Culturas

Quase 80% da produção agrícola brasileira é fertilizada por estrangeiros

Segundo maior produtor de grãos do planeta, o Brasil vive um dilema. Com uma produção de 218 milhões de grãos no ano passado, e projeção para 221 neste ano, segundo o índice Expedição Safra, por que 76% dos fertilizantes utilizados nas lavouras ainda precisam ser importados?

Presidente da Brandt no Brasil, uma das maiores empresas de fertilizantes foliares do mundo, Wladimir Chagas destaca alguns motivos: “Normalmente a dificuldade é em relação a licenças ambientais. Também existe a concentração do segmento de jazidas (de cloreto de potássio) pela Vale. Já a Petrobrás concentra os nitrogenados. Com isso nas mãos de poucas empresas e o mercado com o dólar preso, acaba compensando a importação”.

A tendência, explica o especialista, é que a dependência continue crescendo: “A expectativa para a safra 18/19, em nossa visão, é de crescimento de 5%. Por isso, a tendência é que continue importando”. A avaliação segue em linha com dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda): o ano de 2017 encerrou com queda na produção nacional de fertilizantes (-9,5%) e aumento das importações (+7,5%) e do consumo no Brasil (+1%). 

No cenário internacional, restrições ambientais quanto ao uso de carvão em usinas chinesas, além da forte demanda local, devem manter restrita a oferta de fertilizantes à base de nitrogênio, demandados especialmente pelos cultivos de milho. Com isso, o produtor fica exposto aos preços internacionais. 

Em meio a esse cenário, aumentar a produtividade da lavoura é uma alternativa para melhorar a rentabilidade e o agricultor se capitalizar. 

Divulgação/Brandt Unidade fabril da Brandt, em Olímpia (SP). Na avaliação do presidente da empresa, uma parte menor do custo, de 2% a 5%, seria para lançar mão dos chamados fertilizantes especiais e tratamentos com micronutrientes. “O ganho de quem utiliza esse recurso é de três a dez sacas por hectare”, afirma o executivo, referindo-se às lavouras de soja. 

Ele explica que, além de colaborar com a saúde da planta, o uso foliar facilita a absorção de defensivos agrícolas, como herbicidas. Segundo Chagas, diferente dos fertilizantes comuns, os foliares são em sua maioria produzidos localmente. “Cerca de 90% do que é vendido no mercado nacional é fabricado no Brasil e 10% são importados. Esse mercado vem crescendo de 20 a 30% ao ano”, destaca. 

 

 

Gazeta do Povo, 23/03/2018

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