Entrega de fertilizantes pode ser comprometida por gargalo logístico
Às vésperas do plantio da safra nova, produtores rurais estão enfrentando atrasos no recebimento de fertilizantes. Produto não falta, mas os volumes estão nos portos e armazéns. E a parte de agricultores que demorou mais para comprar o insumo pode não receber no momento mais adequado. A avaliação é do diretor de B2B da ICL, Victor Scotton.
“Já está havendo uma negativa para puxar o fertilizante de imediato. O medo de faltar fertilizante, não tem. A questão é interna, de logística just in time”, afirmou, em entrevista à Globo Rural, durante o Congresso Brasileiro de Fertilizantes, em São Paulo.
O executivo explicou que o estoque médio de adubo no mercado brasileiro é de cerca de 7 milhões de toneladas. No atual momento, no entanto, estimativas apontam para volumes entre 12 e 15 milhões.
Ele pontuou que, enquanto sofria sanções de outros países, por causa da guerra contra a Ucrânia, a Rússia encontrou o Brasil uma saída e “ajudou” a elevar só volumes de adubo no mercado brasileiro. A situação ficou “confortável” e mais segura para o agricultor comprar. Mas tirar esse volume dos portos e armazéns está difícil.
“Toda a logística está estrangulada. Tanto é que a gente tem atraso em carregamento. Vai apertar o valor do frete. Todo mundo vai querer carregar ao mesmo temo e vamos ter um pico de estresse”, explicou.
Na visão de Scotton, o produtor que esperou mais tempo para fechar as compras, esperando por uma queda no preço do insumo, pode ser o mais prejudicado pelo gargalo na logística. O diretor da ICL destacou que deixar de aplicar um produto no momento certo da janela de plantio pode afetar a produtividade.
“É o estresse logístico. O produtor que esperava receber o adubo nesta semana pode receber daqui um mês. Quem esperou demais está recebendo negativa de carregamento. Não é porque não tem produto, mas porque não tem capacidade de expedição de todo esse adubo que temos no país”, alerta.
Diante do cenário, disse ele, há a expectativa de algum repique de preços pelo menos até o mês de setembro. Além do custo logístico maior, empresas com produto para vender no mercado disponível devem pedir valores mais altos.
Globo Rural, 30/08/2023.