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Entrevista exclusiva com Wanderson Tosta, Diretor de Marketing da Jacto

Confira a entrevista exclusiva com o diretor de Marketing da Jacto, Wanderson Tosta, contando sobre as inovações da empresa e perspectivas para 2025.

Marília Morelli: Olá pessoal! Sejam bem vindos a mais um conteúdo exclusivo do GlobalFert. Eu sou a Marília Morelli, analista do GlobalFert. Hoje vamos começar com o Wanderson Tosta, que é diretor de marketing da Jacto. Wanderson, primeiramente, é um prazer ter você aqui com a gente hoje, representando a Jacto, e eu gostaria de te agradecer pela disponibilidade e pelo seu tempo aqui com a gente hoje.

Wanderson Tosta: Olá Marília, eu que agradeço, em nome da Jacto, por estar aqui, e por poder compartilhar o que nós estamos fazendo, e com o que a gente tem pensado sobre os temas que nós vamos abordar hoje aqui.

Marília Morelli: Perfeito, Wanderson! Bom, para dar início então a nossa conversa, falando um pouco sobre a Jacto, hoje é uma empresa que está presente em mais de 100 países, com produtos de alta tecnologia e soluções inovadoras para agricultura. Eu gostaria que você nos contasse um pouco mais sobre a empresa, sobre os segmentos atendidos e onde vocês estão localizados.

Wanderson Tosta: Legal! Bom, a Jacto, é uma empresa brasileira, que foi fundada por um imigrante japonês, o senhor Shunji Nishimura, há 76 anos atrás, com base aqui n o Brasil. Nós temos fábricas em outros lugares do mundo, temos uma fábrica na Argentina, temos uma fábrica na Tailândia, voltada para produtos portáteis. Mas nossa base, nosso PD, nosso desenvolvimento, estão todos centralizados aqui. O nosso começo, lá em 1948, ano de fundação da empresa, foi com um produto que era uma polvilhadeira costal, que o Shunji Nishimura desenvolveu naquela época e deu origem a empresa a Jacto.

De lá para cá, muito tradicionalmente, nós passamos bastante tempo focados em pulverização, temos vários modelos de pulverizadores automotrizes autorizados e também colhedora de café. Em 1979, a Jacto colocou no mercado a primeira provedora de café para a colheita mecanizada do café. E de lá para cá, a gente vem entrando em outros segmentos e, mais recentemente, nós entramos no segmento de plantio, com plantadeira para o mercado de cereais, adubação, colheita de cana e drones. Nós temos feito também algumas açções, dentro do que chamamos de agricultura digital, com a parte de gestão de operações, de todo esse ecossistema que circunda, os produtos e o ambiente agrícola dentro das propriedades. Então eles tem sido o nosso portfólio, nos últimos anos.

Marília Morelli: Falando um pouco mais sobre tecnologia, a Jacto investe cerca de 5% do faturamento em pesquisa desenvolvimento. Poderia comentar um pouco sobre como funciona esse processo de desenvolvimento de um novo produto, até chegar aí no consumidor final, que vai atender a todas as necessidades do produtor.

Wanderson Tosta: A gente está sempre atento ao mercado, né? Temos vários canais onde recebemos feedbacks de clientes do próprio mercado, revendedores, os eventos que a gente participa no Brasil, no mundo inteiro. Temos conversas diretas com produtores, com toda a cadeia envolvida e sempre surgem demandas de melhorias de produto, de coisas que precisamos fazer. O nosso time de vendas, pós venda e engenharia também está sempre em contato no campo, tentando entender a dor do produtor, o que é que ainda precisa ser melhorado, o que não está resolvido.

Também olhamos a questão de mercadológica, porque, obviamente, desenvolver um produto hoje, como você falou, tem um investimento da empresa, é de 5% do faturamento. Isso requer um investimento das pessoas e recursos. Então você precisa ter um mercado do outro lado que tem a demanda de compras de interesse por esse produto. Nós temos um processo de desenvolvimento bastante robusto, que inicia com essa captura de informações, depois disso vem para a engenharia, que junto com a área comercial e marketing, realiza um levantamento de informações de mercado para entender qual é a dor do cliente, o que precisamos resolver.

