Produção

Vale busca sócio minoritário para carvão

A Vale anunciou ontem que pretende se desfazer de fatias minoritárias em projetos de carvão em Moçambique e na Austrália. A mineradora também tem planos de vender cerca de metade da participação que detém no corredor Nacala, infraestrutura logística da operação moçambicana formada por ferrovia e porto. Nacala é um elo importante para o escoamento da produção de carvão de Moatize, na província de Tete. A companhia sinalizou ainda que vai buscar parcerias para seus projetos na área de fertilizantes. As informações foram anunciadas pelos principais executivos da empresa que participaram, em Londres, do “Vale Day”.

O presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse que parcerias no corredor Nacala poderão reduzir a obrigação de aportes da Vale em uma operação que não será exclusivamente feita para o “core business” [o carvão] da companhia. Ferreira afirmou que o objetivo da companhia é reduzir a participação dos atuais 70% para 35% mais um voto. Esse modelo vai garantir a Vale como maior acionista individual, uma vez que o governo moçambicano, dono de 30% do negócio com investidores locais, determinou que a ferrovia que está em construção será usada para transportar carga geral e não apenas o carvão de Moatize até o terminal marítimo de Nacala-à-Velha.

Nos projetos de carvão em Moçambique e na Austrália, o objetivo da mineradora é vender uma participação entre 15% e 25%, embora Ferreira considere a possibilidade de elevar essa fatia, a depender do projeto apresentado por eventuais interessados.

O diretor-executivo de carvão e fertilizantes da Vale, Roger Downey, afirmou que já há interessados nas fatias dos ativos de carvão em Moçambique e na Austrália. Downey disse que não poderia citar os interessados devido a acordos de confidencialidade. “Temos sim o interesse de compradores e usuários de carvão de alguns países”, disse. A decisão da Vale ocorre em momento em que a indústria de carvão passa por dificuldades em função dos preços de mercado. Parte dos produtores australianos de carvão metalúrgico vêm perdendo dinheiro este ano.

O plano de investimentos da companhia prevê que a expansão da mina de Moatize fique pronta no segundo semestre de 2015 a um custo total de US$ 2,068 bilhões, enquanto o corredor Nacala estará pronto para operar no segundo semestre do ano que vem, a um custo de US$ 4,4 bilhões, o que significa um investimento total de US$ 6,512 bilhões na mina e na infraestrutura de escoamento do carvão produzido no país africano. Com isso, a capacidade de produção no local poderá dobrar, de 11 milhões para 22 milhões de toneladas por ano, entre Moatize I e II.

Na área de fertilizantes, há possibilidades de sociedade ou joint venture. A Vale produz potássio no projeto Taquari-Vassouras em Sergipe e tem outro empreendimento nos planos, batizado de Carnalita, com capacidade de produzir 1,2 milhão de toneladas por ano, mas que ainda não foi aprovado pelo conselho de administração. No Peru, a mineradora opera Bayóvar, que produz fosfato e tem projeto para expandir a capacidade de produção para 5,8 milhões de toneladas anuais. Há ainda o projeto de potássio de Kronau, no Canadá, em fase mais incipiente.

No minério de ferro, a expectativa da companhia é de que seja uma “questão de tempo” a produção em Carajás atingir 300 milhões de toneladas anuais depois que os projetos em andamento estiverem prontos para elevar a capacidade no Pará para 230 milhões de toneladas por ano, o que está previsto para acontecer entre 2016 e 2018. Essa elevação para 230 milhões de toneladas será possível com a nova planta de processamento de Serra Leste e o projeto S11D. “De forma geral, acreditamos que Carajás atingirá 300 milhões de toneladas [de minério de ferro], depois desses 230 milhões de toneladas que já aprovamos. É uma questão de tempo”, disse o diretor-executivo de ferrosos e estratégia da Vale, José Carlos Martins. “Temos muita experiência nessa área e estamos agora levando essa experiência ao limite, porque acreditamos que a região Norte pode entregar muito valor, se estivermos aptos a lidar corretamente com os pontos com os quais estamos nos deparando agora.”

Valor Econômico, 06/12/2013

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo