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Entrevista exclusiva com Wanderson Tosta, Diretor de Marketing da Jacto

Acompanhe a entrevista exclusiva com Wanderson Tosta, Diretor de Marketing da Jacto, falando sobre inovações para o setor agrícola e perspectivas futuras para o mercado. 

GlobalFert: Olá, pessoal, sejam bem-vindos a mais um conteúdo exclusivo GlobalFert!

Eu sou o Lucas Curti, analista do GlobalFert e hoje eu tenho a honra de estar na presença de Wanderson Tosta da Jacto. Wanderson muito obrigado aceitar o nosso convite e ter disponibilidade de falar aqui com a gente.

Wanderson Tosta: Eu que agradeço a oportunidade Lucas. Estar com vocês aqui e poder compartilhar um pouquinho do que a gente faz, do que a gente pensa. Obrigado!

GlobalFert: Bom Wanderson, vou começar abrindo um espaço para que você se apresente, falar qual seu papel hoje na Jacto, qual sua formação. Fique à vontade para se apresentar.

Wanderson Tosta: Ok! Sou engenheiro mecânico de formação, faz 23 anos que eu estou na companhia. Atuei por 10 anos dentro da área de pesquisa e desenvolvimento, mais voltado para a engenharia. Depois eu migrei para a área de planejamento de produto, marketing, e já faz de dez para doze anos que eu estou aí dentro dessa área mais ligada ao marketing. Hoje eu estou como responsável pela área de marketing.

GlobalFert: Que legal, é uma longa caminhada né. Bom e para começarmos o nosso assunto Wanderson, a Jacto, além de ter parte do maquinário agrícola, ela fornece serviços como o “Next”, você poderia comentar um pouco sobre esses produtos e como eles auxiliam na produção rural?

Wanderson Tosta: Ok. A Jacto completa esse ano 75 anos, né? Uma empresa que tem várias linhas de produtos dentro da operação agrícola. A gente atua com a pulverização, com adubação, colheita de café… Nós estamos também iniciando, mais recentemente, na história da empresa, uma linha de equipamentos para plantio. Temos veículo autônomo e tem outras coisas aí que temos feito também.

Quando nós olhamos esse mundo das máquinas, dentro do contexto da operação agrícola do cliente, de uma fazenda, tem outras coisas que auxiliam dentro desse processo. Então, quando olhamos a média de produção nacional de soja perto de 60 sacos, neste mesmo momento tem cliente que faz 120 ou 130 sacos. Então você fala, puxa onde que mora a diferença? É no detalhe que essas coisas, operacionalmente, vão ganhando espaço né?

Então, hoje a ideia é que possamos fazer uma agricultura e praticar a agronomia com o nível de diagnóstico, seja do solo, da planta e novas variedades. Monitorar a presença de pragas ou não, o nível de nutrientes que estão no solo. Todos os sensores, as coisas que estão fora da máquina e que estão conectadas dentro desse sistema de produção do agricultor. Nós precisamos de alguma forma gerenciar isso e é um benefício que você mede fora da máquina. É muito difícil você colocar, muitas vezes, por produtor, isso de uma maneira simples.

A ideia da Jacto Next é uma área de serviço que foi criada para facilitar um pouco a vida do produtor e conseguir implementar essas tecnologias de uma forma mais simples. Então existe um aplicativo, um ecossistema digital e uma governança em cima disso. Através do aplicativo, que se chama EKOS, e é um módulo de gestão de operações, onde eu posso conectar a fazenda, o que a gente chama de agricultura digital, onde é possível colocar todos os equipamentos desse cliente, não só os equipamentos Jacto. Então, conectamos aplicativos de outras marcas, somos uma plataforma multimarcas.

Junto com a máquina tem outras coisas, como sensores de umidade e temperatura atmosférica, como as estações meteorológicas. Nós estamos trabalhando também com armadilhas eletrônicas, com feromônio que atrai um determinado tipo de praga e você consegue entender como e onde a praga se movimenta pelo talião, por onde ela está começando, né? E você consegue fazer uma pulverização muito mais assertiva e localizada para conter o avanço dessa praga. Então, a agricultura está se tornando muito mais inteligente nesse ponto de vista, do que fazer, quando fazer e mais do que isso, de uma forma muito preventiva.

Então, esse é o desenho do futuro para que a gente suba essa média de produção em torno de 60 sacos para um nível maior, na medida que você consegue gerenciar todos esses parâmetros de uma forma integrada e simples. Isso porque, a complexidade disso tudo é bastante grande para o produtor, em termos de ferramentas, de quantidade de coisas que ele precisa coordenar. Então, a área de serviço vem para descomplicar um pouco isso e ajudar o produtor a fazer essa transição né?

GlobalFert: Legal! Puxando um pouquinho disso que você começou a trazer, dessa automatização, além de automatizar os processos, a gente automatiza também o maquinário agrícola, como o pulverizador automático. Essas alterações causam impacto diretamente para o produtor, desde o pequeno até o grande. Então, como essas alterações causam impacto no dia a dia do produtor rural?

Wanderson Tosta: Vamos dizer que nesse processo de evolução das máquinas, a gente tem tecnologias que são muito focadas na entrega do trabalho que é a função do equipamento. Então, um pulverizador precisa pulverizar com qualidade para entregar aquela função. Assim, tudo que a gente tem feito aqui a gente faz pensando na importância de fazer essa entrega de forma consistente.

Tem a outra parte que eu acho que é a parte do veículo, que é o equipamento que carrega essa função. Então, isso foi evoluindo muito. Sob o ponto de vista veicular, essas máquinas ganharam conforto para o operador e ganharam proteção. Hoje um operador trabalha numa cabine com ar-condicionado, tem um nível de conforto melhor. Então as máquinas desempenham uma velocidade, uma capacidade produção horária, muito maior do que se tinha antes. Então, isso foi uma coisa que o veículo em si evoluiu e trouxe essas vantagens que impactaram o produtor, sob ponto de vista da capacidade operacional e da quantidade de trabalho que ele consegue realizar dentro da sua propriedade.

Outros aspectos são os das tecnologias que trouxeram para a função do equipamento um aumento da qualidade e automação, sob o ponto de vista de ajudar o operador a realizar aquilo para que ele possa observar outros parâmetros. Eu falei do veículo, por exemplo, o piloto automático, GPS, tudo isso veio para dar não só conforto, mas também uma autonomia para a máquina e fazer aquele trabalho sem ter que depender tanto do operador. Aí o operador passa a observar outros aspectos do trabalho, que até então a gente não tinha condições para observar.

Quando eu falo da pulverização, tem uma série de coisas envolvidas. Desde a gota certa, até usar o bico corretamente e ter a máquina calibrada para que ela faça aquela aplicação correta e na quantidade certa. Então, as máquinas ganharam muito mais inteligência hoje, por exemplo, o Uniport 3030 é uma máquina que tem o maior nível de tecnologia da linha de pulverizadores autopropelidos da Jacto.

Então, um pulverizador como este tem mais de 50 sensores espalhados pela máquina, 12 controladores e 12 computadores que governam tudo. Isso, desde o movimento da máquina, a velocidade da bomba de aplicação. Além de como será feito o controle dessa bomba de aplicação, para que com o aumento da velocidade, ocorra a saída na ponta do bico com a precisão necessária.

Então essas máquinas ganharam precisão e ganharam um nível de automação que aliviou o trabalho do operador e do nível de atenção que ele precisa ter. Isso é bastante impactante sob o ponto de vista de mão de obra, que a gente sabe o quanto tem sido difícil. Isso porque a gente também atua com treinamento.

Então, a máquina ajuda a aliviar um pouco a pressão sobre o operador. Por outro lado, o operador ganha uma função que sobe um pouco de nível. Então, precisamos de treinamentos uma série de coisas para ajudar o produtor.

GlobalFert: Legal! Na safra a gente teve uma boa produção agrícola. Um cenário constante de crescimento, muito por parte de uma demanda mundial por alimentos puxando esse setor né. E a gente ainda tem também essa importância da exportação, porque o Brasil é muito representativo nessa área. Então, eu queria saber quais são os principais desafios que a empresa enxerga hoje, dentro desse cenário agrícola que estamos vivendo no momento, ainda sob influências da guerra que estamos vivenciando e da saída da pandemia. Ou seja, como a Jacto está vendo esse cenário de dificuldades?

Wanderson Tosta: Quem está há mais tempo nesse mercado sabe que a agricultura tem ciclos. Então, temos altos e baixos. A gente como empresa, precisa aprender a navegar por esses cenários. Então, um ponto que a gente estabelece e tem constância dentro da empresa é o investimento em pesquisa e desenvolvimento. Exatamente porque, nas horas ruins e nas horas boas, precisamos ter tecnologias sendo desenvolvidas, não podemos parar.

Do outro lado, essas tecnologias que a gente faz trazem ganhos dentro de um momento como esse que nós estamos falando. As tecnologias como um todo tem compromisso de melhorar a qualidade das aplicações que você tem, mas tem outros aspectos também, como por exemplo, a redução de custo e competitividade. Hoje, eu posso citar diversas tecnologias que a gente oferece e que possibilitam deixar o produtor mais competitivo em um momento que está com a margem mais apetada. Então, existe uma rentabilidade menor nesse cenário. Então, como é que eu ajudo o produtor a ser mais competitivo? Para que ele enxergue na Jacto uma empresa que pode ajudá-lo com seus equipamentos e as tecnologias.

