Porto de Santos projeta movimentação recorde de 114 milhões de toneladas para 2013
O ano de 2013 apresentou resultados muito expressivos para o Porto de Santos. Destaca-se a movimentação de cargas que aponta para um total anual em torno de 114 milhões de toneladas. O movimento recorde foi impulsionado pelo desempenho dos setores sucroalcooleiro, complexo soja, milho e contêineres. Esse movimento, cerca de 9,4% acima do registrado em 2012 e 4,58% acima do inicialmente projetado pela Autoridade Portuária (109 milhões t), se deve às exportações, que apresentaram um incremento de 12,7% sobre o desempenho do último ano, mesmo sob os efeitos da crise econômica financeira que afetou as principais economias mundiais, inclusive o Brasil. O total previsto considera a movimentação realizada até novembro e a prevista para o mês de dezembro.
A expectativa para 2014 é atingir 122 milhões de toneladas, que representa um incremento de 7,0% em relação ao previsto para 2013. Para os sólidos a granel está sendo projetado um aumento de 4,9%, enquanto os líquidos a granel devem crescer em torno de 1,5% e a carga geral 11,4%. Os maiores destaques são para as expectativas de crescimento das movimentações do complexo soja (16,0%) e das cargas conteinerizadas (12,3%).
Apesar do crescimento da economia mundial ficar abaixo do esperado, o Porto de Santos encerra 2013 apresentando um destacado desempenho. Ao longo de todos os meses o porto santista bateu sucessivos recordes de movimentação, atingindo em agosto, pela primeira vez em sua história, um volume mensal superior a 11 milhões de toneladas (11,5 milhões t). Os volumes movimentados, até o momento, refletem o desempenho nos embarques de açúcar, soja em grãos e milho, refletindo a forte demanda internacional por esses produtos e a safra nacional recorde de grãos.
O cenário internacional promete ser mais favorável no próximo ano, com a continuidade da recuperação das economias dos Estados Unidos e da Europa, com Itália e Espanha mostrando os primeiros indícios de crescimento após dois anos de forte recessão. A economia chinesa deve continuar crescendo ao ritmo de 7,5% ao ano, abaixo dos tradicionais 10% verificados até 2012, mas em linha com o registrado em 2013. O câmbio brasileiro em um patamar médio mais elevado também deve favorecer as exportações brasileiras. Esse cenário promete um bom dinamismo do comércio internacional, com um crescimento estimado pelo FMI de 4,9%, contra 2,9% previsto para 2013.
Diante desse cenário e com base nas informações fornecidas pelos terminais portuários, acredita-se que o Porto de Santos registrará um novo recorde de movimentação em 2014, por conta, principalmente, dos aumentos previstos para a carga geral e para os sólidos a granel.
A expectativa para os sólidos a granel é chegar a 59,8 milhões t em 2014. A movimentação do complexo soja aparece liderando esse segmento, com um aumento estimado de 16,0% em relação a expectativa prevista para 2013, devendo chegar a 18,4 milhões t. A soja peletizada deve crescer cerca de 24,2% e a soja em grãos 14,2%. Para o minério de ferro foi projetado um crescimento de 4,9%, para o adubo de 2,7% e para o trigo e o milho são esperadas quedas de, respectivamente, 5,7% e 1,0%.
Açúcar – Líder entre as mercadorias movimentadas no Porto de Santos, o crescimento do volume embarcado de açúcar em 2013 foi excepcional. Mesmo com a desaceleração nos embarques, verificada a partir de setembro, a expectativa é que o resultado anual chegue a 19,7 milhões t, representando um salto de 17,5% na comparação com 2012.
De acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), a safra 2013/14 terá uma produção de 34,2 milhões de toneladas de açúcar, apenas 0,3% superior à safra de 2012/13. Desse total, 24,5 milhões t devem ser destinadas para exportação. Com a retomada gradual dos embarques no terminal da Copersucar, após o incidente ocorrido em outubro deste ano, e com a intenção de alguns terminais em priorizar os embarques do complexo soja, a perspectiva é de um crescimento sutil na movimentação do produto em 2014. Considerando apenas a movimentação na modalidade granel, o incremento deverá ser de 1,2% em relação a 2013, alcançando 16,9 milhões t. Considerando, também, a movimentação de açúcar em sacas e em contêineres, o produto deverá atingir 20,0 milhões t, 1,5% acima do resultado previsto para 2013.
Soja em grãos – Segunda mercadoria mais movimentada no porto santista, o volume exportado da commodity em 2013 deve superar as expectativas, acumulando 14,9 milhões t, crescimento de 14,2% se comparado ao mesmo período de 2012. Para 2014 as perspectivas de movimentação desta carga continuam favoráveis, já que a expectativa é que a safra brasileira de soja 2013/2014 atinja novo recorde histórico.
