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Alta dos combustíveis afetará indústria do calcário agrícola

O aumento do PIS/COFINS dos combustíveis afetará toda a sociedade, incluindo setores do agronegócio – como a indústria produtora de calcário agrícola. Os combustíveis e lubrificantes estão presentes em toda a cadeia produtiva, da jazida à produção, além de impactar o transporte do calcário até a lavoura.

A avaliação é do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), Oscar Alberto Raabe. “Foi uma saída que o governo encontrou para não martirizar um segmento econômico em particular, mas todos vão sentir esse aumento”, comentou.

O consumidor nos centros urbanos também deve ser afetado, já que insumos presentes na produção agrícola deverão ter os preços reajustados, em índices ainda a serem definidos. 

Utilizado na calagem, que é a correção da acidez do solo, o calcário vem garantindo resultados ao agronegócio brasileiro. Porém, a aplicação no país – em torno de 35 milhões de toneladas em 2016 – ainda deixa a desejar, visto que áreas tropicais apresentam solos comumente ácidos.

A estimativa da associação é que esse consumo poderia ser duas vezes maior, caso houvesse incentivo dos órgãos governamentais. A aplicação ainda melhora o rendimento nas lavouras de itens de alto custo para quem produz, como o adubo. Com isso, a produtividade das culturas e a rentabilidade do agricultor deixam ser ampliadas.

A alta dos impostos jogará contra a planilha de custos da indústria e, por consequência, do agricultor. Raabe usa a linha de produção do calcário para exemplificar.

Embora com finalidade agrícola, o segmento tem parte de suas atividades ligadas à mineração. Segundo ele, os combustíveis, como o óleo diesel, são um dos insumos presentes nas operações na jazida, quando a pedra é retirada. Há o transporte até o setor de moagem. Nesse momento, lubrificantes utilizados na transformação da pedra em pó calcário devem ser impactados pela alta dos combustíveis.

“Temos que considerar o transporte até a lavoura do cliente, que geralmente fica distante de nossas indústrias”, comentou. A difícil logística na maioria dos estados brasileiros encarece o preço do frete.

Segundo Raabe, medidas como a alta dos combustíveis ampliam o cenário de dificuldades gerado pela ausência de políticas públicas de incentivo. Uma delas envolveria o calcário, produto nacional cujo uso esbarra na falta de informação ao homem do campo.

 

Terra, 26/07/2017

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