Produção

Projeto da Aguia Resources é alvo de manifestações no RS

O projeto de fosfato Três Estradas, da Águia Fertilizantes, subsidiária da australiana Aguia Resources no Brasil, convive com um impasse junto a produtores rurais e moradores da região de Lavras do Sul (RS) por seu possível impacto ambiental. Também no Rio Grande do Sul, projeto polimetálico da Votorantim Metais recebe parecer contrário à sua implantação.

O empreendimento foi anunciado pela mineradora em 2015 e pode ser implementado ainda neste ano. “Estamos preocupados com os impactos ambientais que essa exploração trará. Isso poderá trazer prejuízos para toda a produção primária daquela região que tem sua base em pecuária e agricultura. Isso implicará em riscos para Bagé, Dom Pedrito e Lavras do Sul em relação ao seu futuro, enquanto que a vida útil dessa mina é de 15 a 15 anos e meio”, afirma Édison Luis Berchon de Oliveira, que integra o Grupo de Preservação do Ecossistema de João Câncio – 2° distrito de Lavras do Sul.

Outros questionamentos do grupo são a falta de informações prestadas pela empresa, principalmente sobre como ficará a área explorada pelo empreendimento e quais as ações preventivas de segurança para coibir riscos ao meio ambiente.

“Eles, recentemente, trancaram o Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) e essas informações não são repassadas às pessoas. Isso possibilita que se tenha a ideia errônea de que essa obra permitirá o desenvolvimento da cidade, porém, observamos que eles irão perfurar os solos de Joca Tavares, em Bagé, Cerro Preto, em Dom Pedrito, e isso poderá trazer um impacto ambiental para o bioma Pampa”, declara Oliveira. Moradores também alegam que a mineradora teria feito perfurações em uma área sem autorização prévia dos produtores rurais.

O gerente de Geologia da Águia Fertilizantes, Alfredo Rosseto Nunes, nega que o empreendimento poderá causar riscos ao meio ambiente e à população da região. Ele afirma que o projeto é para a produção de fertilizante e corretivo agrícola, duas substâncias que estão presentes nos solos do Rio Grande do Sul e em todo o Brasil.

“Não há geração de resíduos perigosos. Isso será demonstrado ao longo do processo de licenciamento ambiental junto às autoridades ambientais competentes”, diz Nunes. No início do ano, a empresa solicitou à Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (Fepam) a paralisação em seu Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), após ter sido protocolado junto à instituição gaúcha em outubro do ano passado. A justificativa para o pedido de paralisação, segundo Nunes, é de que a empresa optou por otimizar o empreendimento.

“Sendo assim, faz-se necessário revisar e atualizar o EIA/Rima junto ao órgão licenciador. Tão logo a consultoria responsável conclua a revisão, ele será reapresentado à Fepam”, afirma o gerente que destaca que, atualmente, a empresa realiza diversos estudos detalhados de engenharia que estão programados para serem concluídos no primeiro trimestre de 2018.

Em paralelo, a Águia desenvolve o processo de licenciamento ambiental junto ao Estado para que a empresa obtenha a Licença Prévia (LP). “Hoje, o foco principal da empresa é o projeto Três Estradas, que visa à exploração de fosfato. A partir do seu beneficiamento, iremos produzir um concentrado de rocha fosfática, que é popularmente conhecido no mercado como phosrock. Ele é a matéria-prima básica na fabricação de fertilizantes fosfatados que são largamente empregados na agricultura em todo o Rio Grande do Sul. Paralelamente, iremos produzir, também, um calcário agrícola de excelente qualidade, que é utilizado na calagem de solos”, afirma Nunes.

Segundo o gerente de Geologia da Águia, o período de exploração mínimo do projeto em Lavras do Sul não é mais 15 anos e meio como divulgado no ano passado, mas de 22 anos. “É um pouco mais do que tínhamos previsto quando do protocolo do EIA/Rima”, diz.

Caçapava do Sul

O projeto da Votorantim Metais Caçapava do Sul, que prevê a lavra de zinco, cobre e chumbo no distrito de Minas do Camaquã, foi rejeitado na sexta-feira (31) pelos membros do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Camaquã. De acordo com a imprensa local, uma votação no decorrer do encontro extraiu a posição dos participantes que foi unânime contra o empreendimento.

“Além do risco ambiental tem a questão de extração do chumbo e demais elementos altamente prejudiciais a saúde humana, acumulativos pelo organismo. Outra coisa é a nossa economia das regiões da bacia. Somos caracterizados pela produção de alimentos e essa atividade contaminaria a água e o solo sem previsões de dimensão”, afirmou Veridiana Rodel, Secretária Municipal do Meio Ambiente de Tapes (RS) e integrante do Comitê Camaquã. Com informações da imprensa local.

 

Notícias de Mineração, 04/04/2017

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