Segundo levantamento (Novembro/2013) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de soja da região Centro-Oeste deverá crescer entre 7,7% e 10,7%, reflexo do avanço entre 4,1% e 6,9% da área plantada de soja na região, em detrimento de outras culturas cujas remunerações não têm sido tão benéficas.
Soja peletizada – Com o recorde na produção de soja estimado para a safra 2013/2014 e a intenção de vários terminais em priorizar a movimentação dos produtos do complexo soja, projeta-se um crescimento, significativo, também nos embarques de soja peletizada, que devem atingir 24,2%, totalizando um volume de 3,4 milhões t. A Associação Brasileira de Óleos Vegetais (Abiove), em seu relatório “Dados estatísticos do complexo soja referentes ao mês de outubro de 2013”, divulgado no início de dezembro, prevê para as exportações do farelo em 2014 um incremento de 5,3% sobre as exportações realizadas em 2013.
Milho – A exemplo do açúcar e soja, o desempenho dos embarques de milho foi excepcional. A expectativa é encerrar 2013 com o resultado recorde de 11,0 milhões t. Tal desempenho teve a influência da quebra da safra norte-americana, da boa safra de inverno colhida no Brasil e da valorização do dólar frente ao real, compensando, em parte, a queda nos preços da commodity no mercado internacional. A queda nos preços e as perspectivas amplamente favoráveis para a soja na próxima safra se refletem nas estimativas da Conab para a produção de milho em 2014.
Segundo levantamento (Novembro/2013) da Conab a produção do grão pode cair entre 1,7% a 3,2% na safra 2013/14, com uma queda entre 1,6% e 2,0% da área plantada de milho na região Centro-Oeste, responsável por mais de 90% do produto escoado pelo Porto de Santos. Diante desse cenário estima-se uma retração de 1,0% nos embarques de milho em 2014 frente ao resultado previsto para 2013.
Adubo – Os desembarques de adubo vêm ganhando expressão nos últimos anos, acompanhando os sucessivos recordes de produção do agronegócio brasileiro. A descarga de adubo no complexo santista, prevista para 2013, é de 3,7 milhões t, um crescimento de 7,5% sobre 2012. Com o novo recorde esperado para a safra de grãos, estima-se para 2014 uma movimentação de adubo em torno de 3,8 milhões t, um aumento de 2,4% sobre o projetado para 2013.
A expectativa de movimentação de líquidos a granel para 2013 é de 16,1 milhões t, um acréscimo de 2,9% em relação ao último ano. Em 2014 a movimentação desse segmento deve atingir 16,4 milhões t, correspondendo a uma expansão de 1,5% se comparado à previsão para 2013 (16,2 milhões t). Deve destacar-se, com um aumento de 6,7%, a movimentação de amônia, enquanto que para os sucos cítricos é projetada queda de 7,0%.
Amônia – Matéria-prima utilizada na fabricação de fertilizantes agrícolas, como o nitrato de amônia, superfosfatos e nitrogenantes, a amônia deverá apresentar uma das maiores retrações, entre os principais graneis líquidos movimentados em 2013, por conta do maior volume importado de adubos e fertilizantes. Conforme a consultoria Rabobank, a importação de 9,6 milhões t de fertilizantes foi antecipada em decorrência da queda dos preços internacionais. Assim, neste ano, as importações de amônia devem totalizar 318,5 mil t, queda de 16,1% em relação a 2012. Com o câmbio médio mais desvalorizado em 2014, a expectativa é que haja um incentivo à produção nacional de fertilizantes, propiciando uma recuperação dos volumes importados de amônia para um patamar próximo a 340,0 mil t, aumento de 6,7% frente à movimentação prevista para o produto em 2013.
Sucos cítricos – As exportações de sucos cítricos devem atingir 2,0 milhões t em 2013 (crescimento de 5,4% se comparado ao ano passado). Segundo a Sociedade Nacional de Agricultura, embora a produção apresente um bom desempenho, o setor de citricultura é prejudicado pela queda mundial no consumo do produto, decorrente da concorrência com outras bebidas lançadas recentemente, como energéticos, multivitamínicos e águas saborizadas.
Em seu Acompanhamento da Safra Brasileira de Laranja 2013/2014 – Terceiro Levantamento – São Paulo e Triângulo Mineiro (Dezembro/2013) a Conab relata um alto índice de erradicação de pomares. Para a safra de 2013/2014, cerca de 52,3 mil hectares (10% da área da plantio do Estado de São Paulo) foram erradicados para serem destinados ao cultivo de cana-de-açúcar, grãos e outras culturas. Assim, a expectativa para o próximo ano é de redução de 7,0% nos embarques do produto.
