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Tomada de decisão para compra de Fertilizantes e outros insumos é delicada

Diante da alta recente do dólar e da baixa no preço das commodities, o produtor precisa ter cautela ao se planejar para a próxima safra. Endrigo Dalcin, presidente da Aprosoja-MT, recomenda que a compra de insumos seja feita o quanto antes, e que o produtor coloque seus custos na ponta do lápis. “A incerteza quanto aos preços da soja e do milho para o ano que vem traz insegurança, mas fazer a compra mais cedo ajuda a evitar problemas de logística em Mato Grosso, e contribui para que o plantio comece no início da janela, em setembro”, diz.

De acordo com ele, a maior parte dos sojicultores já adquiriu seus insumos para a safra 2017/2018, havendo pendência principalmente entre aqueles que dependem de crédito bancário ou que estão esperando uma melhora dos preços para vender o produto que ficou estocado no armazém. “As regiões Leste e Sul do Estado são as mais atrasadas, porque tiveram problemas climáticos na última safra, o que reduziu a rentabilidade da lavoura”, afirma Dalcin.

Dados do Imea, divulgados nesta segunda-feira, apontam que cerca de 67,36% dos insumos da safra 2017/2018 foram comercializados até o fim de abril em Mato Grosso, percentual acima dos 55,76% em abril/16. Outra boa notícia é que o gasto com insumos para a próxima safra é estimado em R$ 1.764,87/ha, valor menor do que no ciclo anterior. Apesar disso, o preço de paridade da soja para mar/18 vem registrando médias bem abaixo das do ano passado, tendo fechado em R$ 57,10/saca na sexta-feira, 26.

Com relação à área de plantio para a safra de verão, o presidente da Aprosoja-MT recomenda que o produtor semeie a soja apenas sobre suas melhores terras, evitando o cultivo em solos arenosos, onde pode fazer algum tipo de cobertura. “Hoje a pressão é grande frente a safra americana, que teve um aumento de 7,5% de área e deve produzir mais de 120 milhões de toneladas”, diz. Tendo isso em mente, ele lembra que a tendência dos preços, que já estão baixos, é cair ainda mais.

Cenário se estende a outras regiões – Na Bahia, a incerteza política das últimas semanas e as oscilações do dólar também têm deixado dúvidas sobre o melhor momento de adquirir insumos. “O produtor rural é extremamente adaptável, otimista e empreendedor, especialmente o produtor do oeste da Bahia e do Matopiba. Nós estamos acostumados à oscilação de dólar, a oscilações políticas, mas isso nos desgasta acima da média. Então, essa situação de incerteza nos leva a demorar para tomar algumas decisões”, afirmou o presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) durante a feira Bahia Farm Show.

“Não é bom para o produtor ocorrer esse tipo de incerteza neste momento, já que nós tínhamos uma perspectiva de controle de inflação, crescimento econômico e um pouquinho de estabilidade política. Isso nos daria um fôlego muito bom para os próximos anos”, acrescentou.

Zanella, que também é produtor em Barreiras e São Desidério, ressalta que como os produtos da safra são dolarizados, fornecedores de insumos começam a ficar preocupados se vão manter as importações de produtos, o agricultor fica na dúvida se vai fechar o fertilizante em dólar ou o defensivo em dólar, se vai fazer barter, e a situação se complica. “Mas o produtor sempre plantou e vai continuar plantando com certeza”, completa. 

 

Portal DBO, 30/05/2017

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