Produção

Peninsula Fertilizantes terá unidade de mistura no Paraguai

A paranaense Peninsula Fertilizantes está prestes a dar mais um passo em seu movimento de expansão. Depois de estabelecer uma joint venture com uma empresa do Paraguai, passará a contar, no país vizinho, com uma nova unidade de mistura cujas obras estão em fase final. Com o empreendimento e avanço também no mercado brasileiro, a companhia, que fatura quase R$ 500 milhões por ano, espera expandir sua comercialização total de adubos de 600 mil toneladas (volume de 2013) para mais de 1 milhão.

A nova unidade, localizada em Villeta, no Departamento Central do Paraguai, deverá ser inaugurada na segunda quinzena deste mês e terá capacidade para produzir 350 mil toneladas por ano, afirma Gilmar Michels, CEO da Peninsula Fertilizantes. A fábrica será operada pela Peninsulpar, criada em parceria com a local Dekalpar e na qual cada uma das sócias tem participação de 50%. Os investimentos da Peninsula na joint venture somam US$ 14 milhões – US$ 6 milhões dos acionistas e o restante financiado por bancos do Paraguai e internacionais.

A unidade está localizada junto ao rio Paraguai e conta com um porto privado, diz Michels. Assim, as matérias-primas para a fabricação dos adubos, importadas, deverão ser transportadas por via fluvial, por barcaças, desde a Argentina até Villeta. Na logística reversa, para reduzir os custos, as mesmas barcaças vão escoar a produção de soja do Paraguai até Argentina e Uruguai.

A previsão é que a fábrica paraguaia produza 150 mil toneladas de adubos em 2015 e 200 mil em 2016. Conforme o CEO da Peninsula, será a segunda unidade de mistura de fertilizantes do país vizinho. A única a funcionar atualmente no país, também em Villeta, é da Mosaic. A multinacional a adquiriu de sua compatriota ADM e sua incorporação deverá ser concluída ainda neste ano.

A nova unidade será a sexta da Peninsula, e a segunda que será administrada por meio de uma joint venture. A companhia tem 100% de duas plantas em Paranaguá (PR), uma em Rio Brilhante (MS) e uma em Rondonópolis (MT) – que entrou em operação no ano passado, com capacidade de produção de 600 mil toneladas. Além delas, conta com uma fábrica em São Luís (MA), junto ao porto de Itaqui, gerida pela Peninsula Norte, companhia estabelecida em 2012 em parceria com a Ceagro, depois adquirida pela Agrex (empresa do grupo Mitsubishi). A unidade maranhense tem capacidade para produzir anualmente cerca de 350 mil toneladas de adubos.

A parceria com a antiga Ceagro foi o caminho encontrado pela Peninsula para chegar à região do “Mapitoba” (confluência entre os Estados de Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia). Antes, a atuação da empresa se limitava a Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. “Trouxemos esse parceiro estratégico com venda e produção garantidas”, disse Michels. Segundo ele, a estratégia de realizar investimentos “mais econômicos” e atrair parceiros criam valor para a companhia. A Peninsula investiu cerca de US$ 30 milhões em expansão nos últimos três anos. Sua capacidade de produção saiu de 400 mil toneladas, em 2010, e chegará, com as joint ventures, a 1,7 milhão.

O Valor antecipou, no mês passado, que a japonesa Mitsubishi, que no Brasil controla a produtora agrícola Agrex, está em vias de concluir a aquisição, por US$ 15 milhões, de 10% da Peninsula, mas as empresas não comentam o assunto. Conforme fontes envolvidas na operação, a intenção da Mitsubishi é, no futuro, adquirir o controle da empresa paranaense. De acordo com essas mesmas fontes, é uma oportunidade que a multinacional japonesa tem para ampliar sua atuação no mercado latino-americano de fertilizantes, no qual ainda tem presença tímida.

Fundada em 1994, a Peninsula surgiu como uma “startup” prestadora de serviços às cooperativas paranaenses. Em 2012, lembra Michels, os sócios fundadores da companhia familiar profissionalizaram a gestão, deixaram o comando executivo e foram para o conselho de administração. No ano passado, a Peninsula Fertilizantes movimentou 420 mil toneladas de adubos. A previsão para este ano é alcançar 850 mil toneladas, já somadas 250 mil toneladas da Peninsula Norte – que, no ano passado, comercializou 180 mil. Com a expansão para o Paraguai, portanto, a comercialização deverá chegar a 1 milhão de toneladas em 2015, estima Michels.

Valor Econômico, 04/11/2014

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