A projeção para a carga geral é chegar ao final deste ano com 41,0 milhões t, um acréscimo de 8,0% em relação ao ano passado. Para 2014 a expectativa é atingir 45,8 milhões t, 11,4% acima das previsões para este ano. As projeções para carga geral conteinerizada apontam para um incremento de 9,7%, devendo totalizar cerca de 3,4 milhões teu (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) ou 36,3 milhões t. Para 2014 a expectativa é chegar a 3,9 milhões teu, um crescimento de 12,3%.
Contêineres – A expansão significativa na movimentação projetada para a carga conteinerizada em 2014 é o fator determinante para o elevado aumento previsto para o segmento de carga geral. A Autoridade Portuária espera encerrar 2013 superando o recorde anual de 2012 (3,1 milhões teu), com a marca de 3,4 milhões teu.
Para 2014 espera-se a continuidade da trajetória ascendente verificada nos últimos anos, atingindo o patamar de 3,9 milhões teu. A entrada em operação, neste ano, de dois novos terminais para movimentação dessa modalidade de carga (BTP e Embraport), dá sustentação a esta projeção, além de melhores perspectivas para as exportações brasileiras de bens de maior valor agregado, aproveitando-se do câmbio em patamar mais elevado e de um cenário internacional mais favorável.
Carga solta – Para a carga geral solta é esperado um crescimento de 4,3% em 2014, atingindo 4,9 milhões t ante as 4,7 milhões t que deverão ser movimentadas em 2013. Este crescimento deve ser liderado pelos embarques de celulose e veículos.
Celulose – A recuperação econômica dos mercados internacionais e o câmbio mais favorável refletiram, positivamente, nas exportações de celulose em 2013. No caso do complexo santista, houve, também, a significativa contribuição do início dos embarques da Eldorado Brasil. A intenção da empresa é movimentar, mensalmente, cerca de 120 mil t de celulose em parceria com dois operadores da região. Estima-se para este ano um crescimento de 15,9% nos embarques do produto, que deve somar 2,3 milhões t. Em 2014 a expectativa é chegar a 2,5 milhões t, um aumento de 10,2% sobre o projetado para 2013.
Veículos – A movimentação de veículos mostrou forte recuperação neste ano, após a queda brusca observada em 2012. A projeção é atingir até o final do ano a operação de 389,9 mil veículos, 18,4% acima do último ano. Os embarques devem chegar a 265,0 mil unidades (+18,1%) e as descargas a 124,3 mil (+19,0%). Para 2014 a expectativa é de estabilidade na movimentação de veículos, que deverá atingir 390,6 mil unidades, crescimento de 0,2% ante a previsão para o ano de 2013.
Mesmo com o esperado arrefecimento das exportações para a Argentina, o câmbio mais desvalorizado e o cenário internacional mais promissor deverão elevar as exportações ao patamar de 273,4 mil unidades (+2,9%). Já as importações podem sofrer com o efeito do câmbio sobre a competitividade dos veículos importados no mercado nacional, o que deve se traduzir em uma retração nas descargas para o patamar de 117,1 mil unidades (-5,8%).
Fluxo de navios – Neste ano, navios ainda maiores atracaram no Porto de Santos, em função das obras de dragagem de aprofundamento do canal de navegação para -15 metros de profundidade e 220 metros de largura em seus trechos mais estreitos. Em março a consignação média atingiu a marca de 22.326 t/navio, superando o recorde anterior de 21.594 t/navio registrado em outubro de 2012. Após sucessivos novos recordes, em agosto o Porto registrou seu atual recorde de consignação média, de 24.963 t/navio.
Com a utilização de navios maiores, capazes de transportar mais cargas a cada viagem, projeta-se uma redução no fluxo de navios atracados, em comparação ao mesmo período de 2012, de 5,5%, em que pesem os aumentos consecutivos no volume de cargas operadas.
Em 2014, com a homologação de novos trechos e a continuidade das obras de compatibilização de berços e bacias de evolução, a estimativa é que a consignação média anual ultrapasse o patamar de 22.839 t/navio previsto para 2013, chegando a 25.000 t/navio. Desta forma, apesar da estimativa de movimentação física para 2014 mostrar um crescimento de 6,8%, o fluxo de navios atracados deverá apresentar queda de 2,5%.
Export News, 26/12/2013
Imagem: Ricardo Nogueira/Folha Imagem
