Conflito entre Rússia e Ucrânia: Análise do mercado de fertilizantes – GlobalFert
Na última quinta-feira (24/02) a Rússia deu início a invasão à Ucrânia. Diante desde novo cenário, abre-se a possibilidade na mudança na precificação de diversas matérias-primas.
Os preços do gás natural alemão já apresentam alta de quase 52%, visto que a Rússia é a principal fornecedora de gás para a Europa, representando 40% do gás consumido pelo continente. Desta forma toda a precificação da energia elétrica será impactada, o que deverá aumentar os custos industriais. Além disso, há um impacto direto no custo dos fertilizantes em que o gás faz parte do processo produtivo, como os nitrogenados e fosfatados.
Cerca de 23,2% do fertilizante importado pelo Brasil é de origem russa, sendo este país responsável aproximadamente 100% do Nitrato de Amônio que chega no mercado nacional.
Em âmbito global, a Rússia é considerada a segunda maior produtora de nitrogenados e potássicos, além de ser a quarta maior produtora de fosfatados. Dessa forma, a disponibilidade principalmente do Nitrato de Amônio – que já vinha sendo afetada pelos bloqueios de exportação russos – e do Cloreto de Potássio, devem ser altamente impactadas.
Para os micronutrientes, a Rússia é o 9º maior produtor mundial de cobre, molibdênio e zinco, tendo grande destaque na produção de cobalto, sendo o 2º produtor deste minério.
Diversos países da OTAN já sancionaram a Rússia, como foi o caso da Alemanha que anunciou a interrupção do processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, que levaria gás natural da Rússia diretamente para a Alemanha, que quando concluído, aumentaria a oferta disponível para toda a Europa. O Reino Unido anunciou sanções contra cinco bancos russos e três bilionários russos. Outros países, como os EUA, também já anunciaram suas sanções, bloqueando diversos bancos e limitando a capacidade da Rússia de fazer negócios internacionais em dólares. Tais sanções econômicas podem dificultar o comércio internacional envolvendo a Rússia, tendo a possibilidade de encarecer ou até mesmo impossibilitar o envio de alguns produtos, como o gás natural.
“Caso a Rússia interrompa o fluxo dos gasodutos de gás natural, abre-se a possibilidade de a Europa sofrer com a alta nos preços da energia elétrica e diversos fertilizantes. Uma escapatória seria utilizar gás natural do Catar, porém, o país conta com apenas 10%-15% de produto disponível para suprir a demanda europeia”. – Disse Luiz Tofolo – Analista do Globalfert.
“Outra opção seria importar gás natural dos EUA, porém, a disponibilidade atual não seria suficiente para atender todo o mercado europeu, tendo capacidade de atender 60% do atual consumo. Investimentos já estão sendo realizados e é esperado um aumento de 20% na produção americana até o fim do ano”, completou o analista.
Globalfert, 25/02/2022