Produção

Com Vale Cubatão, Yara eleva em 50% a capacidade de produção de fertilizantes no Brasil

Com a compra dos ativos da Vale Cubatão Fertilizantes, a produção da Yara Brasil deve crescer de 2 milhões para 3 milhões de toneladas de adubos, o que aumenta a relevância da operação local para os negócios globais da empresa. “A compra da Vale Cubatão Fertilizantes eleva em 50% a capacidade de produção de fertilizantes da empresa no Brasil. Os 3 milhões de toneladas produzidos no País representam aproximadamente 10% da produção global da Yara”, disse na sexta-feira (17/11), durante teleconferência o presidente da Yara Brasil, Lair Hanzen.

O executivo reforçou que a operação está sujeita à aprovação de órgãos regulatórios do Brasil, mas que a expectativa é de que a compra seja concluída no segundo semestre de 2018. A negociação foi fechada por US$ 255 milhões e inclui o complexo de nitrogênio e fosfatos com uma capacidade de produção anual de aproximadamente 200 mil toneladas de amônia, 600 mil toneladas de nitratos (divididos entre o segmento de fertilizantes e industrial) e 980 mil toneladas de fertilizantes fosfatados.

De acordo com a Yara, em 2016 o complexo de Cubatão comercializou aproximadamente 1,3 milhão de toneladas de nitrogênio e produtos fosfatados, gerando uma receita líquida de US$ 413 milhões e um Ebitda de US$ 30 milhões. Hanzen informou que os US$ 25 milhões previstos em sinergias devem ser obtidos por meio de otimização de algumas plantas que estão produzindo “um pouco abaixo” de seu potencial estimado.

A empresa também pode obter ganhos promovendo eventualmente mudanças em seu portfólio de produtos. “O investimento que queremos fazer nas unidades também está relacionado a isso (à busca de sinergias)”, disse Hanzen, em referência à previsão de investimentos de US$ 80 milhões até 2020 relacionados à operação. Estes recursos, esclareceu Hanzen, não serão destinados à expansão das unidades de fertilizantes da Vale em Cubatão.

“O investimento de US$ 80 milhões vai para melhorias nas fábricas, automação, busca de maior produtividade e segurança. Houve um incêndio um tempo atrás em uma das unidades, então devemos fazer a reconstrução de um desses depósitos”, explicou.

Estreia em nitrogenados

A aquisição da Vale Cubatão Fertilizantes marca a entrada da Yara Brasil no produção local de nitrogenados, destacou na sexta-feira (17/11), o presidente da Yara Brasil, Lair Hanzen, durante teleconferência. “É o primeiro investimento da Yara nestes produtos no País”, afirmou. “A Yara tem presença global muito forte em produtos industriais produzidos à base de nitrogênio, como amônia, ácido nítrico e nitrato de amônia para a área de mineração, uma área na qual não estávamos presentes no Brasil”, disse Hanzen.

Para o setor agrícola, a Yara Brasil poderá começar a oferecer nitrato de amônia produzido localmente, especialmente para o setor sucroalcooleiro. “Estamos em um dos maiores mercados consumidores (de fertilizantes nitrogenados), pela produção de cana-de-açúcar. Então essa produção traz oportunidades para a empresa suprir sua rede de distribuição e a rede atual (de outras empresas) que já se abastece do produto de Cubatão”, afirmou Hanzen.

O executivo comentou que a aquisição não encerra as compras de ativos de produção de fertilizantes por parte da empresa. “Continuamos interessados em oportunidades no Brasil e no mundo, apesar de neste momento estarmos com as mãos bastante cheias, dados os investimentos no Brasil em anos recentes”, declarou.

Questionado sobre quais ativos poderiam interessar à empresa, Hanzen afirmou que os investimentos na produção de fertilizantes fosfatados já estão sendo feitos por meio da Galvani, adquirida em 2014 e novos projetos desenvolvidos após a compra da empresa. Já unidades produtoras de produtos e adubos nitrogenados continuam interessando à companhia.

“A Yara está sempre olhando (para ativos de nitrogenados) no mundo. Hoje o mercado tem boas oportunidades. Olhamos oportunidades localmente também, mas considerando que estamos com um portfólio bastante grande no Brasil”, disse o executivo. Hanzen comentou, ainda, que ativos de fertilizantes da Petrobras que fazem parte do plano de desinvestimentos da estatal “podem interessar a qualquer empresa que queira investir em nitrogênio no Brasil”.

“Mas o fato de olharmos para estes ativos não significa que possam nos interessar. Hoje existe um contexto global que precisa ser levado em conta, que é todo o aporte de investimentos da Yara feito no Brasil”.

Hanzen disse também acreditar que a compra da Vale Cubatão Fertilizantes não deve enfrentar resistência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em virtude de o Brasil produzir somente 25% dos fertilizantes consumidos no País, não influenciando a formação local dos preços de adubos.

“Em função de o Brasil ser tomador de preços e não formador, por sua baixa produção, essa aquisição não afeta a dinâmica de preços no País, que depende totalmente do mercado internacional”, disse. A compra, segundo Hanzen, também não amplia a participação da Yara Brasil no segmento brasileiro de distribuição de fertilizantes brasileiro, do qual ela deve continuar detendo em torno de 25%.

 

Revista Globo Rural, 20/11/2017

 

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