Colunistas

Hinove – Tendências do Mercado de Fertilizantes 2022

Ricardo Curione, Diretor da HINOVE Agrociência

Diante de inúmeros fatores que poderão influenciar no aumento dos preços dos fertilizantes no mercado internacional para o ano de 2022, estes já citados nas publicações anteriores, podemos perceber que o cenário brasileiro não conseguirá escapar desta alta e motivado por inúmeras variáveis, torna-se difícil de mensurar até quando veremos o aumento dos preços. Com isso, trataremos sobre duas questões que o mercado tem buscado responder, como “até quando teremos altas nos preços dos fertilizantes?” e “teremos fertilizantes suficiente para atender a demanda?”.

Ao pensar sobre a disponibilidade de fertilizantes, podemos analisar o anúncio da Rússia, no início de novembro, em que foi comunicado que os embarques de fertilizantes nitrogenados e fosfatados terão volumes limitados a partir de dezembro deste ano. Esta medida valerá por pelo menos seis meses e terá como objetivo, segundo o governo russo, assegurar a oferta no mercado interno. O Egito também se posicionou com a redução dos embarques de fertilizantes nitrogenados, principalmente a Ureia. Desta forma, somando-se estes 2 tópicos acima com os problemas relacionados nas nossas publicações anteriores sobre China, EUA, Europa e Bielorrússia, principalmente, podemos perceber que existe a possibilidade de sentirmos falta de fertilizantes para as próximas safras no Brasil.

Falando do mercado nacional, um ponto que foi publicado recentemente e que deve ficar no radar do nosso segmento agropecuário é que a partir de janeiro de 2022, haverá cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os fertilizantes. A decisão foi tomada em março/21, quando regras do Convênio-100 foram atualizadas e o benefício fiscal foi extinto. O insumo passará a ser tributado com aumento gradual das alíquotas do ICMS

Hoje, o produtor rural que compra fertilizantes de dentro do Estado é isento. A partir de janeiro, haverá cobrança de 1%, seja ele interestadual ou doméstico. Em 2023, vai subir para 2%, em 2024, para 3% e em 2025, para 4%. O produtor que quiser antecipar sua compra para fugir da mudança tributária a partir de janeiro, é importante que ele faça a compra e o recebimento ainda neste ano fiscal, porque o ICMS incide sobre a circulação de mercadoria. Se ele comprar hoje e a mercadoria for entregue no ano que vem, haverá a incidência tributária.

Os preços dos Fertilizantes: Tendências

Conforme apresentado acima podemos concluir que o cenário para a precificação dos fertilizantes continua altista.

Nitrogenados: Podemos dizer que é o principal ponto de atenção para nossa agricultura neste momento. Alguns fatores que contribuem fortemente e confirmam as tendencias altistas para esta matéria-prima, como a decisão da Rússia, que por meio do primeiro-ministro Mikhail Mishustin, anunciou que o país decidiu limitar as exportações depois que o presidente Vladimir Putin pediu medidas para garantir o abastecimento dos agricultores locais. Para evitar uma escassez de fertilizantes, reflexo da alta de preços do gás natural e, portanto, um aumento de preços dos alimentos, o governo russo temporariamente restringirá a exportação de fertilizantes nitrogenados e complexos à base de nitrogênio. Outro ponto de grande importância para os nitrogenados foi o aumento no custo para produzir uma tonelada de amônia, que passou de U$ 110 para U$ 1.000. Além da possibilidade de o Egito também limitar as exportações de Ureia;

Os cenários apresentados são muito preocupantes para as próximas safras, pois abrem a possibilidade de faltar nitrogenados no Brasil. Para o ano de 2021 a previsão de importação de Ureia da Rússia e Egito deverá chegar a 30% de nossa demanda interna e do Nitrato 100% de origem russa. Ou seja, com as restrições de importação, o Brasil pode ser fortemente impactado no curto prazo.

Fosfatados:

Podem ser impactados com as restrições de exportação da Rússia recentemente divulgadas na mídia, que somadas com os embargos anteriores da China e alguns problemas de produção nos EUA, mantém uma tendência altista de preços.

Potássio: Para o caso do potássio, a Rússia não se posicionou até o momento se irá restringir a exportação deste fertilizante como fez no caso dos nitrogenados e fosfatados.

Principais Pontos de Atenção:

–  A possível falta de fertilizantes para as futuras safras; 

– A demurrage nos portos praticamente não teve alteração da nossa última publicação e continua alta: maioria dos portos em torno de 25 a 35 dias, ocasionando atraso na entrega das matérias-primas para as indústrias como produtoras e misturadoras;

–  A entrega atrasada dos fertilizantes aos produtores minimizou no último mês, mas ainda observamos problemas logísticos em algumas regiões produtoras; 

– Os preços dos micronutrientes estão acompanhando as altas dos macronutrientes e a tendência no curto e médio prazo é da continuidade de elevação nas cotações. Também observamos falta no mercado para alguns micronutrientes para entrega imediata;

–  A crise energética tornou a produção dos fertilizantes muito cara e o mundo está enfrentando a perspectiva de uma queda dramática na produção de alimentos à medida que o aumento dos preços da energia atinge a agricultura global;

–  As chuvas têm sido bem distribuídas até o momento nas diversas regiões de nosso país, indicando que teremos uma boa safra;

– Temos que parabenizar a todos os produtores e todos os segmentos envolvidos, que diante de tantas condições adversas que estamos vivenciando continuam acreditando em nossa pujante agropecuária que tem fundamental importância para nossa economia.

Preços da Ureia:

Ureia Granulada: Preço médio FOB com base na pesquisa das exportações do Golfo Árabe, Mar Báltico e Norte da África, principais origens para o Brasil.

Preços do MAP:

MAP: Preço médio FOB com base na pesquisa das exportações dos EUA, Marrocos e Arábia Saudita, principais origens para o Brasil.

Preços do KCL:

KCL: Preço médio FOB com base na pesquisa das exportações do Canadá e Mar Báltico, principais origens para o Brasil.

Relação de Troca das principais culturas: soja / milho / café / açúcar

Relação de Troca da Soja:

Relação de Troca do Milho:

Relação de Troca do Café:

Relação de Troca do Açúcar:

Ricardo Curione, Diretor da HINOVE Agrociência

Artigos relacionados

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo