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INB considera injusto pedido de cancelamento de licença de projeto de urânio e fosfato no Ceará

As Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que possuem o projeto de fosfato e urânio Santa Quitéria, em conjunto com a Galvani, discordam dos questionamentos apresentados por entidades ao Ibama, pedindo o cancelamento da licença ambiental do projeto no Ceará. De acordo com Laércio Aguiar da Rocha, diretor de Recursos Minerais da INB, o empreendimento levará benefícios para a população local como água, energia, construção de estradas, além da geração de milhares de empregos.

Na terça-feira (28), a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) declarou apoio ao documento encaminhado pela Articulação Antinuclear do Ceará ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no dia 22 deste mês. No texto, as entidades questionam, por exemplo, uma possível contaminação da água por meio do urânio e uma grande utilização do recurso hídrico, que é escasso na região.

“Além desse contexto de contaminação ambiental, o Projeto Santa Quitéria prevê a utilização de 1 milhão e 100 mil litros de água por hora em uma região que se localiza no semiárido e que vivencia o sexto ano consecutivo de seca”, diz trecho do documento.

Em entrevista ao Notícias de Mineração Brasil (NMB) hoje, por telefone, o diretor do INB afirmou que o manejo responsável dos recursos hídricos é uma das preocupações do consórcio Santa Quitéria. Segundo ele, o projeto, que já possui um reservatório de água, receberá dois novos: Poço Cumprido e Pedregulho que, juntos, poderão armazenar até 500 milhões de metros cúbicos de água.

Além disso, Rocha diz que uma adutora com 54 quilômetros de extensão será construída e servirá como um legado para a população dos municípios por onde ela passar. Ele diz que a água da adutora poderá ser utilizada para abastecer as comunidades ao redor, de uma região de fato árida, além de ajudar na agricultura.

“Ninguém da INB ou do Estado pensa que a água será exclusivamente para o empreendimento”, afirmou. Além disso, segundo o diretor, o consórcio responsável pelo projeto também estuda reduzir a necessidade de água, por meio de reprocessamento ou redução direta. “De forma alguma comprometeremos o abastecimento de água para a população. A prioridade é sempre para o ser humano”, declarou.

De acordo com Rocha, no dia 31/036, uma equipe do INB foi ao Ibama responder a alguns questionamentos sobre o projeto, em mais uma etapa de progresso para a licença prévia.

“Essa é uma segunda rodada para responder os questionamentos para mostrar o caminho que entendemos. Até que o Ibama tenha a segurança técnica de que podemos ter uma licença prévia, virão uma série de condicionantes. O processo é assim, para que lá na frente tenhamos uma licença de instalação, que irá resultar posteriormente em uma de operação”, disse.

Para Raquel Maria Rigotto, professora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará e membro da diretoria da Abrasco, o empreendimento “liberaria o gás radônio, segunda causa de câncer de pulmão o mundo. Sua bacia de rejeitos (radioativos, com rádio e tório) estaria sobre um dos afluentes do rio Acaraú e das bacias do Curú e Banabuiú – já pensaram uma tragédia com a da Samarco por aqui?”.

“Não há comprovação da relação da atividade laboral de quem trabalha com urânio e a causa do câncer. Queremos deixar essa tranquilidade, pois nos preocupamos muito com a saúde das pessoas. Não seremos negligentes”, afirma Rocha. Além disso, ele diz que não faz sentido uma comparação do projeto Santa Quitéria com a tragédia da Samarco.

“Esse projeto está sendo realizado com todos os cuidados, segurança e preservação. Essa atividade nuclear tem uma série de redundâncias para que não possa ocorrer o erro”, diz.

Santa Quitéria

De acordo com o diretor do INB, o projeto Santa Quitéria tem e previsão de gerar 3 mil empregos diretos em sua fase de construção e aproximadamente 1 mil na fase de operação. O projeto está orçado em cerca de R$ 850 milhões.

“O que Santa Quitéria nos traz é a oportunidade de explorar a riqueza natural como fosfato natural e urânio. Somos 100% dependentes da importação de fosfato para a questão de fertilizantes e utensílios agrícolas. O urânio é um insumo do combustível nuclear”, afirma.

O projeto tem o objetivo de extrair, da jazida Itatiaia, 1.600 toneladas anuais de concentrado de urânio e aproximadamente 1 milhão de toneladas de fosfatos. Confira aqui o documento enviado pela Articulação Antinuclear do Ceará ao Ibama. 

 

Notícias de Mineração, 30/03/2017

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