Depois disso é feito uma análise financeira, uma análise de negócios em cima disso. Após esta etapa, existem várias fases no processo. Vem a fase de traduzir essa dor do cliente em especificações de engenharia. E através disso são gerados layouts ou formas de como esse produto pode atender a essa especificação que foi levantada. Em seguida vem a fase de construção física desses protótipos, que é uma fase de realização mesmo, de montar esses equipamentos.

Após tudo isso, o equipamento vai a campo, e é nesta etapa que conseguimos validar as tecnologias, os novos produtos e novas especificações. É uma fase para analisar se as novas tecnologias, de fato, vão entregar esse benefício que foi identificado lá na primeira fase, se vai resolver essa dor do cliente, se vai entregar esse benefício que a gente se propôs a fazer depois.

Uma vez validado com sucesso essas etapas, normalmente até termos o acerto do produto, temos alguns loops e repetições das fases.

Após isso, vamos para uma fase mais industrial, de investimentos em ferramentais, de colocar isso dentro do processo produtivo. Quando de fato a gente lança o produto, tem um lote que a gente chama de piloto de startup, que é fase em que rodamos a prática do projeto.

Porém, durante todo este período, inclusive depois de lançado, nós monitoramos através de pesquisas de satisfação, como o cliente está se adaptando com o produto, como está fazendo uso dele, e como é que está a satisfação dele com isso. E com isso surgem muitas oportunidades de melhoria, de como esse produto está operando no campo.

Marília Morelli: Wanderson, a gente vê que o trabalho que vocês fazem é extremamente importante para o agronegócio e considerando todos esses investimentos em pesquisa e inovação, que facilita o dia a dia do produtor e estimula busca e o aumento da produtividade. Nesse sentido, quais os desafios que você acredita que o produtor e o setor ainda precisam enfrentar?

Wanderson Tosta: Legal, Marília. São muitos desafios, na verdade, existe uma dificuldade grande hoje. A agricultura, para quem acompanha, sempre tem altos e baixos. O produtor depende de muitos fatores, que em grande parte nem estão sob o controle deles. São aspectos naturais de fenômenos climatológico, como por exemplo, choveu mais, choveu menos etc. Ele faz uma parte do trabalho, a outra ele precisa torcer muito para que aconteça dentro das janelas corretas, para que ele tenha sucesso.

Existem muitos desafios que temos tentado ajudar o produtor no sentido de melhora das tecnologias, tecnologias que fazem o trabalho ser feito com uma qualidade melhor. O produtor tem o desafio de melhorar a eficiência global das máquinas e do trabalho que faz o campo. Isso, porque ele precisa se tornar competitivo a todo momento, né? Nós estamos falando de um setor que lida, em grande parte, com commodities agrícolas, que são precificados de maneira internacional. Então ele precisa estar o tempo todo estar atualizado, de forma a ter competitividade. Ou seja, ele precisa reduzir custos. Ele precisa fazer mais no mesmo espaço de terra. Todos os investimentos, aqueles 5% que a gente falou de investimento em pesquisa, é no sentido de servir e apoiar o produtor para que ele se mantenha competitivo dentro da sua atividade.

O intuito é melhorar a operação agrícola, melhorar o trabalho que essas máquinas fazem no campo, levar mais automação, levar mais conforto para as pessoas e diminuir o uso ou usar de maneira mais assertiva os insumos, seja o fertilizante, o produto químico, para que ele seja aplicado com mais qualidade no local correto.

Então todas essas tecnologias vão caminhando para isso, o que ajuda o produtor fazer o trabalho melhor, com menor custo e aí melhorar a eficiência global, e no final ter uma rentabilidade melhor. No final, eu acho que é essa a ajuda que a gente tem tentado prestar.

Os desafios são muitos, porque essas tecnologias avançam muito rápido. Você precisa ajudar também com treinamento, junto com instrução sobre essas novas tecnologias.

Esse tem sido um desafio grande. Nós temos aqui na empresa hoje uma área de treinamentos que treina aproximadamente 10.000 pessoas por ano a respeito de como usar nossos produtos de maneira correta. Temos treinamentos da área de vendas pós-vendas para que a gente consiga realmente suportar a operação do cliente da melhor forma possível.

