Entrevista: Entrada de fertilizantes representa aproximadamente 10% do total importado no Porto do Rio Grande

A autoridade portuária do Porto do Rio Grande, Superintendência do Porto do Rio Grande, concedeu uma entrevista para o GlobalFert. Janir Branco que assumiu a administração portuária em Fevereiro de 2015, em sua segunda passagem pelo Porto do Rio Grande, destacou que, entre janeiro e julho, a movimentação de fertilizantes representou mais de 2,2 milhões de toneladas no complexo portuário. Branco é formado em Direito e tem experiência na área de administração pública, foi Diretor-Superintendente do Porto do Rio Grande em 2009.

Imagem: GugaVW

1) O Porto do Rio Grande é considerado o segundo local de maior entrada de fertilizantes do Brasil. Em relação à movimentação total do ano de 2015, quanto representa a importação de fertilizantes em termos percentuais?

Nos sete primeiros meses de 2015, os fertilizantes representaram 10,2% do total de movimentação do Porto do Rio Grande. Mas consideramos que esse produto acaba passando duas vezes pela nossa estrutura. A primeira quando chega na forma de fertilizante e a segunda quando deixa o porto através do produto final depois de passar pela lavoura. O Porto do Rio Grande tem uma grande expressividade na movimentação de soja que até julho já ultrapassou as oito milhões de toneladas. Os fertilizantes, entre janeiro e julho representaram mais de 2,2 milhões de toneladas em nosso complexo. 

2) Em uma notícia recentemente publicada na mídia afirmou-se que a movimentação do mês de julho no Porto do Rio Grande foi fundamental para o crescimento de 2,9% no acumulado do ano. A diferença foi apontada principalmente no granel sólido que aumentou aproximadamente 6%. De que forma a importação de fertilizantes influenciou este crescimento?

Costumo dizer que a movimentação do Porto do Rio Grande está diretamente ligada a produção agrícola do Estado do Rio Grande do Sul e em toda a cadeia, não apenas no produto final. A estrutura portuária recebe a importação do fertilizante que acaba sendo transformada ou levada até o campo é utilizada e após isso retorna com o produto final que é a soja ou outro produto. O sucesso do fertilizante na lavoura acaba sendo revertido em aumento de mercadorias aqui em Rio Grande. 

3) No primeiro semestre de 2015 a importação de fertilizantes intermediários apresentou uma queda de 22% em relação ao mesmo período de 2014, devido à desvalorização do Real e ao atraso na liberação do crédito para a safra 2015/16. O adiamento das compras está afetando o descarregamento atual de fertilizantes no Porto do Rio Grande?  Qual o tempo médio de espera dos navios para descarga?

O tempo médio de espera de um navio para operação é um dado que varia de acordo com o período do ano, safra e sofre também influência das condições climáticas. A média é de cinco dias de espera para que o navio possa atracar. Nosso porto é destacado pela agilidade que tem feito suas operações. Até o momento, diante de toda a crise nacional e internacional temos visto nossa movimentação manter os mesmos patamares do ano passado e esperamos que isso siga ocorrendo até o final do ano, até mesmo podendo ter um leve crescimento. No campo dos fertilizantes estamos considerando a movimentação dentro de nossas expectativas. 

4) O setor de estatística da Superintendência do Porto do Rio Grande divulgou recentemente que a Rússia e o Marrocos se destacaram como principais locais de importação.  Entre os produtos que apareceram como destaque estão os fertilizantes fosfatados. Quais são as principais origens dos navios de fertilizantes que desembarcam no Porto do Rio Grande?

Os navios de fertilizantes têm as mais variadas bandeiras que trabalham o produto. Quanto às rotas de importação temos a Rússia e o Marrocos como destaque, mas verificamos importações no ramo de fertilizantes de mais de 25 rotas internacionais. Com o Marrocos temos destaque para fosfato de cálcio natural, superfosfato triplo e os fosfatos diamônico e monoamônico. Já a Rússia tem seu destaque com produtos com os fosfatos diamônico e monoamônico e cloreto de potássio. 

5)O Porto possui planos de investimentos em infraestrutura para aumentar sua capacidade de descarregamento?

Sem dúvida, a atividade portuária exige da administração, da autoridade portuária, dos terminais e operadores uma busca constante pela qualificação da infraestrutura. No âmbito do Porto Novo, cais público, em que atuam os operadores portuários, está em andamento a obra de modernização do cais em 1.125 metros. Uma obra orçada em R$97 milhões com recursos do Governo Federal que deve entregar um trecho de 360 metros para operação no inicio de 2016. Quando concluída a obra, poderemos buscar o aprofundamento do calado do Porto Novo que hoje está em 10,5 metros. Já no âmbito do Superporto, em que estão os terminais especializados, já temos assinado o contrato para uma dragagem de manutenção que deve possibilitar a homologação do novo calado de 16 metros junto à Marinha do Brasil. Essa é uma obra federal, com orçamento de mais de R$360 milhões de investimento, que deve iniciar em 2016. Tudo isso, somado aos constantes investimentos dos operadores portuários em guindastes e equipamentos e dos terminais em modernização e qualificação de pessoal garante que o Porto do Rio Grande seja competitivo no cenário nacional e internacional e esteja preparado para cada vez mais atrair cargas, ser ágil e aumentar a movimentação. 

Sobre o Porto do Rio Grande

Privilegiado por seus aspectos geográficos, o Porto do Rio Grande consolidou-se como o porto do Conesul, tendo forte atuação no extremo sul do Brasil, estando entre os mais importantes portos do continente americano em produtividade, oferecendo serviços ágeis e de qualidade. Dotado de uma completa infraestrutura operacional o porto gaúcho é considerado o segundo mais importante porto do país para o desenvolvimento do comércio internacional brasileiro. O Porto do Rio Grande em áreas operacionais de embarque e desembarque de produtos possui o cais público, Porto Novo, que opera com diversos operadores portuários privados e o Superporto, em que estão localizados os terminais especializados. 

Equipe GlobalFert, 28/08/2015

Imagem: João Paulo Ceglinski