir em insumos de qualidade e que realmente dê retorno. Nem sempre aquilo que é mais barato, é mais eficiente, né? O pessoal fala às vezes que um produto está caro, mas produto caro é aquele que não funciona. Esse é caro. Esse aí é complicado, né? Então, o produtor tem que ter critério na hora de escolher e avaliar todos os benefícios para fazer a melhor escolha, porque isso aparece na colheita. É a colheitadeira que diz se ele tomou a decisão certa ou não, né?

GlobalFert: Certo. Vai refletir em algum momento!

Luis Carlos Cavalcante: Obrigado, muito obrigado! Muito obrigado e boa sorte a todos. Uma safra maravilhosa para todos!

GlobalFert: A gente agradece muito, obrigado!

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