E o desafio maior para o produtor é estar antenado com isso tudo, estar com as equipes bem treinadas, para que ele realmente tire proveito de toda essa tecnologia e ele colha os resultados lá no final.

Marília Morelli: Perfeito, Wanderson. Trazendo um pouquinho sobre o que você falou sobre automatização do maquinário, que é muito importante para minimizar todos esses impactos que o produtor realmente não consegue controlar. Falando sobre automatização com a utilização de sensores, que também vocês utilizam bastante, como essas alterações favorecem o dia a dia do produtor rural?

Wanderson Tosta: Boa pergunta, Marília! Eu divido o benefício dessas alterações em dois grandes eixos. O primeiro seriam as automações que estão diretamente ligadas a entrega do produto, como eu falei. Hoje você tem equipamentos que abrem e fecham o bico de pulverização sozinho, lendo o mapa, a aplicação é feita de forma mais assertiva. Falando de adubação, nós temos tecnologia na nossa dubladora, que permite abrir e fechar a pulverização, a distribuição do fertilizante granulado em várias sessões. Isso tem proporcionado economias da ordem de 10 a 15% de economia de fertilizante, porque eu não aplico lá no carreador.

Nas áreas de pó de borda, eu consigo evitar que caia produto fora de onde não precisa.

Esses são os sensores que ajudam o produtor a fazer o trabalho melhor, o trabalho que ele já fazia de forma mais automatizada, que auxilia o operador a fazer aquela operação com maior eficiência.

O segundo eixo, eu entendo que são coisas cujo benefício está até um pouco fora do produto, são os sistemas hoje de telemetria, de gestão da operação, que você tem plataformas.

Nós temos uma plataforma aqui que se chama Ecos, é uma plataforma de multimarcas. Inclusive, o produtor pode conectar produtos que não são só da marca Jacto e enxergar todos eles dentro da sua propriedade, de forma online, a partir de uma única plataforma. Com isso, você consegue monitorar a eficiência dos produtos, o quanto ele está pulverizando ou plantando, o quanto de operação ele tem realizado naquele momento, praticamente em “real time”, e fazer uma gestão da sua operação de modo muito mais eficiente.

Então, todos esses sensores têm permitido isso, inclusive, no lado de automatizar a navegação dos produtos. Nós temos produtos autônomos, que andam sozinho pela lavoura e trabalham de forma colaborativa um com o outro, enxergando onde um equipamento já passou e já aplicou. E isso tem sido bastante gratificante para nós, no sentido de ajudar o produtor a vencer essa barreira, de fato, tecnológica.

Existem desafios ainda de conectividade no país inteiro. A gente tem trabalhado também para ofertar soluções de conectividade para o produtor. Essas máquinas com tecnologias, com todas as plataformas disponíveis, sem conectividade não conseguem tirar proveito dos benefícios de tudo isso. Então tem sido desafios e grandes, mas as empresas, de uma maneira geral, e a Jacto em especial, tem trabalhado bastante para ajudar o produtor a vencer essas barreiras e desafios.

Marília Morelli: Muito bacana, Wanderson! É muito legal ver a tecnologia sendo aplicada no agro, fazendo a diferença para todo o setor, e o principal que é o pessoal aderindo à essa tecnologia, que traz muitos benefícios aí para todo mundo. Wanderson, encaminhando para o final, eu deixo aberto se você quiser trazer um pouco mais sobre a Jacto. E aproveito, também, para perguntar um pouco mais sobre o que a gente pode esperar de inovação da Jacto para os próximos, os próximos passos para os próximos anos, especialmente para 2025.

Wanderson Tosta: Ah bacana! Falando das tecnologias disponíveis, a gente entrou no mercado de drones e eu não comentei muito. Mas o mercado de drones, como temos a pulverização como algo bastante forte de know how de tecnologia de desenvolvimento, o drone não é um substituto do pulverizador.

O drone é uma ferramenta complementar a pulverização, que tem a sua utilização melhor em algumas condições, como de topografia, de umidade e até mesmo do tipo de tratamento que ele faz. O drone tem um potencial de fazer o trabalho com qualidade, muitas vezes melhor que o pulverizador terrestre.

