Negócios

Prefeitura de Macaé, tenta atrair investidores para instalação de fábrica de fertilizantes nitrogenados por meio de parceria público privada

A prefeitura de Macaé, no norte do Rio de Janeiro, tenta atrair investidores privados para instalar uma fábrica de fertilizantes nitrogenados no município por meio de parceria público privada (PPP). Mas, a exemplo de outros projetos do tipo, tem esbarrado nos altos preços do gás natural, insumo de primeira ordem para o negócio.

No dia 17, após evento organizado pela Petrobras em Angra dos Reis, também no Rio, o presidente Lula recebeu prefeitos de municípios fluminenses para conversas rápidas. Um deles foi o prefeito de Macaé, Welberth Rezende, que expôs o projeto e pleiteou uma redução no preço médio da molécula praticado pela Petrobras, dominante no mercado.

Segundo Rezende, o presidente não fez promessas, mas pediu ao também presente ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que viabilizasse a unidade.

Preço do gás

Segundo Rezende, para o projeto sair do papel, o preço do gás natural no mercado brasileiro teria de cair da faixa atual, entre US$ 12 e US$ 14 por milhão de BTU para uma faixa entre US$ 6 e US$ 7. A unidade em questão consumiria cerca de 2,7 milhões de m² de gás provenientes do Terminal de Cabiúnas, também em Macaé, que processa atualmente 25 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia e é operado pela Petrobras.

A participação da Petrobras no projeto, diz o prefeito, seria bem-vinda, mas não é estritamente necessária. Como a legislação atual permite que outras produtoras de gás usem a infraestrutura da estatal, a empresa parceira dona da molécula poderia ser outra petroleira ativa na região, como Shell e Equinor. A Petrobras, é bem verdade, tem longa lista de atividades na área, com pipeline que envolve a retomada da Araucária Nitrogenados (Ansa), no Paraná, e das chamadas Fafens do Sergipe e da Bahia, além da conclusão das obras da UFN III, em Três Lagoas (MS).

Especificações

A planta pensada para Macaé produziria principalmente Ureia, com previsão de 1,8 milhão de toneladas e receita de US$ 540 milhões por ano. Isso porque a ureia responde hoje por 59% do mercado nacional de fertilizantes nitrogenados.

Outros produtos a serem fabricados no complexo são amônia cinza e azul, cada uma a um volume de 825 mil toneladas anuais, e metanol, a 900 mil toneladas por ano. Hoje o Brasil importa 100% do metanol que consome. Para tanto, o investimento necessário fica entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões a depender do portfólio inicial ambicionado.

No modelo pensado, de PPP, Welberth diz que a prefeitura tem capacidade de fazer aportes, mas que o ideal seria apenas participação minoritária, na casa dos 5%, para sinalizar o compromisso do poder público com o projeto.

“Investidor não vai faltar, desde que se consiga ajustar o preço do gás”, diz Rezende. Segundo o prefeito, empresas como Toyo Setal e Yara já teriam demonstrado interesse em conhecer o projeto.

Chancela federal

Junto com dezenas de projetos, o de Macaé integra a carteira de projetos estratégicos do Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert), publicada em resolução de agosto de 2024. O conselho, chefiado pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Midc), Geraldo Alckmin, já indicou a necessidade de pelo menos sete novas fábricas de fertilizantes no Brasil no médio prazo para reduzir a dependência externa do produto que, em 2023, chegou a 92%.

No longo prazo, até 2050, a redução da participação dos importados a 50% do consumo nacional requer escalar a produção em mais de 30 milhões de toneladas por ano, sob investimentos superiores a US$ 45 bilhões.

Welberth Rezende diz que, além do projeto de Macaé, outro projeto de caráter privado bem-posicionado é o de Cáceres, no Mato Grosso.

Segundo Rezende, no entanto, Macaé larga na frente pela proximidade com o gás vindo do pré-sal, que ainda vai receber o incremento de 14 MMm³/dia de gás da chamada Rota 5, a ser inaugurada em 2028. Outro atrativo é a infraestrutura de transporte para interiorização do produto, como o caminho de retorno dos caminhões que já trazem grãos de Minas Gerais e do Centro-Oeste para o Porto do Açu, no município vizinho de São João da Barra, e a futura ferrovia 118.

UOL, 26/02/2025.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo