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Entrevista: Sackett do Brasil destaca potencial aumento do consumo de fertilizantes no Brasil

O Diretor Presidente e sócio fundador da Sackett do Brasil, Oscar Ordonez, engenheiro mecânico formado pela Universidade de Santiago do Chile com grande experiência no setor de mineração de fosfatados, além de consultor especialista em sistemas e processos de produção de fertilizantes, concedeu uma entrevista para o GlobalFert e destacou os desafios enfrentados na implantação de plantas misturadoras de fertilizantes no Brasil e as expectativas em relação ao mercado nacional.

 

 

 

1. A Sackett está há mais de 100 anos atuando no mercado internacional de fertilizantes e no Brasil há quase 10 anos, como a empresa visualiza o mercado atual?

O Brasil é um dos poucos países no mundo que tem potencial para crescimento na agricultura. Na última década o consumo de fertilizantes passou de 18 milhões de toneladas para 35 milhões ao ano, isto nos dá um crescimento de 6% ao ano, maior que a média mundial. As produções de grãos têm aumentado de 80 milhões de toneladas, ultrapassando atualmente os 200 milhões. O mais importante disto é que a área plantada tem se mantido estável, ou seja, a aplicação de tecnologias nas diversas áreas como sementes, defensivos, fertilizantes, equipamentos e capacitação é a consequência do êxito do agronegócio. Desta forma o consumo de fertilizantes tem capacidade para continuar crescendo nos próximos anos a taxas altas, apesar dos problemas econômicos que o país atravessa atualmente. Vemos que a única atividade que cresceu este ano é a agricultura.

 

2.  A Sackett planeja expandir os seus negócios investindo em novas plantas de produção?

Confiante no Brasil, a Sackett está implantando sua nova unidade fabril em Araxá – MG, cidade produtora de fertilizantes fosfatados e perto dos grandes centros produtores tais como Uberaba, Uberlândia, Catalão, Tapira e a meio caminho dos grandes consumidores em Matogrosso, norte e nordeste do Brasil.

A tecnologia de fertilizantes avança a cada dia. Já existem revestimentos com polímeros para eliminar perdas, principalmente de nitrogênio, revestimentos que permitem maior aproveitamento do adubo, processos com adição de micronutrientes em cada grão para eliminar a segregação dos micronutrientes, tão importante para os solos, o desenvolvimento de fertilizantes organominerais que vem acompanhado do crescimento do consumo. A Sackett tem tecnologias e expertise que aprimoram estes novos avanços. Misturadores de alta intensidade, plantas de mistura isentas de pó, alta qualidade na utilização de sistemas dosadores e novos métodos de granulação via compactação, o que faz com que macro e micronutrientes sejam incorporados em cada grânulo de forma homogênea. Inclusive desenvolvemos o processo para a granulação de fertilizantes organominerais, o que permite a utilização deste adubo em grande escala.

 

3. Quais são os principais objetivos e desafios da empresa no Brasil a médio prazo?

Diferente dos Estados Unidos e Europa, onde as plantas de fertilizantes são padronizadas, no Brasil cada planta de mistura é um novo projeto, cada cliente nosso tem um projeto diferenciado inclusive para plantas dentro de mesma empresa. Isto faz que os custos de implantação sejam maiores, os prazos para entrega de uma planta são duas vezes maiores que plantas nos Estados Unidos. O grande desafio é convencer o cliente da necessidade de fazer plantas similares, onde o projeto esteja pronto e inclusive poder ter plantas para pronta-entrega, o que diminuiria custos e prazos.

Não se trata de copiar plantas americanas, já que os nossos problemas e realidade são diferentes. A logística é diferente, as matérias primas são diferentes, as plantas no Brasil são mais complexas que nos Estados Unidos. A Sackett, em seus projetos, considera todos estes aspectos, já que atualmente a qualidade dos fertilizantes é fundamental para que nossos clientes se mantenham e obtenham bons resultados no mercado. A Sackett possui planta-piloto de granulação onde são testados os produtos de nossos clientes até encontrar o melhor e mais econômico processo para granulação.

 

4. Frente à conjuntura econômica atual, como a Sackett do Brasil enxerga os investimentos das empresas em plantas misturadoras de fertilizantes?

Historicamente o Brasil tem uma deficiência já que 70% dos fertilizantes consumidos no Brasil são importados. Dependemos de Nitrogênio, Fósforo e Potássio para produzir alimentos. Os investimentos na área de fertilizantes passam por projetos de fábricas de nitrogenados, (Petrobras), aumento da produção de potássio (Vale Fertilizantes) e produção de fosfatados (Vale Fertilizantes, Galvani).

A Sackett acaba de finalizar e colocar em operação uma planta de sulfato de amônio que projetamos e fornecemos para Petrobras, assim como uma planta de mistura fornecida recentemente para empresa em Santarém e outras plantas em São Paulo. Fizemos a primeira planta de compactação no Brasil para Sulfato de Amônio na Bahia. Assim como temos fornecido plantas de superfosfatos para Argentina, plantas de mistura para Paraguai, equipamentos para Nova Zelândia, equipamentos para os Estados Unidos e atualmente estamos trabalhando num projeto em Angola onde realizamos o desenvolvimento integral do negócio: do estudo de mercado até as consultorias junto aos órgãos financiadores e o projeto será até a operação assistida da planta durante 6 meses. 

A consequência disto são as plantas de mistura. À medida que precisamos de mais fertilizantes, deverão ser implantadas novas plantas para dar condições aos agricultores de terem fertilizantes com qualidade, na hora certa, a preços competitivos com os produtos agrícolas. O agricultor precisa sentir que o fertilizante é seu aliado, e precisa ter o retorno em produtividade, ganhar dinheiro com ele.

 

Sobre a Sackett 

A Sackett surgiu nos U.S.A em 1897 e tornou-se conhecida mundialmente como um dos mais tradicionais fabricantes de equipamentos e sistemas para a indústria de fertilizantes. Detentora das patentes de diversos processos industriais, projetou e fabricou mais da metade das plantas de fertilizantes nos Estados Unidos e em diversos países.  Está presente no Brasil desde 2006 como uma Joint Venture com empresas brasileiras, todas com larga experiência e expertise em fertilizantes. A Sackett do Brasil reúne conhecimento, experiência e competência de profissionais e empresas dos USA e do Brasil, atuantes há mais de 30 anos no setor.

 

Equipe GlobalFert, 03/06/2015

 

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