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Menor disponibilidade de gás boliviano não deve impactar fábrica de fertilizantes

O presidente da Bolívia, Luis Arce, disse no início de setembro que as reservas de gás natural do país foram esgotadas e que as exportações para a Argentina e o Brasil devem ser interrompidas. Apesar das declarações alarmantes, a ativação da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3) não será prejudicada. 

A unidade fabril localizada em Três Lagoas consumirá, quando estiver em pleno funcionamento, 2,5 milhões de metros cúbicos (m³) de gás natural e, com isso, aumentará a necessidade de importação do combustível boliviano. 

O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, afirmou ao Correio do Estado que, mesmo que a Bolívia não consiga aumentar a quantidade de gás enviada ao Brasil, outras opções já estão sendo verificadas. 

“Vamos supor que nesse período [UFN3 começar a operar] a Bolívia não consiga aumentar a oferta de gás. Na verdade, faz uma substituição, chamada operação swap. A gente utilizaria o contrato que já tem hoje, de 15 a 16 milhões de m³ diários que vai continuar passando, e atenderia a UFN3. Enquanto os contratos na Região Sul do País seriam atendidos pelo pré-sal”, explica.

Ainda conforme o secretário, esta seria uma medida a curto prazo. Verruck não acredita que a Bolívia tenha interesse em inviabilizar o envio de gás natural para o Brasil, e a intenção é que nos próximos anos a capacidade de utilização do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) seja de 30 milhões de m³.

“Durante esse período [de curto prazo], a Bolívia poderia fazer os investimentos necessários, porque o país tem todo o interesse que venda 30 milhões de m³ para o Brasil, que é a capacidade do Gasbol. Não temos essa preocupação, acho que existe um processo de negociação satisfatório para que a gente crie um processo de planejamento adequado para o fornecimento da UFN3”, ressalta Verruck. 

O titular da Semadesc ainda afirmou que outras fontes também podem ser exploradas, caso a Bolívia não consiga suprir a necessidade estadual. “A UFN3 não ficará sem gás natural, seja pela opção do aumento da produção da Bolívia, seja pela substituição ou com outras fontes de gás tanto da Argentina como do próprio pré-sal”, confirma Verruck. 

O acordo de importação de gás natural da Bolívia foi assinado em 1996, com contratação de 30 milhões de m³ por dia. O acordo valia até dezembro de 2019. Desde então, a Petrobras tem contratualizado o fornecimento de 20 milhões de m³ diários. 

A fábrica de Três Lagoas deve receber aporte de R$ 5 bilhões (US$ 1 bilhão) para sua conclusão. Conforme representantes da gestão estadual, a estrutura tem sido conservada pela Petrobras e os recursos servirão para concluir as obras.

Correio do Estado, 03/10/2023.

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