Logística

Itapoá pede ajuda do governo para eliminar curva e ampliar acesso

O porto de Itapoá (SC) quer que o governo inclua no Programa Nacional de Dragagem a retirada de um “cotovelo” de 90 graus no canal de acesso à Baía da Babitonga – ao fim do qual está situado. A curva limita o tamanho dos navios que trafegam no canal, impedindo que aproveitem as boas condições naturais de profundidade da região.

Hoje, os maiores navios que frequentam o porto privado de Itapoá e o público de São Francisco do Sul – também localizado após a curva – só podem entrar ou sair com 10,5 metros de calado, insuficiente para atender os navios com comprimento acima de 300 metros completos de carga, cujos calados máximos são de 14 metros.

Por conta disso, Itapoá, inaugurado há pouco mais de três anos, não pode usufruir integralmente dos seus berços com 16 metros de fundura. Dos cerca de 50 navios que recebe por mês, pelo menos 40% têm grandes dimensões e entram subaproveitados. “É riqueza que estamos deixando de gerar ao país”, diz Patrício Junior, presidente do porto. Um centímetro de carga num navio desse porte, calcula, equivale potencialmente a US$ 24 mil. Ou US$ 8,7 milhões por ano, se considerada a média de uma atracação desse modelo por dia.

A empresa está investindo R$ 2 milhões em estudos para ampliação da profundidade e largura do acesso ao porto. O estudo ficará pronto na primeira metade de 2015, quando será entregue à autoridade portuária. “Não adianta dizer que o porto tem 14 metros de profundidade se apenas navios pequenos podem trafegar”, afirma.

Os acionistas de Itapoá são o grupo Battistella, com atuação em logística e produção de madeira, entre outros; o armador Aliança; e a LOGZ, do grupo BRZ Investimentos. Itapoá é um terminal de uso privado (TUP) construído em área própria, fora do porto público. A infraestrutura e a superestrutura são privadas. Os TUPs dispensam licitação, necessitando apenas de uma autorização do governo.

“Itapoá fica depois da curva de 90º, assim como o porto de São Francisco do Sul, que também será beneficiado pela obra. O canal é único. Tem de acabar com essa coisa de terminal privado e porto público, isso aqui é Brasil. Quem trabalha no porto público também é a iniciativa privada”, diz Patrício.

A Secretaria de Portos (SEP), que contrata dragagens nos acessos e nos portos públicos, diz que a segunda fase do Programa Nacional de Dragagem prevê estudos contemplando a adequação do canal de navegação, para atenuar o ângulo de curvatura e viabilizar a operação de embarcações maiores, com calado máximo de 15 metros.

Paralelamente Itapoá encomendou um levantamento ao Maritime Institute of Technology and Graduate Studies (Mitags) / Pacific Maritime Institute (PMI) que mostrou ser possível ampliar o calado máximo de 10,5 metros para 12,2 metros. “Mas a Praticagem de São Francisco do Sul não quer aceitar esse estudo e não existe nenhum contraponto que a gente possa fazer”, diz Patrício. Procurada, a Praticagem não se manifestou até o fechamento desta edição.

A curva aguda também afeta o potencial de carregamento dos navios que acessam o Terminal Portuário de Santa Catarina (Tesc), localizado em São Francisco do Sul. Hoje, o calado máximo fixado para o Tesc é de 12,8 metros, mas com a limitação de 10,5 metros para grandes navios há uma restrição de carregamento de 16 mil toneladas nesse tipo de embarcação.

“Estamos em fase de estudo para homologação de entrada de navios 9 mil Teus (unidade de medida de 20 pés) e calado até 12 metros”, disse a empresa em nota.

Valor Econômico, 26/12/2014

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