Deputados vão realizar conferências regionais sobre produção de adubos
Após audiência pública realizada nesta terça-feira, deputados decidiram realizar conferências regionais para debater a instalação de fábricas de fertilizantes. O deputado Afonso Hamm (PP/RS) destacou especificamente a possibilidade de produção de adubos a partir do enxofre gerado em termelétricas.
Segundo o deputado, um dos autores do pedido para realização da audiência sobre o tema na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, essa possibilidade tecnológica seria interessante especialmente para o Sul do país, que importa parte da energia que consome. “O Rio Grande do Sul compra 65% do que necessita, e no verão chega a 80%. Podemos gerar energia firme e produzir fertilizantes com os rejeitos”, defendeu.
Hamm ressaltou que já existem cinco plantas industriais que utilizam essa tecnologia no mundo. Conforme afirmou, a técnica consiste em combinar o enxofre produzido pela queima do carvão mineral com amônia. “Ao invés de utilizar calcário para fazer neutralização desse enxofre, usa-se a amônia como reagente”, explicou. Dessa reação resultaria o sulfato de amônia, produto utilizado na fertilização do solo.
Outro autor do pedido de realização da audiência, o deputado Josias Gomes (PT/BA), que presidiu a reunião, garantiu que serão realizados os debates regionais. Gomes considera importante conhecer o nível de desenvolvimento tecnológico em cada localidade para ver onde é possível instalar as potenciais indústrias. Para ele, esse será “o começo das políticas industriais para produção de fertilizantes no país”.
Atualmente, o Brasil importa 78% dos fertilizantes nitrogenados que consome. Mas, de acordo com o secretário-adjunto de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério das Minas e Energia, João José da Mora Souto, essa dependência vai cair para 53% nos próximos cinco anos.
Isso vai ocorrer, segundo ele, porque nesse período quatro novas fábricas de fertilizantes nitrogenados vão entrar em operação no país. Duas começam a operar já no ano que vem, outra em 2016, e a última em 2018.
Para o pesquisador José Carlos Polidoro, da Embrapa Solos, outra forma eficiente de reduzir a dependência externa do país por fertilizantes é aumentar a eficiência agronômica. De acordo com o especialista, apenas 60% do produto utilizado é efetivamente absorvido pelas lavouras brasileiras.
Agência Câmara, 26/11/2013