Produção

Revolução na produção de fertilizantes e descarbonização com a amônia verde

A amônia verde é uma peça fundamental na estratégia de descarbonização das plantas de fabricação e da produção de alimentos. Cíntia Neves, Líder de Agronomia e Sustentabilidade da Yara Fertilizantes, destaca que a amônia é a base para todos os fertilizantes nitrogenados, que possuem uma alta pegada de carbono, representando entre 30 e 40% da pegada de carbono dos alimentos. Isso ocorre porque a produção de amônia tradicional depende do gás natural, um combustível fóssil, como fonte de energia para sintetizar o Nitrogênio atmosférico.

Com a amônia verde, essa dependência de combustíveis fósseis é substituída por fontes renováveis, como energia solar e eólica, além do biometano obtido a partir do biogás. “Isso nos permite reduzir entre 80 e 90% da pegada de carbono do fertilizante, impactando positivamente na redução da pegada de carbono do produto final”, explica Cíntia. Além disso, a combinação da melhor tecnologia disponível no mercado com o manejo 4C (fonte, dose, local e época corretas) aumenta a produtividade e torna a produção mais eficiente, contribuindo para a descarbonização da cadeia produtiva de alimentos e a redução das emissões de gases de efeito estufa.

A amônia verde também desempenha um papel importante na descarbonização de indústrias intensivas em energia, como a de transporte marítimo. Segundo Cíntia Neves, a amônia é composta por três hidrogênios e um nitrogênio (NH3), podendo armazenar e transportar energia, tornando-se um veículo para o hidrogênio verde. “O hidrogênio verde vai substituir o combustível fóssil do transporte marítimo por um combustível renovável”, afirma. Existem áreas específicas dedicadas à amônia verde, focadas em aplicações não agrícolas, incluindo o transporte marítimo, evidenciando seu potencial de reduzir as emissões de carbono nesse setor.

No Brasil, o uso de biometano na produção de amônia renovável está sendo implementado, utilizando resíduos da indústria sucroalcooleira para a extração de biogás, posteriormente purificado para se tornar biometano. Esse biometano substitui o gás natural nas fábricas, resultando em uma baixa pegada de carbono. “Esperamos que, ao final da implementação dessa iniciativa, tenhamos uma pegada de carbono muito similar à amônia verde”, comenta Cíntia. Além disso, a instalação de catalisadores que reduzem as emissões de óxido nitroso na produção de fertilizantes soma-se aos esforços para descarbonizar a produção agrícola.

A produção de amônia verde ainda está em estágio inicial, mas espera-se um crescimento significativo em 2024. Com uma matriz elétrica cerca de 80% renovável, o Brasil está em uma posição favorável para se beneficiar dessa tecnologia. Para os produtores rurais, o uso de fertilizantes com produção limpa e a redução das emissões de carbono em outras etapas da produção agrícola podem proporcionar acesso a novos mercados que exigem produtos com baixo impacto ambiental.

Agrolink, 31/07/2024.

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