Logística

Gargalos logísticos fazem custo com transporte de fertilizantes subir 21%

Essa foi a alta entre 2010 e 2022, reflexo do maior uso do modal rodoviário para levar os insumos importados às regiões agrícolas, mostra estudo da EsalqLog.

Um dos maiores produtores mundiais de alimentos, o Brasil é também cada vez mais dependente da importação de fertilizantes e encontra entraves logísticos para suprir suas necessidades, o que eleva seus custos de produção.

Um estudo do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (EsalqLog/USP) mostra que em 2010, 60% da demanda nacional de fertilizantes era atendida pelo mercado internacional. Em 2022, esse número passou para mais de 80%.

O estudo intitulado “Perfil da logística de fertilizantes no Brasil no período 2010 a 2022” mostra que nesse período os custos para compra do insumo ficaram mais elevados devido ao maior uso do modal rodoviário (86%) em detrimento do ferroviário (13,6%) no mercado interno. Conforme a EsalqLog, que acompanha 16 rotas no país, o preço médio para transporte do insumo cresceu 21% nesses 12 anos, em série deflacionada.

A movimentação de fertilizantes via ferrovias no país de 2010 a 2022 aumentou 23%, atingindo 6 milhões de toneladas. Mas esse avanço não significou redução na dependência do transporte rodoviário, pois a demanda por fertilizantes cresceu mais de 80% no mesmo período. Em 2010, 32% dos fertilizantes importados eram transportados pelo modal ferroviário, número que caiu para 16% em 2022.

“O Brasil aumentou o volume transportado na ferrovia ao longo dos últimos anos, consolidando novos corredores. Entretanto, o consumo de fertilizantes aumentou mais do que o volume nas ferrovias, não gerando uma diversificação da matriz de transporte. Pelo contrário, a participação dos caminhões aumentou”, ressalta Thiago Guilherme Péra, coordenador da EsalqLog.

A distância média de transporte de fertilizantes no país é de 800 quilômetros. “Consequentemente, aumentos significativos nos preços dos combustíveis impactam fortemente a estrutura de custos do transporte por caminhão”, diz Péra, que conduziu o estudo com Dr. José Vicente Caixeta Filho, professor visitante da Universidade de Illinois Urbana-Champaign e ex-coordenador da EsalqLog.

O preço do frete rodoviário para fertilizantes é bastante sazonal. Normalmente, os picos ocorrem nos períodos de maior importação, entre setembro e outubro, enquanto as quedas acontecem entre fevereiro e abril, época de significativa exportação de grãos.

Segundo o estudo, em 2010, o Brasil importou cerca de 15 milhões de toneladas de fertilizantes e a indústria nacional produziu 9 milhões de toneladas, perfazendo uma oferta de 24 milhões de toneladas e uma dependência de 62% de importações. A partir de 2019, o país aumentou a sua dependência das importações, ultrapassando os 80%, até atingir um pico em 2021, com 86% do total consumido.

Esse quadro é explicado pelo fechamento de algumas fábricas e pelo aumento da produção de grãos, que passou de 150 milhões para mais de 320 milhões de toneladas no período.

GloboRural, 23/01/2023.

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