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Queda do dólar prejudica exportação e favorece compra de insumos

O dólar tem enfrentado seguidas quedas desde o começo do ano, chegando a patamares que não eram vistos há dois anos. Para economistas, a movimentação é um sinal de retomada da economia, mas, para o setor agropecuário, sinaliza um momento de cautela, já que a desvalorização da moeda norte-americana acaba prejudicando a negociação da safra.

Por causa desta desvalorização, a cotação da soja no mercado internacional tem se mantido desde o começo do ano com o bushel na faixa de US$ 10, mas o preço no Brasil está em queda.

A saca de soja entregue no porto de Paranaguá, no Paraná, cotada a R$ 80 em janeiro, agora já atinge o patamar dos R$ 70.

Com o dólar saindo da casa de R$ 3,50 para R$ 3,05, o mercado financeiro registra o menor valor da moeda desde maio de 2015. Segundo o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel, a confiança está voltando lentamente ao Brasil e vários fatores evidenciam essa mudança.

“O investidor tem trazido mais recursos para o Brasil e a taxa de inflação tem caído muito mais do que a taxa de juros. Então, os juros, na verdade, tem aumentado para o investidor especulativo, o que torna atrativa a entrada de capital estrangeiro. Quanto mais dólar no mercado, menor é o preço dele, o que prejudica sensivelmente todo exportador nacional”, disse.

A queda do dólar é ruim para quem exporta, mas interessante para quem compra insumos. Para o analista Marcelo Mello, da FCStone, mais de 50% do custo de produção é dolarizado por causa de fertilizantes, sementes e defensivos. O conselho, no atual cenário, é contratar uma proteção no mercado futuro de grãos e de dólar, o chamado hedge, para evitar que a oscilação da moeda possa trazer mais perdas.

 “O gerenciamento destes riscos usando derivativos ajuda muito e faz com que ele possa trabalhar com tranquilidade e segurança para que, de fato, a relação de troca, ou pelo menos o dólar que ele está utilizando na hora que ele compra e vende, seja compatível”, falou Mello.

Exportação

Como os embarques de grãos começam a ganhar força a partir de março, as exportações ainda não foram afetadas pela queda do dólar. O diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) está otimista com o desempenho do setor neste ano e espera que bata o recorde de 105 milhões de toneladas de soja, farelo e milho exportados.

 “Vamos rezar pra que as coisas fluam normalmente, porque, se não fluir, você não vai ter condição de exportar os números que a gente anseia”, falou.

A expectativa para março é de que o dólar se mantenha no patamar atual e não há esperança de alta considerável da cotação da moeda em curto prazo.  “Eu não acredito que ele baixe de R$ 3, até pelo que a temos ouvido falar do próprio presidente do Banco Central. Creio que a moeda vá ficar entre R$ 3,05 e R$ 3,15, muito aquém do que eu e muitas pessoas acreditam do que deveria estar”, finalizou Battistel.

 

Canal Rural, 03/03/2017

 

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