Então, por exemplo, falando de adubação, nós temos um equipamento para aplicação de fertilizantes em cereais que olha não só a qualidade com que ele distribui esse fertilizante, mas também as tecnologias que permitem economizar fertilizantes. Então, hoje temos muito desperdício de fertilizante no carreador, nas beiradas dos talhões e nas aplicações em área total, pela sobreposição, o que também é desperdício. Sobreposição é toda vez que eu aplico um produto e eu passo a máquina, por uma série de razões, no lugar onde ela já aplicou. Assim, eu tenho uma sobreposição e esses índices são muito altos hoje.

Além disso, tem uma tecnologia que faz uma aplicação por corte de sessões, ela segmenta a faixa de aplicação em 12 partes, e vai abrindo e fechando isso conforme as áreas que já foram passadas. Também tem uma tecnologia que a gente chama de bordadura, que evita que o produto que era para cair em cima da cultura, caia, por exemplo no carreador ou na estrada. Então, na hora que eu somo essas duas coisas, eu tenho a possibilidade de economizar até 15% do fertilizante aplicado. Em uma época igual a essa, com custos maiores e o mercado mais apertado, essas tecnologias ajudam bastante o produtor.

Em pulverização é a mesma coisa, a tecnologia bico a bico permite a economia da ordem de 10%. Assim, a hora que você olha o quanto de produto químico por hectare foi aplicado, ou seja, o custo disso por hectare, é algo muito relevante para o produtor. Assim, com essa ferramenta que possibilita uma economia de 10%, há uma ajuda na rentabilidade no final no final da safra.

Tem outras coisas também, como a economia de combustível com o motor que é eletrônico e conversa com a transmissão. Dessa forma, há um ajuste automático, onde os pulverizados se ajustam ao nível de rotação do motor conforme a demanda de potência. Assim, o operador não tem que pisar no acelerador para regular a rotação da máquina. Isso é feito de forma automática, o que economiza combustível, já que a potência só é gerada quando está sendo consumida.

Então, é possível chegar até 25% ou 30% de economia de diesel. Ao somar todas essas coisas que parecem pequenas, no fim das contas ajuda a melhorar a rentabilidade do produtor. Então, é dessa forma que a gente enxerga que essas tecnologias e produtos que a Jacto oferece podem ajudar nesse cenário mais apertado.

GlobalFert: Que legal! Muito bacana! A gente comentou muito de tecnologia e de inovação. Então, tem alguma novidade que a Jacto pretende trazer para o mercado brasileiro ainda esse ano?

Wanderson Tosta: Sempre tem! Como eu falei a gente investe 5% do nosso faturamento em pesquisa e desenvolvimento. Mostramos em alguns eventos atrás grandes pré-lançamentos, como de colheita de cana, um portfólio de máquinas para plantio… Nem todas essas máquinas estão nas suas versões comerciais e estamos trabalhando nisso. Existe um plano de desenvolvimento, de modo que tem mais coisa para acontecer no ano que vem. Isso não só na área de máquinas, mas também em novos segmentos que nós estamos entrando.

Então, estamos incluindo a tecnologia PWM, que é uma tecnologia que controla melhor os bicos de pulverização para que a gente tenha menos variação do tamanho das gotas. O tamanho da gota é uma coisa muito importante no controle da pulverização. Então, em uma tecnologia convencional, quando aumentamos a velocidade do pulverizador para sair mais produto no bico, eu mexo no tamanho de gota. Ao mexer no tamanho de gota, há uma mudança no padrão de aplicação. O PWM garante a mudança da velocidade mantendo o tamanho da gota.

Então, isso é uma um recurso de qualidade muito grande que estamos introduzindo no mercado agora. Ano que vem tem muita coisa para acontecer e ser entregue na mão do produtor, como ferramenta de tecnologia e de melhoria de qualidade.

GlobalFert: Que bacana! É legal ver essa preocupação com a parte de pesquisa e desenvolvimento para agregar para o produtor no final da cadeia.

Bom Wanderson, eu quero em nome de toda a equipe GlobalFert, agradecer imensamente pela sua disponibilidade, pela disponibilidade da Jacto de sempre ter essa parceria com a gente no Outlook GlobalFert. Quero deixar aberto para você deixar suas palavras nesse final de entrevista e te agradecer imensamente, mais uma vez, pelo seu tempo e disponibilidade.

Wanderson Tosta: Nós é que agradecemos a oportunidade de poder dividir um pouco o que a gente faz e mostrar um pouco das tecnologias que a gente pode colocar à disposição do produtor. Nos colocamos à disposição como empresa! Estamos abertos a qualquer tipo de conversa ou dúvida. Tem produtor nesse momento que vai nos ouvir e a gente se coloca à disposição para poder ajudar na medida do necessário.

GlobalFert: E obrigado a você que acompanhou essa incrível entrevista e até a próxima! 

GlobalFert, 21/10/2023.

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