Logística

Portos baianos devem adotar práticas ambientais

Criar um sistema de tratamento para evitar contaminações da água, controlar a população de animais nocivos e reaproveitar resíduos sólidos são ações sugeridas para adequar os três portos públicos baianos às boas práticas ambientais.

O diagnóstico foi feito por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em parceria com a Universidade Federal da Bahia, em uma pesquisa encomendada pela Secretaria Especial de Portos (SEP).

De amplitude nacional, a pesquisa estudou 22 portos brasileiros, em 14 estados. Os levantamentos não indicam problemas de infraestrutura e logística que afetam a competitividade.

Segundo a SEP, o diagnóstico é uma primeira medida para a melhoria dos portos. O levantamento não aponta o valor do investimento necessário para as modificações.

“Nós vamos ter algum investimento público e vai abrir para a iniciativa privada, através de PPPs (Parceria Público Privada). Não tem previsão de quando vai abrir licitação”, afirma o diretor de revitalização portuária da SEP, Antônio Maurício Ferreira.

A pesquisa analisa cada porto individualmente. No porto de Salvador, a proliferação de pombos, atraídos pelo transporte de trigo a granel, pode trazer prejuízos à saúde dos trabalhadores.

Em Ilhéus, o estudo afirma que não há métodos eficientes para tratamento dos efluentes sanitários. Como alternativa, o manual propõe a implantação de rede interna de esgotamento sanitário e conexão com a rede existente na cidade.

Segundo a Codeba (Companhia das Docas da Bahia), foram gastos R$ 400 mil para diminuir os abrigos utilizados pelos pombos. A companhia também fez exigências às empresas donas da carga para diminuir as perdas de trigo, que acabam servindo de alimento para as aves.

Poluição

Para o Porto de Aratu – localizado em Candeias, que transporta minérios, fertilizantes e derivados de petróleo -, o estudo indica a construção de uma rede de tratamento para os efluentes – resíduos de carga que podem ser levados como poluição pela chuva.

Segundo a Codeba, a construção de uma estação de tratamento de efluentes, orçada em R$ 35 milhões, estava dentro do projeto de arrendamento do terminal de granel sólido de Aratu. A construção ficaria sob responsabilidade da empresa vencedora da licitação. Não há previsão da SEP de quando sairá a licitação.

“Esse efluente é em virtude da operação em si e se dá basicamente em cima de granel sólido. Estava para ser feito mas ficou paralisado por conta da nova lei dos portos”, afirma o presidente da Codeba, José Rebouças.

Turismo sairia ganhando

A melhoria das condições ambientais nos portos de Salvador, Ilhéus e Aratu fortalece a relação desses espaços com as cidades e favorece a exploração turística de regiões portuárias, afirma o coordenador da pesquisa e professor da UFRJ, Marcos Freitas.

“Salvador e Ilhéus são regiões turísticas. Se você tiver um melhor tratamento dos efluentes vai ter uma melhor qualidade ambiental do entorno dos portos. A consequência é uma valorização do dessas áreas, como ocorre no Puerto Madero, na Argentina”, afirma o pesquisador.

A qualificação da região do Porto de Salvador, uma região próxima a cartões postais da cidade, é uma demanda do trade turístico do Estado, diz o presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens – BA), José Alves.

“O porto de Salvador estava completamente depredado, mas já houve uma grande melhora. Os planos que nós conhecemos é de ter no local espaços para restaurantes, bancos. Para ser uma zona de convivência. Ali é um local interessantíssimo”.

Obras

Segundo o presidente da Codeba (Companhia das Docas da Bahia), José Rebouças, a construção do novo Terminal de Passageiros do porto de Salvador é um pontapé no processo de revitalização do entorno. A obra, que custou R$ 40 milhões, já está 98% pronta e a previsão inicial era ter sido concluída antes da Copa do Mundo.

O terminal terá dois pisos que poderão ser utilizados através de arrendamento pela iniciativa privada para a exploração comercial.

Potencial econômico no tratamento de resíduos sólidos

O estudo da UFBA e UFRJ analisou cada um dos portos individualmente. Os dados mostram que 68% das 8,4 mil toneladas de lixo geradas no Porto de Salvador podem ser reciclados. Os três portos juntos têm potencial de gerar até R$ 500 mil em reciclagem se melhorarem suas práticas ambientais.

 A Tarde (BA), 08/09/2014

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