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Governo quer produzir alga exótica no mar do Nordeste para substituir potássio como fertilizante

Uma das alternativas para reduzir a dependência do Brasil na importação de fertilizantes passa pela criação de algas exóticas em áreas do litoral do Nordeste. O biofertilizante feito a partir dessas plantas já é utilizado por alguns produtores rurais e teria potencial de ser expandido com a criação de “fazendas marinhas”. Especialistas no setor, porém, alertam para o risco dessas algas, que têm origem nas Filipinas, se espalharem e comprometerem regiões de recifes e espécies de peixes.

Por meio de um tipo de rede de contenção, mudas dessas macroalgas são amarradas e permanecem boiando na água, onde se reproduzem rapidamente, chegando a ter seu tamanho ampliado em até 10% a cada dia. O secretário da Pesca, Jorge Seif Júnior, afirma que as macroalgas usadas como fertilizantes (espécie conhecida pelo nome científico Kappaphycus alvarezii) já são produzidas há anos em determinadas regiões do litoral de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. O potencial na Região Nordeste, porém, seria muito maior, por causa da maior incidência de luz e calor, além da salinidade superior nesta região.

Para especialistas em flora e fauna marinhas, a reprodução de algas de outros países exige profunda cautela, sob riscos dessas espécies não nativas se transformarem em uma ameaça às espécies locais. Estudos técnicos internacionais apontam que o tipo de alga que o governo brasileiro pretende cultivar no Nordeste já causou problemas de invasão em países como Índia, Venezuela e Tanzânia, na África Oriental.
O especialista Paulo Horta, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), afirma que o cultivo da espécie exótica no Estado não apresentou problemas, porque a alga originária das Filipinas não tem grande resistência à baixa salinidade e à temperatura da região. No Nordeste, porém, diz Horta, a situação seria outra.

Infomoney, 18/03/2022
Fonte da Imagem: Unsplash

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