Logística

Infraestrutura e logística continuarão sendo os desafios para o agronegócio

O gargalo logístico que tanto prejuízo causa ao agronegócio brasileiro deve começar a ser amenizado a partir da conclusão das obras de infraestrutura de transporte do chamado Arco Norte, que permitirá o escoamento da safra de grãos do Centro-Oeste/Norte/Nordeste pelos portos de São Luis, Belém, Macapá, Santarém e Itacoatiara. Com isso, estima-se que os produtores terão uma diminuição de até 1 mil quilômetros no transporte de suas cargas, que poderá representar uma redução de custo logístico, resultando num aumento de até R$ 6,00 em cada saco de soja ou milho vendido.

A análise é do consultor especializado em logística Luiz Antonio Fayet, que tratará deste e de outros pontos relativos ao tema na palestra Infraestrutura e Logística: Oportunidades e Desafios, durante o 4º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, promovido pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), no próximo dia 26 de agosto, em São Paulo. “Na medida em que o agronegócio foi para as novas fronteiras, os custos logísticos foram encarecendo e hoje equivalem a quatro vezes mais do que os custos na Argentina e nos Estados Unidos”, comenta Fayet, que é membro da Câmara de Infraestrutura e Logística do Ministério da Agricultura.

Segundo o especialista, em função da falta de terminais portuários no Arco Norte, perto de 60 milhões de toneladas de soja e milho, precisam ser levadas para os portos do Sul e Sudeste, ou seja, mais do que os 46 milhões de toneladas de tudo que transitou em Paranaguá no mesmo ano de 2013, gerando um problema adicional ao dos custos, a sobrecarga e o congestionamento da malha rodoviária do Sul/Sudeste.

Outro ponto que merecerá ênfase na palestra de Fayet será em relação a necessidade de mudança na legislação de cabotagem. “Nosso país é muito grande, tem fortes interesses na plataforma marítima e não pode ficar sem uma estrutura de navegação e de construção naval, mas a legislação e os estímulos devem ser estruturados de forma a viabilizar a modalidade”, comenta, informando que os custos da navegação de cabotagem variam entre 7 e 10 vezes mais por milha navegada, do que os custos da navegação de longo curso. Segundo o palestrante, se o país tivesse custos de cabotagem menores, só o agronegócio do Sul do país tiraria das estradas cerca de 5 milhões de toneladas de carga.

No entender de Fayet, todo o segmento portuário brasileiro necessita passar por profundas transformações. Ele concorda com os pontos levantados por um recente trabalho feito pela Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) e que deverá ser encaminhado aos presidenciáveis. Entre os pontos, destacam-se: flexibilização do trabalho dos portuários, simplificação da legislação, redução dos entraves burocráticos, aumento da capacidade e rapidez na movimentação de cargas, liberdade para entrada de novos players no setor e solução do conflito da carga própria, entre outros.

Além da palestra de Fayet, o Congresso da Anda contará com a palestra Desafios e Oportunidades para o Brasil: Indústria de Transformação, Investimento Público e Educação, que abre o evento e será proferida pelo economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) Marcelo Miterhof. Os trabalhos da parte de amanhã serão concluídos com uma homenagem especial feita pela Anda ao engenheiro agrônomo e fundador da Manah, Fernando Penteado Cardoso, um dos principais líderes do agronegócio brasileiro e que está prestes a completar 100 anos de idade.

Na parte da tarde, os trabalhos recomeçam com a palestra Economia do Conhecimento, Inovação e Sustentabilidade, que ficará a cargo do professor João Eduardo de Morais Filho, da USP e que também é diretor da Elabora Consultoria. O evento é encerrado pelo CEO da Céleres, Anderson Galvão, com a palestra Desafios e Oportunidades para a Agropecuária Brasileira.

Agrolink, 19/08/2014

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