Mas há muitas condições também que o pulverizador terrestre tem a melhor condição de fazê- lo. Então, nós, como fabricante, que podemos oferecer as duas coisas, temos o compromisso de orientar o cliente, ajudar ele, escolher a melhor ferramenta, a melhor solução de pulverização para aquela situação que ele tem.

Nesse caminho, eu falei bastante do treinamento e eu queria deixar aqui uma mensagem. Nós temos hoje uma fundação, já há bastante tempo que o senhor Nishimura criou, como objetivo de formar pessoas para o agro.

Hoje nós temos uma parceria com duas instituições do governo, uma que é o Senai e outra que é o Fatec. A Fatec oferece hoje dois cursos específicos para o agro, um que trata e forma pessoas para lidar com esse grande volume de dados, é um curso de Big Data voltado para o agronegócio. Então é uma pessoa que tem esse entendimento, de como coordenar e lidar com todas essas informações. E o outro curso é de mecanização em agricultura de precisão. Então esse é um curso que forma as pessoas para realmente lidar com todos esses maquinários, com todas essas plataformas tecnológicas. A gente forma muitos alunos por ano, isso tem uma ligação muito forte, não só com a Jacto, mas é um campo neutro de formação de pessoas que vão depois para o mercado, e todas as empresas acabam se aproveitando de ser essa mão de obra mais qualificada, que ajuda em todos aqueles pontos que eu comentei com você. Tem muitos alunos que ingressaram em muitas fazendas do país inteiro. Então isso é um trabalho educacional, de formação, que é bastante importante aqui também, dentro do grupo Jacto com a Fundação Shunji Nishimura.

Falando um pouco de futuro, que você comentou, a gente tem trabalhado bastante para enxergar quais são as oportunidades e o que podemos fazer além. Então a gente entrou no mercado de drone recentemente, temos trabalhado para consolidar isso no mercado, assim com a colheita de cana.

A gente tem todo um portfólio ainda para trabalhar em termos de linha de plantio, que completa os nossos dois modelos hoje comerciais. Então, o que vem pela frente?

Temos a intenção de completar todo esse portfólio e colocar à disposição para todos os tipos de níveis de agricultores, para que a gente possa ofertar nossa tecnologia em todos os ambientes. Esse é o foco do trabalho agora, é reforçar essa questão do ecossistema digital de conectividade, porque isso vai fazer bastante diferença no futuro em termos de trazer mais eficiência, fazer uma gestão mais profissional dentro da propriedade, reduzir custo, uso eficiente dos produtos. Também tem um apelo ambiental quando você usa melhor os produtos e reduz desperdício. Isso está ligado a essa agenda mais de sustentabilidade que a gente fala, eu acho que é o grande e o grande mote aí para os próximos anos.

E estamos trabalhando no sentido de integrar todas essas novidades.

Marília Morelli: Muito bacana, Wanderson! Muito bacana conhecer todo o trabalho da Jacto, todas as inovações, tudo que vocês vem trabalhando no campo. Para finalizar, eu queria agradecer você em nome de todo o GlobalFert. Quero agradecer a Jacto também, a sua disponibilidade para conversar um pouquinho com a gente. E eu vou deixar aberto caso você queira falar alguma coisa, deixar as suas palavras e agradecer, mais uma vez, imensamente pelo seu tempo.

Wanderson Tosta: Na verdade nós é que agradecemos. A gente tem sido parceiro do GlobalFert há algum tempo, vocês fazem um trabalho fantástico. Quero agradecer esse momento, uma oportunidade podermos falar um pouquinho de como é que a gente desenvolve tudo isso, como é que a gente trabalha, como é que a gente enxerga esse mercado do agro, que é fantástico.

E o Brasil tem uma capacidade de produção, de usar tudo isso, de fazer três safras por ano.  Então isso é tudo muito motivador para nós. Eu quero agradecer a oportunidade de estar aqui com vocês, falando um pouquinho sobre isso.

Marília Morelli: Com certeza a gente vai ter outras oportunidades, tá bom? Então eu gostaria de agradecer mais uma vez, obrigada Jacto pela disponibilidade, e obrigado a você que acompanhou essa entrevista até aqui. Até mais e até a próxima.

GlobalFert, 07/11/2024.

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