Logística

Sete grupos unem seus ativos em Rio Grande

Sete empresas de logística que atuam no porto gaúcho de Rio Grande estão costurando uma união de ativos que deve levar a criação de uma holding. Apesar das empresas serem concorrentes entre si, a perspectiva de crescimento no valor do negócio a partir da união atraiu o interesse das famílias controladoras. São cinco empresas dedicadas ao armazenamento de cargas e duas que atuam no transporte fluvial. Inicialmente, a estrutura está sendo chamada de Núcleo Logístico Intermodal (NLI).

A integração entre as empresas começou a ser discutida em 2010 e está sendo feita pela Ctil Logística, com apoio da Jaquar Corporate Strategy. O maior obstáculo ao negócio foi convencer empresas tradicionais da região e de controle familiar a abrir seus números e outras informações para possíveis compradores. “As empresas não têm acesso umas aos números das outras. Não sabem o valor de cada uma delas na montagem da holding. Foi um trabalho difícil, mas todas aceitaram o valor que foi sugerido e assim conseguimos montar o negócio”, conta Frank Woodhead, diretor da Ctil e ligado a uma das empresas envolvidas no projeto. Woodhead também é coordenador de infraestrutura do Sindicato das Empresas de Transporte e Logística do Rio Grande do Sul.

Juntas, as sete empresas ocupam uma área total de 500 mil metros quadrados, a cerca de um quilômetro do porto e do polo naval. A NLI tem capacidade anual para movimentação de 150 mil /TEUs (equivalente a um contêiner de 20 pés) e de cerca de 2 milhões de toneladas de cargas secas e líquidas. O faturamento somado das empresas fica hoje em torno de R$ 250 milhões e tem potencial, segundo Jorge Zir Bothomé, da Jaqar, para triplicar esse valor entre três a cinco anos após o início da operação conjunta. Já os investimentos estimados para renovação da frota de embarcações, caminhões e equipamentos portuários é estimado em R$ 200 milhões nos próximos cinco anos.

“O arcabouço técnico-financeiro já está pronto, com projeções de redução de custos nas áreas comuns, como administrativa, jurídica, financeira, TI e contabilidade”, afirma Bothomé. Ele destaca ainda os ganhos com o maior poder de negociação com os clientes e melhor aproveitamento da frota.

Com o projeto definido e acertado com as empresas, Woodhead e Bothomé começaram a buscar investidores interessados na holding. Eles não informam com quem já conversaram, mas já sentaram na mesa de grandes empresas de logística e de fundos de investimento. A ideia é que o investidor tenha participação majoritária no negócio, com os atuais controladores das empresas permanecendo como minoritários ou até mesmo vendendo sua participação. “Até o fim do ano esperamos ter uma definição do sócio”, afirmou Woodhead.

O porto do Rio Grande movimentou 33 milhões de toneladas em 2013, alta de 20% sobre 2012. a exportação cresceu 30%, com destaque para soja, farelo de soja, milho, trigo e cavacos de madeira. As importações subiram 9,3%, puxadas por fertilizantes, trigo e derivados de petróleo.

Valor Econômico, 14/08/2014

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